Decisão histórica antecipada surpreende especialistas do setor
Arábia Saudita, Rússia e outros seis países anunciaram em 7 de setembro de 2025 que vão aumentar em 137 mil barris diários a produção de petróleo já em outubro.
A decisão foi confirmada pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+). A medida antecipou em um ano o cronograma previamente estabelecido e pegou analistas de surpresa.
A expectativa majoritária era pela manutenção das cotas atuais, mas a mudança inesperada indicou um reposicionamento estratégico relevante para o setor energético global.
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Estratégia de recuperação e impacto imediato no mercado
Desde abril de 2025, a Opep+ havia mudado de estratégia e iniciado um movimento de recuperação de participação de mercado. A decisão fortaleceu a posição do grupo.
Historicamente, a organização utilizava cortes na produção para sustentar preços. Agora, entretanto, passou a expandir gradualmente sua oferta como forma de manter espaço competitivo.
Nos últimos meses, Arábia Saudita, Rússia, Iraque, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Cazaquistão, Omã e Argélia acrescentaram 2,2 milhões de barris diários ao mercado.
O ciclo pode devolver até 1,65 milhão de barris adicionais, de forma gradual e condicionada à evolução da demanda internacional.
- O aumento foi anunciado oficialmente em comunicado no domingo, 7 de setembro de 2025.
- A previsão é que a oferta seja ajustada conforme as condições de mercado.
- Especialistas indicam que a mensagem enviada é mais relevante que o volume imediato.
Pressão sobre preços e riscos para a cotação do Brent
Embora a demanda global costume cair no quarto trimestre, a decisão representa um gesto político e econômico relevante. A mudança de estratégia pode influenciar fortemente o mercado.
Analistas da Rystad Energy, como Jorge León, destacaram que os limites de produção e os mecanismos de compensação da Opep+ vão restringir o impacto imediato do anúncio.
Ainda assim, a sinalização pode empurrar o preço do petróleo abaixo dos 60 dólares. Isso preocupa investidores e autoridades que acompanham o equilíbrio global da energia.
Na sexta-feira anterior ao anúncio, o Brent fechou pouco acima dos 65 dólares por barril. A decisão aumentou a expectativa de volatilidade nos próximos meses.
Guerra na Ucrânia e pressões diplomáticas
A conjuntura internacional pesa fortemente sobre a decisão. A Rússia, pressionada por sanções e pela guerra na Ucrânia, enfrenta limitações para expandir suas vendas.
Washington e aliados europeus aumentaram as pressões diplomáticas e comerciais. Em agosto de 2025, o governo americano anunciou novas tarifas sobre produtos indianos ligados às importações de petróleo russo.
Além disso, em setembro, a Casa Branca informou que Donald Trump havia reforçado a líderes europeus a necessidade de cortar importações de petróleo russo.
Hungria e Eslováquia foram citadas como exemplos de resistência ao embargo. Essa conjuntura cria barreiras para que Moscou consiga se beneficiar plenamente da expansão da Opep+.
Expectativas para os próximos meses e reação dos mercados
Apesar de a decisão prever uma antecipação, especialistas acreditam que a implementação será gradual. Fatores técnicos e políticos devem limitar o impacto imediato da medida.
O mercado, no entanto, já reage às expectativas. A mensagem transmitida pela Opep+ é clara: o grupo não pretende abrir mão de sua participação global.
Essa postura, embora arriscada, pode gerar queda nos preços de curto prazo. Entretanto, também tende a reposicionar os países produtores em patamares mais competitivos para 2026.
O cenário permanece sujeito a incertezas relacionadas à guerra na Ucrânia, às pressões americanas sobre o petróleo russo e à evolução da demanda mundial de energia.
Dessa forma, os próximos meses prometem ser decisivos para medir o alcance da decisão e seus reflexos no equilíbrio global do setor de energia.