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O dia em que os Estados Unidos, a maior potência naval do mundo, ofereceram um poderoso porta‑aviões ao Brasil em um gesto que prometia revolucionar a Marinha e mudar para sempre o poder militar do país

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 01/08/2025 às 12:22
O dia em que os Estados Unidos, a maior potência naval do mundo, ofereceram um poderoso porta‑aviões ao Brasil em um gesto que prometia revolucionar a Marinha e mudar para sempre o poder militar do país
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EUA ofereceram ao Brasil um super porta‑aviões da classe Forrestal em um gesto histórico. Descubra como essa negociação poderia ter mudado para sempre o poder naval brasileiro e a Marinha do país.

Em um episódio que se perdeu nas páginas pouco conhecidas da história militar brasileira, os Estados Unidos, maior potência naval do mundo, chegaram a oferecer ao Brasil um super porta‑aviões da classe Forrestal — o ápice da tecnologia naval norte‑americana do pós‑Segunda Guerra Mundial. Essa oferta, que poderia ter alterado radicalmente o poder naval brasileiro e mudado para sempre a balança militar do Atlântico Sul, nunca foi concretizada. Ainda assim, representa um dos momentos mais fascinantes da relação entre as duas nações e um marco sobre como o Brasil esteve, mais de uma vez, à beira de se tornar um país com capacidade plena para operar um dos símbolos máximos do poder marítimo global.

O gesto dos EUA não foi um ato isolado, mas parte de um contexto mais amplo: a reorganização militar após a Segunda Guerra Mundial, a Guerra Fria emergente e a busca dos americanos por aliados estratégicos para conter influências soviéticas em diferentes regiões do mundo. No entanto, por trás da proposta havia dúvidas, restrições políticas e, sobretudo, um enorme desafio: será que o Brasil estava preparado para operar um super porta‑aviões de 60 mil toneladas, projetado para caças supersônicos, e sustentar seus custos astronômicos?

Um porta‑aviões oferecido ao Brasil: a proposta que poderia mudar a história

Após o fim da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos se viram com um arsenal naval incomparável. Sua frota de porta‑aviões, encouraçados e cruzadores, construída em escala industrial para derrotar o Japão e a Alemanha, era imensa.

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Mas, com o fim das hostilidades, manter dezenas de navios gigantescos em operação era caro e desnecessário. Assim começou um movimento de realocação e venda de ativos excedentes a aliados.

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Foi nesse cenário que o Brasil, que havia participado ativamente da guerra ao lado dos Aliados e enviado tropas à Itália, despontou como um parceiro de interesse. Washington via o país como um aliado estratégico no Atlântico Sul e considerou transferir um navio da classe Forrestal para a Marinha do Brasil.

Os Forrestal eram uma revolução: os primeiros “super porta‑aviões” do mundo, projetados já na era do jato, com convés angulado, catapultas a vapor e capacidade para operar aeronaves supersônicas. Receber um navio assim teria colocado o Brasil instantaneamente em um patamar de potência naval regional.

A importância de um super porta‑aviões no poder militar de uma nação

Para entender o peso dessa proposta, é preciso compreender o papel de um super porta‑aviões. Mais do que uma simples embarcação, ele é uma base aérea flutuante, capaz de projetar poder a milhares de quilômetros de distância sem depender de aeroportos em solo estrangeiro.

Para os EUA, porta‑aviões como o Forrestal se tornaram instrumentos de dissuasão e influência global. No contexto brasileiro, a posse de um navio desse porte nos anos 1950 teria representado um salto histórico.

O país poderia ter se tornado o único da América Latina com capacidade de lançar jatos de combate de uma plataforma marítima, alterando o equilíbrio estratégico de toda a região.

Por que o Brasil não aceitou o super porta‑aviões?

A proposta norte‑americana, entretanto, não avançou. Diversas razões convergiram para esse desfecho:

  • Resistência dos EUA: Embora houvesse interesse em transferir ativos, Washington hesitava em permitir que um país latino‑americano operasse um super porta‑aviões. Nos círculos estratégicos, havia a percepção de que o Brasil não enfrentava ameaças que justificassem um ativo desse nível.
  • Custos proibitivos: Operar um Forrestal não era barato. Somente o custo de manutenção anual e a adaptação de portos e infraestrutura poderiam consumir grande parte do orçamento de defesa brasileiro.
  • Capacidade operacional limitada: A Marinha do Brasil ainda não tinha doutrina, treinamento ou aeronaves prontas para operar em um super porta‑aviões. A curva de aprendizado seria longa e cara.

Diante disso, o Brasil voltou‑se para uma solução mais modesta e viável: em 1950 comprou do Reino Unido o HMS Vengeance, renomeado como NAeL Minas Gerais. Embora muito menor que um Forrestal, o Minas Gerais cumpriu o papel de introduzir a Marinha brasileira no mundo da aviação embarcada.

Uma segunda chance nos anos 1990: Forrestal de volta à pauta

O tema voltou à mesa décadas mais tarde. Nos anos 1990, o Minas Gerais já estava envelhecido e o Brasil buscava uma nova embarcação para operar aeronaves como os caças A‑4 Skyhawk. Mais uma vez, os Estados Unidos ofereceram um Forrestal, desta vez já desativado, mas com potencial de modernização.

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A proposta parecia atraente, mas novamente foi inviabilizada. Os custos de reforma e operação, aliados à necessidade de adaptar portos, hangares e toda a cadeia de suprimentos, tornaram o projeto proibitivo. No fim, o Brasil escolheu um caminho intermediário e comprou o porta‑aviões francês Foch, que se tornou o NAe São Paulo — o maior navio de guerra já operado pelo país, mas que também enfrentou problemas e acabou aposentado em 2018.

O legado do USS Forrestal

O USS Forrestal (CVA‑59), peça central dessa história, entrou em serviço em 1955 e mudou para sempre o conceito de poder naval. Com 60 mil toneladas de deslocamento, mais de 300 metros de comprimento e capacidade para operar mais de 80 aeronaves, o Forrestal foi o protótipo de todos os super porta‑aviões que viriam depois.

Suas inovações — como o convés em ângulo, que permitia pousos e decolagens simultâneos, e as catapultas a vapor — tornaram‑se padrão para classes posteriores, como a Nimitz e a Gerald R. Ford.

Mas sua trajetória também teve sombras: em 1967, um incêndio durante a Guerra do Vietnã matou 134 tripulantes e se tornou uma das maiores tragédias navais da história dos EUA.

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O Forrestal serviu até 1993, foi oficialmente retirado de serviço em 1997 e desmontado em 2015, mas seu legado permanece como o marco inicial da era dos super porta‑aviões.

Aliança militar Brasil‑EUA e as limitações da cooperação

Desde a Segunda Guerra Mundial, Brasil e Estados Unidos mantêm uma relação de cooperação militar, com exercícios conjuntos, acordos de defesa e fornecimento de equipamentos.

No entanto, a oferta do Forrestal ilustra os limites dessa parceria: Washington via o Brasil como um aliado estratégico, mas hesitava em transferir ativos de dissuasão estratégica que poderiam, em tese, alterar o equilíbrio de poder na região.

O episódio revela um ponto sensível da geopolítica: mesmo aliados, países centrais e periféricos operam em esferas diferentes de confiança e tecnologia. Um super porta‑aviões não é apenas um navio; é um instrumento de política externa que redefine status militar.

Modernização da Marinha do Brasil: do Minas Gerais ao ProSub

Sem o Forrestal, a Marinha do Brasil construiu sua trajetória em passos graduais. O NAeL Minas Gerais operou de 1960 a 2001, sendo fundamental para a formação de gerações de pilotos navais.

O NAe São Paulo, comprado da França, trouxe maior capacidade, mas foi marcado por problemas técnicos, acidentes e altos custos, até ser aposentado em 2018.

Hoje, o Brasil não tem porta‑aviões em operação, mas aposta em outros vetores estratégicos, como o Programa de Submarino Nuclear (ProSub), que inclui a construção do primeiro submarino nuclear brasileiro em parceria com a França. Essa estratégia busca garantir soberania no Atlântico Sul por meio de dissuasão subaquática, um caminho mais viável do que o de operar super porta‑aviões.

Cenário hipotético: e se o Brasil tivesse aceitado o super porta‑aviões?

Especialistas e entusiastas militares se perguntam até hoje: o que teria mudado se o Brasil tivesse recebido o Forrestal?

O país teria se tornado a primeira e única potência latino‑americana a operar um super porta‑aviões, o que mudaria radicalmente o equilíbrio militar do Atlântico Sul. Com um navio desse porte, o Brasil poderia projetar poder aéreo e naval em uma escala inédita, influenciando até mesmo negociações internacionais e alianças militares.

Mas o custo seria gigantesco. Manter um Forrestal exigiria bilhões anuais em manutenção, tripulação altamente treinada, infraestrutura portuária e uma frota de escolta robusta (fragatas, destróieres e submarinos). A Marinha teria que reorganizar todo seu orçamento, possivelmente sacrificando outros projetos estratégicos.

Além disso, a posse de um super porta‑aviões poderia ter despertado desconfianças em países vizinhos e atraído maior atenção — e até pressão — de potências globais, transformando o Brasil em um ator geopolítico mais central, mas também mais cobrado.

O episódio como símbolo: a busca do Brasil por soberania naval

Mais do que uma negociação frustrada, a oferta dos EUA simboliza a ambição histórica do Brasil de ter uma Marinha de águas azuis, capaz de operar além de sua costa e proteger um Atlântico Sul estratégico, rico em recursos naturais e rotas comerciais.

Mesmo sem o Forrestal, o país construiu uma trajetória respeitável, mas ainda não atingiu o status de potência naval plena. A história mostra que o sonho do super porta‑aviões esteve próximo, mas também revela a dura realidade: operar um navio assim exige não só recursos, mas também um alinhamento geopolítico complexo.

O dia em que os Estados Unidos ofereceram um super porta‑aviões ao Brasil é um episódio que sintetiza questões maiores: os limites da cooperação militar internacional, a busca da Marinha do Brasil por modernização e o equilíbrio delicado do poder naval no Atlântico Sul.

A história do Forrestal no Brasil é, acima de tudo, um lembrete de como decisões estratégicas moldam décadas de trajetória militar. Se o Brasil tivesse aceitado a oferta, talvez hoje sua Marinha fosse muito diferente. Mas a recusa também permitiu que o país seguisse caminhos mais realistas e adaptados à sua realidade.

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Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

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