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‘Estamos jogados’: trabalhadores do Nordeste vão ao interior de SP a trabalho e são ‘abandonados’ sem salário em alojamentos insalubres

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 03/09/2025 às 14:50
Trabalhadores nordestinos denunciam abandono em Franca (SP), sem salário e em alojamentos insalubres, após obra de hospital ser suspensa.
Trabalhadores nordestinos denunciam abandono em Franca (SP), sem salário e em alojamentos insalubres, após obra de hospital ser suspensa.
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Trabalhadores nordestinos denunciam falta de pagamento após obra suspensa em hospital de Franca (SP) e relatam abandono em alojamentos sem condições básicas, aguardando salários e passagens para retornar às cidades de origem.

Ao menos 12 trabalhadores vindos do Nordeste afirmam ter sido deixados sem salário e sem verbas rescisórias após a interrupção das obras de um hospital particular em Franca (SP).

De acordo com informações do portal G1, eles foram contratados por uma terceirizada e trabalharam cerca de 40 dias no canteiro.

Com o rompimento do acordo entre as empresas envolvidas, o grupo diz ter ficado sem pagamento e sem condições de retorno para casa, abrigado em alojamentos insalubres.

Rompimento de contrato deixa equipe sem salário

De acordo com os relatos, a contratante principal encerrou a parceria com a terceirizada por “problemas na execução da obra”.

A decisão interrompeu o serviço em andamento e, segundo os trabalhadores, também suspendeu o pagamento dos dias trabalhados e das verbas de desligamento.

A equipe afirma que aguarda uma definição para receber o que é devido e conseguir voltar ao Nordeste, onde mantém residência e família.

Enquanto a situação não se resolve, os trabalhadores permanecem em moradias improvisadas. Há falta de itens básicos e de estrutura mínima para higiene e cozinha.

Um dos pedreiros, José Eudis Alves da Silva, que saiu de Pernambuco para o emprego, descreveu as condições ao relatar que o grupo está sem insumos essenciais e arcando com gastos do próprio bolso, apesar de não ter recebido.

“Está precisando de tudo, porque não tem, não tem para a gente fazer uma limpeza na casa adequada, papel higiênico não tem, tudo a gente está tendo que comprar do bolso, sem receber dinheiro. (…) Nós estamos jogados, porque nosso patrão desapareceu”, afirmou.

Trabalhadores nordestinos denunciam abandono em Franca (SP), sem salário e em alojamentos insalubres, após obra de hospital ser suspensa.
Trabalhadores nordestinos denunciam abandono em Franca (SP), sem salário e em alojamentos insalubres, após obra de hospital ser suspensa.

Alojamento sem padrão de segurança e higiene

A presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil, Menisa Pilar, declarou que a empresa principal não deveria ter permitido a permanência dos operários em alojamentos nessas condições.

Segundo ela, havia laudo que classificava o espaço como inadequado às normas regulamentadoras, ainda assim os trabalhadores foram mantidos na obra.

“O alojamento não está adequado nas normas regulamentadoras. A empresa principal tem um laudo que estava inadequado o uso do alojamento, mas, mesmo assim, eles deixaram os trabalhadores entrarem na obra”, disse.

A descrição feita pelos trabalhadores inclui ausência de móveis suficientes, falta de produtos de limpeza, precariedade de banheiros e necessidade de comprar materiais por conta própria.

Em meio a esse cenário, a alimentação também se tornou um desafio, já que não há confirmação de fornecimento regular de mantimentos por parte das empresas responsáveis.

Impacto humano e incerteza sobre retorno

A dificuldade para quitar despesas cotidianas e enviar dinheiro à família pesa sobre o grupo, que se deslocou centenas de quilômetros para trabalhar.

Muitos saíram do Nordeste contando com remuneração pactuada e com as condições de hospedagem previstas para esse tipo de contratação.

Sem pagamento, relatam atrasos em compromissos pessoais e impossibilidade de custear as passagens para voltar às suas cidades de origem.

Além do desgaste financeiro, os trabalhadores relatam insegurança quanto ao futuro.

A expectativa é receber salários e verbas rescisórias referentes ao período trabalhado, além de orientações claras sobre os próximos passos.

Enquanto esperam, continuam em alojamentos apontados como impróprios, o que, segundo o sindicato, contraria regras de saúde e segurança do trabalho.

O que dizem as empresas responsáveis

Procurada pela EPTV, afiliada da TV Globo, a Maximo Aldana Construtora, responsável principal pela obra, garantiu que vai assumir os pagamentos de todos os funcionários afetados.

A empresa também informou que custeará as passagens de volta para as cidades de origem, compromisso aguardado pelos trabalhadores para encerrar a permanência em Franca.

A Monte Carmelo Engenharia, terceirizada que contratou os operários para atuar no hospital, foi buscada para comentar a situação. Até a última atualização, não houve retorno.

O silêncio mantém em aberto pontos essenciais para os trabalhadores, como prazos para quitação das pendências e esclarecimentos sobre a responsabilidade pelas condições do alojamento.

Acompanhamento sindical e próximos passos

O sindicato afirma acompanhar o caso e cobrar soluções imediatas, principalmente em relação ao pagamento dos salários, férias proporcionais, 13º proporcional e demais verbas previstas em desligamentos.

A entidade também aponta a necessidade de regularizar o alojamento, ainda que temporariamente, até que todos possam retornar às suas casas.

A definição sobre quem responde pela adequação do alojamento é considerada central para evitar que situações semelhantes se repitam.

Segundo o sindicato, cabe à contratante principal fiscalizar as condições de trabalho fornecidas pela terceirizada e impedir que equipes atuem em locais fora das normas.

A entidade reforça que a existência de um laudo de inadequação indicaria que a estrutura não atendia às exigências mínimas de conforto e segurança.

Trabalhadores aguardam solução para deixar Franca

Sem uma data confirmada para o pagamento, os trabalhadores permanecem no interior paulista. Alguns buscam ajuda de familiares para adquirir itens básicos de higiene e alimentação.

Outros relatam ter vendido pertences para cobrir despesas imediatas. A ausência do empregador direto na comunicação cotidiana amplia a sensação de abandono narrada pelos operários.

A regularização dos salários e das verbas rescisórias é vista como condição para que todos retornem ao Nordeste.

A promessa da empresa principal de arcar com as passagens e assumir as pendências financeiras é, até aqui, o principal vetor de expectativa do grupo. A efetivação desse compromisso é aguardada para que a situação seja resolvida e para que os trabalhadores possam reorganizar a vida em suas cidades.

Trabalhadores nordestinos denunciam abandono em Franca (SP), sem salário e em alojamentos insalubres, após obra de hospital ser suspensa. (Foto: Reprodução/EPTV)
Trabalhadores nordestinos denunciam abandono em Franca (SP), sem salário e em alojamentos insalubres, após obra de hospital ser suspensa. (Foto: Reprodução/EPTV)

Questões legais e responsabilidade no canteiro

Especialistas consultados pelo sindicato costumam destacar que, em obras com múltiplas empresas, a contratante principal tem dever de vigilância sobre as condições oferecidas por terceirizadas.

Também lembram que alojamentos devem seguir normas regulamentadoras que preveem requisitos mínimos de higiene, segurança e conforto, como disponibilidade de banheiros, condições adequadas de limpeza e mobiliário básico.

Nesse caso, a existência de um laudo de inadequação, citada pela liderança sindical, reforça a necessidade de medidas imediatas para corrigir irregularidades.

A fiscalização e o cumprimento de responsabilidades contratuais são apontados como caminhos para evitar a repetição de episódios que expõem trabalhadores a riscos e a desamparo.

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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