Tecnologia criada por engenheiros chineses reduz em até 96% o estrondo de túneis, principal obstáculo dos trens maglev de 600 km/h
Pesquisadores ferroviários chineses dizem ter resolvido um dos maiores obstáculos para a operação comercial de trens de levitação magnética em alta velocidade: o estrondo causado ao sair de túneis.
O ruído, comparado a um trovão, surge por conta de uma explosão de pressão que incomoda moradores, animais e operadores que vivem próximos às linhas.
A solução envolve a instalação de um buffer de absorção sonora de 100 metros na entrada do túnel. Esse sistema, segundo testes de laboratório e de campo, reduz em até 96% as flutuações de pressão causadas pela passagem do trem a 600 km/h.
-
Algo misterioso matou mais de 5 bilhões de estrelas-do-mar — após dez anos, sabemos o causador
-
Nova tecnologia militar da China imita folhas, reduz calor, bloqueia laser e engana sensores visuais
-
Lenovo Tab M11 com caneta, 128 GB de armazenamento e bateria de 7.040 mAh custa R$ 1.300 — e ainda rivaliza com tablets acima de R$ 3.500
-
Apple e Samsung vão fabricar chips inéditos nos EUA e movimentar mais de R$ 3 trilhões em tecnologia de imagem
O que causa o estrondo
Quando um trem de alta velocidade entra em um túnel, ele funciona como um pistão, empurrando o ar à sua frente.
Esse ar comprimido se choca com o ambiente externo ao sair, gerando um estouro. É esse efeito que os técnicos chamam de “estrondo de túnel”.
O mais importante é que o problema se agrava conforme a velocidade do trem aumenta. Em trens maglev a 600 km/h, o estrondo pode surgir em túneis de apenas 2 quilômetros.
Em comparação, trens convencionais a 350 km/h exigem túneis de 6 quilômetros para que o mesmo efeito ocorra.
Para contornar isso, engenheiros chineses desenvolveram um amortecedor feito com material leve e poroso.
Além disso, revestiram os primeiros trechos da parede do túnel com um material semelhante. Essa combinação permite que o ar escape antes que o trem chegue ao fim do túnel, funcionando de forma parecida com um silenciador de arma.
Testes indicam sucesso
Nos primeiros testes realizados, a pressão de pico caiu para níveis quase normais. Segundo os responsáveis pelo projeto, o sistema é simples, não encarece significativamente as obras e pode ser replicado facilmente.
Isso representa um avanço importante para tornar o maglev de 600 km/h viável em larga escala.
Enquanto trens tradicionais enfrentam limites físicos por conta do atrito entre rodas e trilhos, os trens de levitação magnética flutuam alguns milímetros sobre a guia, evitando esse contato.
Isso permite velocidades muito mais altas, desde que os problemas aerodinâmicos, como a compressão de ar nos túneis, sejam resolvidos.
Nova fase para os maglevs na China
A estrutura de alívio de pressão será usada no novo modelo da China Railway Rolling Stock Corporation, lançado em 2021.
O trem foi projetado para operar continuamente a 600 km/h, o que o torna o mais rápido do mundo em sua categoria.
Atualmente, a China tem apenas um trem maglev em operação. Ele liga o aeroporto de Xangai ao centro da cidade, usando tecnologia alemã Transrapid. Apesar de atingir 460 km/h, a linha cobre apenas 30 quilômetros.
Durante anos, o país priorizou a expansão de sua malha de trens-bala convencionais, hoje com 48 mil quilômetros.
No entanto, autoridades voltaram a apostar no maglev, acreditando que sua operação silenciosa e livre de rodas pode competir com voos domésticos em trajetos como o movimentado eixo Pequim-Xangai.
Vantagens em relação ao avião
Se a nova linha for construída, o trem maglev poderia percorrer o trajeto em cerca de 2,5 horas. O tempo é equivalente ao de uma viagem aérea completa, considerando deslocamento até o aeroporto, check-in, embarque e desembarque.
Além disso, a operação do maglev permitiria reduzir pela metade o custo das passagens aéreas e diminuir as emissões de carbono em até sete vezes. Isso também desafogaria aeroportos superlotados.
Apesar de nenhuma rota ter sido oficialmente aprovada, algumas províncias pressionam o governo central para receber a primeira linha comercial do maglev de 600 km/h.
Cenário internacional dividido
A China não é o único país que investe em trens de levitação magnética. O Japão trabalha no Chuo Shinkansen, um trem que pretende ligar Tóquio a Osaka a 505 km/h.
A viagem, hoje feita em 2,5 horas, cairia para apenas 67 minutos. No entanto, atrasos nas obras colocam em risco a estreia planejada para 2027.
A Coreia do Sul já opera dois serviços de maglev mais curtos. Nos Estados Unidos, por outro lado, o único projeto com apoio federal foi cancelado.
O secretário de Transportes, Sean Duffy, suspendeu os subsídios após quase dez anos de planejamento sem resultados, alta rejeição local e custos fora do controle.
Portanto, a solução chinesa para reduzir o estrondo de túneis pode se tornar um divisor de águas. Se os testes em larga escala confirmarem os resultados iniciais, o país estará mais próximo de lançar uma alternativa viável e limpa ao transporte aéreo de curta distância.
Com informações de Interesting Engineering.