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Estrondo parecido com trovão causado por trens maglev de 600 km/h ao sair de túneis incomoda — mas China apresenta solução eficaz

Publicado em 07/08/2025 às 18:24
Trens Maglev
Imagem: (Xinhua/Li Ziheng)
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Tecnologia criada por engenheiros chineses reduz em até 96% o estrondo de túneis, principal obstáculo dos trens maglev de 600 km/h

Pesquisadores ferroviários chineses dizem ter resolvido um dos maiores obstáculos para a operação comercial de trens de levitação magnética em alta velocidade: o estrondo causado ao sair de túneis.

O ruído, comparado a um trovão, surge por conta de uma explosão de pressão que incomoda moradores, animais e operadores que vivem próximos às linhas.

A solução envolve a instalação de um buffer de absorção sonora de 100 metros na entrada do túnel. Esse sistema, segundo testes de laboratório e de campo, reduz em até 96% as flutuações de pressão causadas pela passagem do trem a 600 km/h.

O que causa o estrondo

Quando um trem de alta velocidade entra em um túnel, ele funciona como um pistão, empurrando o ar à sua frente.

Esse ar comprimido se choca com o ambiente externo ao sair, gerando um estouro. É esse efeito que os técnicos chamam de “estrondo de túnel”.

O mais importante é que o problema se agrava conforme a velocidade do trem aumenta. Em trens maglev a 600 km/h, o estrondo pode surgir em túneis de apenas 2 quilômetros.

Em comparação, trens convencionais a 350 km/h exigem túneis de 6 quilômetros para que o mesmo efeito ocorra.

Para contornar isso, engenheiros chineses desenvolveram um amortecedor feito com material leve e poroso.

Além disso, revestiram os primeiros trechos da parede do túnel com um material semelhante. Essa combinação permite que o ar escape antes que o trem chegue ao fim do túnel, funcionando de forma parecida com um silenciador de arma.

Testes indicam sucesso

Nos primeiros testes realizados, a pressão de pico caiu para níveis quase normais. Segundo os responsáveis pelo projeto, o sistema é simples, não encarece significativamente as obras e pode ser replicado facilmente.

Isso representa um avanço importante para tornar o maglev de 600 km/h viável em larga escala.

Enquanto trens tradicionais enfrentam limites físicos por conta do atrito entre rodas e trilhos, os trens de levitação magnética flutuam alguns milímetros sobre a guia, evitando esse contato.

Isso permite velocidades muito mais altas, desde que os problemas aerodinâmicos, como a compressão de ar nos túneis, sejam resolvidos.

Nova fase para os maglevs na China

A estrutura de alívio de pressão será usada no novo modelo da China Railway Rolling Stock Corporation, lançado em 2021.

O trem foi projetado para operar continuamente a 600 km/h, o que o torna o mais rápido do mundo em sua categoria.

Atualmente, a China tem apenas um trem maglev em operação. Ele liga o aeroporto de Xangai ao centro da cidade, usando tecnologia alemã Transrapid. Apesar de atingir 460 km/h, a linha cobre apenas 30 quilômetros.

Durante anos, o país priorizou a expansão de sua malha de trens-bala convencionais, hoje com 48 mil quilômetros.

No entanto, autoridades voltaram a apostar no maglev, acreditando que sua operação silenciosa e livre de rodas pode competir com voos domésticos em trajetos como o movimentado eixo Pequim-Xangai.

Vantagens em relação ao avião

Se a nova linha for construída, o trem maglev poderia percorrer o trajeto em cerca de 2,5 horas. O tempo é equivalente ao de uma viagem aérea completa, considerando deslocamento até o aeroporto, check-in, embarque e desembarque.

Além disso, a operação do maglev permitiria reduzir pela metade o custo das passagens aéreas e diminuir as emissões de carbono em até sete vezes. Isso também desafogaria aeroportos superlotados.

Apesar de nenhuma rota ter sido oficialmente aprovada, algumas províncias pressionam o governo central para receber a primeira linha comercial do maglev de 600 km/h.

Cenário internacional dividido

A China não é o único país que investe em trens de levitação magnética. O Japão trabalha no Chuo Shinkansen, um trem que pretende ligar Tóquio a Osaka a 505 km/h.

A viagem, hoje feita em 2,5 horas, cairia para apenas 67 minutos. No entanto, atrasos nas obras colocam em risco a estreia planejada para 2027.

A Coreia do Sul já opera dois serviços de maglev mais curtos. Nos Estados Unidos, por outro lado, o único projeto com apoio federal foi cancelado.

O secretário de Transportes, Sean Duffy, suspendeu os subsídios após quase dez anos de planejamento sem resultados, alta rejeição local e custos fora do controle.

Portanto, a solução chinesa para reduzir o estrondo de túneis pode se tornar um divisor de águas. Se os testes em larga escala confirmarem os resultados iniciais, o país estará mais próximo de lançar uma alternativa viável e limpa ao transporte aéreo de curta distância.

Com informações de Interesting Engineering.

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Romário Pereira de Carvalho

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