1. Início
  2. / Petróleo e Gás
  3. / Com mais de 5.500 km de extensão, 1,4 milhão de barris transportados por dia e ramificações que cruzam metade da Europa, este colosso subterrâneo é o maior oleoduto do mundo e um dos pilares estratégicos da economia russa
Tempo de leitura 4 min de leitura Comentários 0 comentários

Com mais de 5.500 km de extensão, 1,4 milhão de barris transportados por dia e ramificações que cruzam metade da Europa, este colosso subterrâneo é o maior oleoduto do mundo e um dos pilares estratégicos da economia russa

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 22/10/2025 às 13:24
Com 5.500 km e 1,4 milhão de barris por dia, o Druzhba Pipeline é o maior oleoduto do mundo e símbolo da influência energética e política da Rússia na Europa.
Foto: Com 5.500 km e 1,4 milhão de barris por dia, o Druzhba Pipeline é o maior oleoduto do mundo e símbolo da influência energética e política da Rússia na Europa.
Seja o primeiro a reagir!
Reagir ao artigo

Com 5.500 km e 1,4 milhão de barris por dia, o Druzhba Pipeline é o maior oleoduto do mundo e símbolo da influência energética e política da Rússia na Europa.

Sob o solo da Europa Oriental corre uma das maiores e mais estratégicas estruturas já construídas pela engenharia humana. Trata-se do Druzhba Pipeline, um sistema monumental de dutos de petróleo que liga a Rússia a países como Alemanha, Polônia, Hungria, Eslováquia e República Tcheca. Com mais de 5.500 quilômetros de extensão total, ele forma uma rede subterrânea que atravessa fronteiras, florestas, rios e cordilheiras, transportando diariamente 1,4 milhão de barris de petróleo cru, o suficiente para abastecer dezenas de nações inteiras.

O nascimento de um colosso energético

A história do Druzhba, que em russo significa “amizade”, começa na década de 1960, durante a Guerra Fria. Em um contexto de competição geopolítica e reconstrução do pós-guerra, a União Soviética concebeu um projeto sem precedentes: criar um canal energético de integração que conectasse as reservas da Sibéria Ocidental aos aliados europeus do Pacto de Varsóvia.

A construção começou oficialmente em 1962 e, em apenas dois anos, a primeira etapa do oleoduto foi concluída, percorrendo mais de 4 mil quilômetros entre Almetyevsk (Rússia) e Schwedt (Alemanha Oriental). O projeto envolveu milhares de engenheiros e operários e contou com a cooperação técnica de empresas de sete países socialistas.

YouTube Video

Ao longo das décadas seguintes, novas extensões foram adicionadas, criando uma rede ramificada com mais de 20 mil quilômetros de tubulações secundárias, estações de bombeamento, tanques de armazenamento e sistemas automatizados de controle. Hoje, o Druzhba continua sendo o maior oleoduto do planeta em extensão operacional contínua.

Engenharia e capacidade impressionantes

A estrutura principal do Druzhba é composta por dois troncos principais:

  • Druzhba Norte, que passa pela Bielorrússia e Polônia até chegar à Alemanha.
  • Druzhba Sul, que cruza a Ucrânia, Eslováquia, Hungria e chega até a Croácia.

Cada linha é formada por tubos de aço com diâmetro médio de 1.220 milímetros, projetados para suportar pressões superiores a 70 atmosferas.

O sistema é mantido por 38 estações de bombeamento, que operam 24 horas por dia, movendo o petróleo a velocidades médias de 5 km/h sob temperaturas que variam de -40 °C a 40 °C.

Estima-se que, em plena capacidade, o Druzhba possa transportar até 65 milhões de toneladas de petróleo por ano — equivalente a cerca de 480 milhões de barris. Além de abastecer refinarias na Alemanha e Polônia, ele também alimenta oleodutos menores que se ramificam por toda a Europa Central.

Importância geopolítica e energética

Mais do que um feito de engenharia, o Druzhba é um instrumento geopolítico de enorme poder. Durante décadas, ele consolidou a Rússia como principal fornecedora de energia da Europa, tornando o continente dependente do petróleo e gás russo.

Mesmo após o colapso da União Soviética em 1991, o oleoduto manteve sua relevância. Ele se tornou uma das rotas mais estudadas e vigiadas do mundo, especialmente após as sanções impostas à Rússia em 2022, quando o conflito na Ucrânia alterou profundamente o mapa energético global.

Enquanto alguns países europeus reduziram sua dependência, outros ainda mantêm contratos ativos. De acordo com dados de 2024 da International Energy Agency (IEA), cerca de 15% do petróleo refinado na Europa Central ainda chega por meio do Druzhba.

Um sistema vivo de alta complexidade

A operação do Druzhba é coordenada pela Transneft, a estatal russa responsável por mais de 50 mil km de dutos no país. O controle do fluxo é feito em tempo real por centros automatizados, que monitoram pressão, vazão e integridade estrutural.

Cada estação de bombeamento funciona como um pequeno complexo industrial, equipado com motores elétricos gigantescos, sistemas de válvulas e sensores de detecção de vazamentos. Em caso de emergência, o fluxo pode ser interrompido em menos de 30 segundos, isolando seções específicas do duto para manutenção ou inspeção.

Nos últimos anos, a Rússia tem investido na modernização da infraestrutura, instalando sensores digitais e sistemas de monitoramento via satélite. Isso permite prever falhas e reduzir riscos ambientais, um ponto crítico para um sistema que atravessa regiões florestais e agrícolas sensíveis.

Desafios e o futuro do “amigável gigante”

Embora seja um símbolo de integração energética, o Druzhba enfrenta um futuro incerto. A crescente adoção de energias renováveis, somada às tensões políticas entre Moscou e a União Europeia, coloca em xeque sua operação em longo prazo.

Mesmo assim, ele permanece um eixo vital para a economia russa, responsável por uma fração significativa das exportações de petróleo do país.

Enquanto novas rotas marítimas e gasodutos alternativos são desenvolvidos, o Druzhba segue firme, testemunhando seis décadas de mudanças políticas, revoluções tecnológicas e transformações econômicas.

Em meio a sanções, crises e transições, esse colosso subterrâneo continua transportando a energia que move indústrias, aviões, carros e cidades inteiras — um legado de aço, petróleo e poder que ainda define parte da geopolítica mundial.

Banner quadrado em fundo preto com gradiente, destacando a frase “Acesse o CPG Click Petróleo e Gás com menos anúncios” em letras brancas e vermelhas. Abaixo, texto informativo: “App leve, notícias personalizadas, comentários, currículos e muito mais”. No rodapé, ícones da Google Play e App Store indicam a disponibilidade do aplicativo.
Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Valdemar Medeiros

Formado em Jornalismo e Marketing, é autor de mais de 20 mil artigos que já alcançaram milhões de leitores no Brasil e no exterior. Já escreveu para marcas e veículos como 99, Natura, O Boticário, CPG – Click Petróleo e Gás, Agência Raccon e outros. Especialista em Indústria Automotiva, Tecnologia, Carreiras (empregabilidade e cursos), Economia e outros temas. Contato e sugestões de pauta: valdemarmedeiros4@gmail.com. Não aceitamos currículos!

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x