Com curvas fechadas, altitude elevada e clima instável, a Serra do Rio do Rastro se tornou uma das estradas mais conhecidas do Brasil, atraindo turistas pela combinação de paisagens exuberantes, mirantes estratégicos e desafios de direção.
A Serra do Rio do Rastro, em Santa Catarina, condensa em poucos quilômetros tudo o que faz uma estrada panorâmica entrar no imaginário dos viajantes.
Curvas fechadas, subidas fortes, neblina recorrente e mirantes com vista para cânions cobertos pela Mata Atlântica.
O trecho da SC-390 que liga Lauro Müller a Bom Jardim da Serra tem cerca de 25 quilômetros e ficou famoso pelas 284 curvas, que exigem atenção constante e justificam paradas ao longo do caminho para contemplar o cenário.
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Traçado exigente e clima instável na SC-390
Apesar de pavimentada e bem sinalizada, a rodovia combina rampas acentuadas com curvas de raio curto.
Em dias úmidos, a aderência diminui e a visibilidade pode cair de forma repentina, sobretudo no amanhecer e no fim da tarde.
Em contrapartida, quando as nuvens se abrem, surgem vales profundos e paredões rochosos onde a vegetação nativa se agarra às encostas. No inverno, há um agravante: a formação de gelo na pista.
Em 24 de junho de 2025, por exemplo, a Polícia Militar Rodoviária precisou interditar o trecho por segurança após congelamento em pontos críticos, com rajadas de vento chegando a 100 km/h segundo veículos locais.
Em 29 de maio de 2025, nevasca e acúmulo de gelo também levaram ao fechamento temporário. Essas ocorrências, embora pontuais, ilustram a necessidade de planejar a subida conforme as condições meteorológicas.
Mirantes e altitude: o que se vê do topo
O mirante principal, conhecido como Mirante da Serra do Rio do Rastro, fica no alto do planalto e ultrapassa 1.460 metros de altitude, de onde se descortina a estrada em zigue-zague e, em dias muito claros, trechos da planície litorânea.
A estrutura é simples, com estacionamento e comércio no entorno, e funciona como ponto clássico para quem deseja observar a sucessão de curvas do trecho mais íngreme.
É comum que viajantes associem o local à “Pedra Furada”, mas a formação rochosa fica, na verdade, no Parque Nacional de São Joaquim, visível a partir do Morro da Igreja, em Urubici, e requer agendamento gratuito junto ao ICMBio.
A Pedra Furada não é um mirante da SC-390, e sim uma atração de outra área da Serra Catarinense.
Atrações próximas: cânions, cascatas e parques de contemplação
Quem dispõe de tempo pode estender a visita pelo entorno imediato.
A poucos quilômetros do topo está o Cânion da Ronda, área de borda com vista ampla e acesso por estrada interna que passa ao lado de um parque eólico.
A atração opera em área privada e costuma cobrar ingresso; perfis oficiais e relatos atualizados indicam valores a partir de R$ 20 por pessoa, podendo variar conforme a época e a gestão.
Recomenda-se verificar funcionamento e condições de visita com antecedência, sobretudo em dias de vento forte.
Em Bom Jardim da Serra, o Mirante Serra Parque oferece estruturas de contemplação, trilhas curtas entre xaxins e decks para piqueniques, com entrada divulgada em R$ 30 por pessoa em comunicações recentes.
Em dias de baixa visibilidade, o espaço pode fechar por segurança. Outro ponto de fácil acesso é a Cascata da Barrinha, à margem da SC-390, próxima ao pórtico de Bom Jardim da Serra.
Guias locais informam que ela fica a cerca de 7,6 quilômetros do mirante principal da serra, trajeto curto que costuma render uma parada rápida para fotos quando o tempo ajuda.
Para experiências guiadas, o Cânion do Funil figura entre os mais procurados.
Empresas locais organizam passeios de quadriciclo que percorrem cerca de 14 quilômetros em aproximadamente duas horas, com saídas próximas à SC-390.
Os valores variam por operador e período.
Condução segura: atenção redobrada em dias frios e com neblina
A condução na serra deve privilegiar marchas curtas nas subidas e uso de freio-motor nas descidas.
Em trechos encobertos pela neblina, faróis acesos mesmo de dia ajudam a aumentar a percepção do veículo pelos demais.
Caminhões e veículos de grande porte reduzem o ritmo nos aclives, o que torna frequentes pontos de trânsito lento.
Manter distância segura e evitar ultrapassagens em áreas sem visibilidade é essencial.
Motociclistas precisam considerar o efeito da condensação na viseira e a possibilidade de trechos com areia ou umidade à sombra dos paredões.
Pneus em bom estado e equipamentos de proteção completos são itens indispensáveis.
Para todos os perfis de viajante, paradas devem ocorrer apenas nos recuos oficiais e mirantes sinalizados.
Clima, vestuário e planejamento
A amplitude térmica entre a base, em Lauro Müller, e o topo, em Bom Jardim da Serra, costuma ser significativa.
O frio é sentido ao longo de todo o ano, mas se intensifica no inverno. Agasalhos, gorro e luvas fazem diferença especialmente quando o vento sopra de frente para o mirante.
Ao programar a viagem, vale acompanhar a previsão de vento, temperatura e visibilidade para reduzir a chance de chegar durante um período de cerração fechada.
Como a neblina pode se formar e dissipar rapidamente, muitos visitantes aguardam janelas de abertura ao longo do dia antes de descer a serra ou seguir viagem.
Ainda que a estrada seja um atrativo por si só, o entorno compõe um mosaico de campos de altitude, florestas de araucárias e cânions que justificam roteiros de um ou dois dias.
Com o tempo adequado, o visitante consegue combinar o sobe-desce pela SC-390 com caminhadas curtas e mirantes em propriedades privadas, respeitando regras locais de acesso.
Por que o trecho virou referência para quem gosta de estrada
Poucas rotas brasileiras oferecem, em sequência tão curta, a transição entre planalto e litoral com desnível acentuado, traçado sinuoso e paisagem preservada.
A visibilidade pode mudar em minutos, o que acrescenta suspense a cada curva. Quando o tempo abre, a recompensa aparece em camadas: a fita de asfalto, os cânions à frente e, em volta, a densidade da Mata Atlântica.