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Fiat Palio, carro popular, anda quase de graça, recarrega na tomada de casa, faz 120km em ciclo urbano e o custo fica como se fizesse 60 km/l de gasolina

Escrito por Flavia Marinho
Publicado em 20/06/2025 às 20:37
Atualizado em 23/06/2025 às 14:01
Fiat - palio - carro popular -
Este Fiat Palio, fabricEste carro popular da Fiat fabricado no Brasil, anda quase de graça, recarrega na tomada de casa, faz 120km em ciclo urbano e o custo fica como se fizesse 60 km/l de gasolinaado no Brasil, anda quase de graça, recarrega na tomada, tem 120 em ciclo urbano e o custo por quilômetro rodado fica como se ele fizesse 60 km/l de gasolina
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Há 20 anos, o Brasil testava um carro elétrico com bateria de sal e quase ninguém percebeu: com autonomia de até 120 km em ciclo urbano, Fiat Palio podia recarregar na tomada de casa

Imagine um carro que não usa gasolina, não faz barulho, carrega na tomada e ainda roda como se fizesse 60 km por litro. Parece tecnologia de ponta? Pois isso já foi realidade no Brasil… em 2006. E o nome por trás dessa história inusitada é conhecido de todo mundo: Fiat Palio. O modelo, que nasceu como um dos compactos mais populares do país, ganhou uma versão elétrica produzida em Betim (MG) com uma proposta ousada para a época: rodar com bateria de sal.

Não parecia diferente, mas por dentro era outra história

De fora, tudo igual: carroceria de quatro portas, o mesmo visual básico do Palio convencional. Mas bastava girar a chave para perceber que algo estava diferente. O motor a combustão tinha dado lugar a um bloco elétrico assíncrono trifásico, instalado na dianteira e refrigerado a água. E o som? Nenhum. O silêncio era tão absoluto que a Fiat teve que colocar uma campainha para alertar pedestres quando o carro andava em marcha à ré.

Se você buscava desempenho, era melhor sentar e esperar: o 0 a 100 km/h levava longos 28 segundos, e a velocidade máxima mal passava dos 110 km/h. Mas essa era a troca: em vez de performance, o Palio elétrico oferecia baixo custo por quilômetro rodado. Ligado à tomada durante a madrugada, o custo de uso era equivalente ao de um carro que fizesse 60 km por litro de gasolina.

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Nascido de uma parceria com Itaipu

O projeto foi encomendado pela Itaipu Binacional, a maior hidrelétrica do mundo, que naquela época ainda dependia de uma frota movida a combustível fóssil. A proposta era simples: desenvolver, junto com a Fiat, uma tecnologia nacional de carro elétrico viável para uso institucional. “Até 2008, a meta é tornar esse protótipo viável. Nacionalizar peças, baixar o custo, aumentar a autonomia e diminuir o tempo de recarga”, afirmou na época Carlos Eugênio Dutra, então diretor de produto da Fiat.

O modelo estava longe de ser ideal, mas prometia muito. A estrutura interna foi toda adaptada, com os 165 kg de baterias sendo instalados no lugar do estepe, na parte traseira, enquanto o motor elétrico de apenas 42 kg ficava na frente. A distribuição de peso mudou tanto que o comportamento dinâmico do carro foi alterado. Mesmo com apenas 69 kg a mais que a versão original com motor 1.0 Fire, a suspensão dianteira não foi recalibrada, e o resultado? Em arrancadas, o Palio elétrico chegava até a cantar pneu.

A bateria do Fiat Palio era feita de… sal

O maior diferencial técnico do projeto estava no coração do sistema: as baterias de cloreto de sódio, desenvolvidas pela empresa suíça MES-DEA. Isso mesmo, sal. Segundo a fabricante, o sistema tinha vida útil de 150.000 km, e as baterias eram em parte recicláveis e biodegradáveis, o que tornava o projeto ainda mais promissor frente aos problemas ambientais das baterias de lítio.

A recarga também era simples: bastava uma tomada comum, de 110 ou 220 volts, com corrente de até 16 ampères, inferior à de um chuveiro elétrico. Em cerca de oito horas, o carro estava pronto para rodar até 120 km na cidade ou 110 km na estrada. Um botão chamado “Recupero” ativava a regeneração de energia nas frenagens e desacelerações, ampliando a autonomia em até 20 km e simulando o efeito de freio-motor — algo essencial em descidas longas, como na Rodovia dos Imigrantes.

Uma proposta modesta, mas funcional

Tudo foi pensado para ser simples, funcional e barato. A Fiat manteve a estrutura do sistema de freios, adaptando apenas o servo com uma bomba elétrica para gerar o vácuo que antes vinha do motor a combustão. Até a bateria de 12V e o radiador foram aproveitados da versão original. A ideia era clara: criar um modelo elétrico voltado para frotas institucionais, sem luxo, mas com eficiência.

Fiat Palio elétrico virou raridade, mas existiu

Com o tempo, o projeto evoluiu. Em 2009, surgiu uma versão elétrica da Palio Weekend, com 38 cv e o mesmo conjunto de baterias, mas ainda limitada a 100 km/h de velocidade máxima. No total, foram produzidas apenas 66 unidades, usadas em locais estratégicos como o Parque Nacional do Iguaçu, no Paraná, e o Arquipélago de Fernando de Noronha, em Pernambuco. A Fiat nunca comercializou esses modelos para o público, e hoje são relíquias desconhecidas até mesmo para fãs da marca.

Para quem acha que os carros elétricos no Brasil são novidade, vale lembrar: a Fiat já apostava nessa tecnologia duas décadas atrás, com um modelo 100% nacional, silencioso e que, se fosse lançado hoje, poderia fazer bonito entre os populares urbanos.

Ficha técnica: Fiat Palio Elétrico (2006)

  • Motor: dianteiro, elétrico, assíncrono trifásico, refrigerado a água
  • Potência: 37,8 cv a 9.000 rpm
  • Torque: 12,6 mkgf a 9.000 rpm
  • Transmissão: sentido de giro do motor define marcha à frente ou ré; tração dianteira
  • Peso total: 1.029 kg
  • Autonomia: até 120 km no ciclo urbano
  • Velocidade máxima: 110 km/h
  • Suspensão: McPherson na dianteira, barra de torção na traseira
  • Freios: disco na frente, tambor atrás, com servo-freio elétrico
  • Rodas/Pneus: 145/80 R13
  • Porta-malas: 290 litros
  • Carregamento: 110/220V, corrente de até 16A, carga completa em 8h

E hoje? A Fiat ainda aposta em carros elétricos?

A Fiat voltou a investir com força no segmento de eletrificados. O compacto 500e é um dos modelos elétricos mais vendidos da marca na Europa e já chegou ao Brasil com foco em consumidores urbanos. O sucesso crescente dos elétricos no país, ainda limitado pelos preços altos, mostra que a semente plantada pelo Palio elétrico talvez não tenha florescido naquela época, mas deixou um legado que começa a ganhar forma agora.

Modelos como o Fiat 500e, além de propostas híbridas e parcerias com marcas de energia, mostram que o futuro da Fiat, e do próprio mercado brasileiro, está mesmo plugado na tomada.

Curtiu conhecer essa história esquecida da indústria automotiva brasileira? Então deixa seu comentário aqui embaixo: você teria um Fiat Palio com bateria de sal na garagem hoje? Compartilhe com amigos que também curtem carros e tecnologia!

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Enir Braz de Oliveira
Enir Braz de Oliveira
22/06/2025 20:02

Quero comprar um desse pra mim….como faço?

Flavia Marinho

Flavia Marinho é Engenheira pós-graduada, com vasta experiência na indústria de construção naval onshore e offshore. Nos últimos anos, tem se dedicado a escrever artigos para sites de notícias nas áreas militar, segurança, indústria, petróleo e gás, energia, construção naval, geopolítica, empregos e cursos. Entre em contato com flaviacamil@gmail.com para sugestão de pauta, divulgação de vagas de emprego ou proposta de publicidade em nosso portal. Não enviar currículo.

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