Descubra qual é o pássaro que voa mais alto que aviões comerciais, superando os 11 mil metros de altitude, e conheça outras aves que desafiam os céus.
Pássaro que voa mais alto que aviões: Enquanto a maioria dos pássaros raramente ultrapassa alguns milhares de metros, há uma espécie que literalmente desafia a aviação comercial. Estamos falando de uma ave pouco conhecida que já foi registrada a mais de 11.200 metros de altitude, superando a zona de cruzeiro de boa parte dos aviões de passageiros. Esse feito quase inacreditável pertence ao grifo-de-Rüppell, um abutre africano que voa mais alto do que a maioria das aeronaves comerciais e cuja história impressiona até os estudiosos da biologia e da aviação. Mas ele não está sozinho: outras aves também são verdadeiros especialistas em voo em grandes altitudes, cruzando cordilheiras e até o Himalaia como se fosse uma estrada comum.
Hoje você vai conhecer os pássaros que atingem as maiores altitudes do planeta, entender como seus corpos foram moldados pela evolução para suportar o ar rarefeito, e por que alguns deles podem ensinar muito até para os engenheiros aeronáuticos.
Voo em grandes altitudes: desafio natural e fisiológico do pássaro que voa mais alto que aviões comerciais
Voar a grandes altitudes não é apenas uma questão de força ou vontade. A atmosfera rarefeita, a baixa pressão, as temperaturas extremas e a menor concentração de oxigênio tornam essa missão quase impossível para a maioria das aves. Ainda assim, algumas espécies desenvolveram adaptações fisiológicas incríveis.
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Estudos publicados por especialistas em biologia experimental mostram que essas aves têm pulmões maiores, sangue com maior afinidade ao oxigênio e padrões respiratórios otimizados para garantir a captação e uso eficiente de oxigênio em condições de hipóxia. Além disso, muitas dessas aves têm asas mais longas e largas, ideais para planar por longas distâncias com baixo consumo energético.
O recordista: Grifo-de-Rüppell — 11.200 metros – pássaro que voa mais alto que aviões comerciais
O campeão absoluto quando o assunto é altitude é o grifo-de-Rüppell (Gyps rueppelli). Este abutre africano já foi flagrado a 11.200 metros de altura, quando colidiu com um avião sobre a África Ocidental.
Para se ter uma ideia, essa é a mesma altitude de cruzeiro de aeronaves como o Boeing 747. O impressionante é que o grifo voa utilizando correntes térmicas ascendentes, sem precisar bater as asas com frequência, o que economiza energia.
Sua hemoglobina é altamente adaptada, permitindo extrair oxigênio do ar rarefeito com mais eficiência que quase qualquer outra ave conhecida. Como necrófago, ele percorre grandes distâncias em busca de carniça, e sua capacidade de voo é fundamental para cobrir territórios amplos com pouco esforço.
Ganso-de-cabeça-barrada — 8.200 metros
Talvez nenhum outro pássaro tenha uma jornada migratória tão desafiadora quanto o ganso-de-cabeça-barrada (Anser indicus). Essa espécie realiza travessias sobre o Himalaia, incluindo voos sobre o Monte Everest, durante suas migrações sazonais entre a Ásia Central e o subcontinente indiano.
Foram registrados voando a mais de 8.200 metros de altitude. Suas asas fortes, músculos potentes e capacidade pulmonar aprimorada permitem o voo sustentado mesmo em altitudes onde o oxigênio é escasso e as temperaturas são severas.
Gralha-alpina — 7.600 metros
Habitante dos Alpes europeus e de regiões montanhosas do norte da África e da Ásia, a gralha-alpina (Pyrrhocorax graculus) já foi observada a mais de 7.600 metros.
Apesar de não migrar longas distâncias, essa ave vive e se alimenta regularmente em altitudes elevadas. Suas asas adaptadas ao voo acrobático e a capacidade de manobrar em ambientes rochosos e íngremes fazem dela uma especialista em altitudes extremas.
Cisne-bravo — 7.600 metros
O cisne-bravo (Cygnus cygnus) é um exemplo de como até aves maiores conseguem atingir altitudes impressionantes. Com voos migratórios que cruzam a Europa e a Ásia, ele já foi registrado por pilotos a mais de 7.600 metros de altura.
Apesar do grande porte, o cisne-bravo tem um corpo aerodinâmico e voa em formação em V, o que reduz a resistência do ar e aumenta a eficiência energética de todo o grupo. Suas longas asas e força muscular tornam possíveis voos em regiões frias e elevadas.
Águia-das-estepes — 7.300 metros
Predadora e eficiente, a águia-das-estepes (Aquila nipalensis) é natural das planícies da Ásia Central, mas durante suas longas migrações, atravessa cadeias montanhosas que exigem voos a grandes altitudes.
Com registros de voo acima dos 7.300 metros, essa águia utiliza correntes térmicas para planar e explorar vastas regiões em busca de presas. Sua visão aguçada e sua envergadura fazem dela uma verdadeira senhora dos céus do leste europeu e asiático.
Abutre-barbudo — 7.300 metros
O abutre-barbudo (Gypaetus barbatus), também conhecido como quebra-ossos, é famoso por seu comportamento incomum: solta ossos de grandes alturas para quebrá-los e se alimentar da medula óssea.
Além desse hábito único, ele é um dos planadores mais eficientes do mundo das aves, alcançando altitudes de até 7.300 metros nos Alpes e no Himalaia. Suas asas longas e estreitas permitem manobras precisas em ambientes montanhosos e com ar rarefeito.
Garça-de-demoiselle — 7.300 metros
Delicada à primeira vista, a garça-de-demoiselle (Anthropoides virgo) é uma migrante resistente. Todos os anos, ela realiza longas viagens entre a Europa e a Índia, atravessando o Himalaia e enfrentando condições extremas a mais de 7.300 metros.
Essa espécie é conhecida por sua elegância em voo e pela capacidade de se adaptar a trajetos desafiadores, mesmo sendo uma ave relativamente leve.
O que essas aves nos ensinam?
Essas espécies não só surpreendem pela resistência e pela capacidade física, mas também inspiram estudos na área da aeronáutica, fisiologia e adaptação ao clima extremo. Entender como essas aves otimizam energia, captam oxigênio e planejam suas rotas pode influenciar o desenvolvimento de novas tecnologias e materiais no setor aeroespacial.
Além disso, elas revelam a diversidade de estratégias da natureza: desde o voo planado de abutres até o bater constante de asas de cisnes e gansos migratórios.
Você pode nunca ter ouvido falar do grifo-de-Rüppell, mas ele já protagonizou um feito que poucos aviões — e quase nenhuma ave — conseguem realizar: voar acima de 11 mil metros de altitude. Ao lado dele, uma lista impressionante de aves que desbravam as regiões mais inóspitas da atmosfera terrestre.
Em um mundo onde aviões e drones ganham os céus, esses animais voadores continuam sendo mestres absolutos do voo extremo, desafiando as limitações do corpo e da natureza — e nos lembrando de que, antes das turbinas, já havia asas dominando os ares.