Relatório oficial do MGI expõe desempenho histórico, impacto no PIB e distribuição bilionária de dividendos em meio a desafios e avanços
As estatais federais brasileiras alcançaram em 2024 um faturamento inédito de R$ 1,3 trilhão, consolidando-se como peças estratégicas da economia nacional. O dado integra o Relatório Agregado das Empresas Estatais Federais de 2024, divulgado em 22 de agosto de 2025 pelo Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI).
O documento oficial mostrou também que os ativos somaram R$ 6,7 trilhões, com avanços anuais de 4,9% no faturamento e 10,9% nos ativos, números que reforçam a robustez patrimonial do setor.
Lucros em queda com a Petrobrás, mas crescimento em outras áreas
Apesar do resultado expressivo, o lucro líquido consolidado de 2024 foi de R$ 116,6 bilhões, valor que representa queda de 41% frente a 2023. Segundo o governo, essa retração ocorreu devido à redução nos ganhos da Petrobrás.
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Entretanto, o MGI destacou que, sem a petroleira, o desempenho foi positivo: o lucro chegou a R$ 79,6 bilhões, um crescimento de 9,4% em relação ao ano anterior.
O relatório também apontou que as estatais são responsáveis por mais de 440 mil empregos diretos e respondem por 5,4% do Produto Interno Bruto (PIB). Além disso, foram realizados R$ 96 bilhões em investimentos em áreas estratégicas ao longo do ano.
Dividendos bilionários reforçam retorno ao Tesouro
Em 2024, as estatais distribuíram R$ 152,5 bilhões em dividendos e juros sobre capital próprio. Desse montante, R$ 72,1 bilhões (47%) foram destinados ao governo federal e R$ 80,4 bilhões (53%) para os demais acionistas.
O relatório ressaltou que, para cada R$ 1 investido pelo orçamento federal, retornaram aos cofres públicos R$ 2,51 em dividendos e juros sobre capital próprio, evidenciando a eficiência econômica e o impacto positivo na arrecadação.
Estatais como eixo da estratégia nacional
A ministra da Gestão, Esther Dweck, enfatizou no relatório que as empresas públicas são “peças centrais” na política do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ela destacou a relevância das estatais no crédito habitacional, agrícola, às pequenas e médias empresas e aos microempreendedores.
Segundo Dweck: “As empresas públicas integram a nossa estratégia de desenvolvimento sustentável de longo prazo. Continuaremos fortalecendo e modernizando suas estruturas de governança”.
Déficits e superávits sob análise do Banco Central
De acordo com o Banco Central (BC), que acompanha 20 estatais não dependentes (excluídas Petrobrás e instituições financeiras), os resultados de 2024 revelaram lucro operacional de R$ 1,7 bilhão.
No entanto, 11 estatais registraram déficit primário, que somou R$ 6,7 bilhões. Ainda assim, o MGI destacou que apenas Correios e Infraero apresentaram prejuízo efetivo. As demais combinaram déficits e lucros, muitas vezes vinculados a investimentos feitos com recursos de exercícios anteriores.
O ministério explicou que compreender a diferença entre resultado primário (déficit ou superávit) e resultado operacional (lucro ou prejuízo) é essencial para interpretar corretamente os números. Essa distinção revela que a contabilidade pública exige análise técnica detalhada para evitar leituras equivocadas.
Investimentos e dados oficiais
O levantamento mostrou ainda que as estatais investiram R$ 96 bilhões em projetos estratégicos no último ano. Os dados foram extraídos em junho de 2025 do Sistema de Informações das Estatais (Siest) e ajustados conforme relatórios financeiros oficiais de cada empresa.
Esses números reforçam que, mesmo em cenários de queda pontual nos lucros, o papel das estatais permanece fundamental para o desenvolvimento econômico e social do país.