Apenas 16% das propriedades utilizam tecnologia básica de medição; falta de gestão pode levar à concentração do setor e ao fim de pequenas fazendas.
Um estudo citado pelo especialista João Teles trouxe um alerta que preocupa o agronegócio: metade das fazendas de pecuária no Brasil pode deixar de existir nos próximos 20 anos. O motivo é a baixa adoção de tecnologia e gestão de dados, o que compromete a competitividade em um mercado global cada vez mais exigente.
Hoje, apenas 16% das propriedades pecuárias usam troncos e balanças para medir peso, produtividade e rentabilidade dos animais. Isso significa que a maioria dos pecuaristas ainda trabalha de forma intuitiva, sem informações precisas para calcular custos ou planejar investimentos, colocando em risco sua sobrevivência no setor.
A pecuária que não mede, não cresce
Segundo o estudo, a ausência de controle é o principal gargalo das fazendas de pecuária no Brasil. Sem medir indicadores básicos, como ganho de peso por animal e produtividade por hectare, muitos produtores desconhecem sua real margem de lucro.
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A comparação com a agricultura é reveladora: enquanto agricultores sabem até o consumo de diesel por litro e a produtividade exata por área, grande parte dos pecuaristas ainda conduz a atividade sem métricas sólidas. Essa diferença explica por que a agricultura avançou rapidamente em eficiência, enquanto a pecuária permanece estagnada em muitos casos.
A ameaça da concentração de mercado
O levantamento aponta que apenas cerca de 15% das fazendas dominam o mercado, obtendo resultados consistentes e garantindo competitividade internacional. A tendência, caso o cenário não mude, é de concentração: grandes grupos avançam, enquanto pequenas e médias propriedades ficam para trás.
Esse movimento pode causar um impacto social e econômico significativo, já que a pecuária é uma das principais atividades de pequenos produtores em regiões como Centro-Oeste e Norte do país. Sem adaptação, a sobrevivência dessas famílias no setor torna-se cada vez mais difícil.
Especialistas defendem que a saída passa por adoção de tecnologias acessíveis — como balanças, softwares de gestão e monitoramento nutricional — e por enxergar a pecuária como um negócio de alta gestão. Além disso, é fundamental investir em capacitação de mão de obra e ampliar políticas de incentivo que facilitem o acesso a crédito e inovação.
Segundo João Teles, “a pecuária que não mede, não sobrevive”. O setor precisará acelerar a modernização para evitar o desaparecimento de milhares de fazendas nos próximos 20 anos.
E você, acredita que pequenas fazendas conseguirão adotar tecnologia a tempo ou o setor ficará concentrado nas mãos de poucos grandes grupos? Deixe sua opinião nos comentários.
O custo da tecnologia custa muito caro muitas vezes inviabiliza para o pequeno produtor.