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Estado quase esquecido pode ultrapassar São Paulo e se tornar o mais rico do Brasil após descoberta

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 25/10/2025 às 16:44
Autorização de perfuração no Amapá reacende aposta na Margem Equatorial como nova fronteira petrolífera do Brasil.
Autorização de perfuração no Amapá reacende aposta na Margem Equatorial como nova fronteira petrolífera do Brasil.
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A liberação para exploração de petróleo na costa do Amapá reacende o debate sobre o futuro energético do Brasil e coloca a Margem Equatorial no centro das atenções econômicas e ambientais do país.

A autorização do Ibama para a perfuração exploratória de petróleo na Margem Equatorial, na costa do Amapá, reacendeu as projeções sobre uma possível mudança no mapa econômico brasileiro.

A nova fronteira energética, segundo especialistas, pode transformar o estado em um dos mais relevantes polos do setor e alterar o equilíbrio de riqueza no país nas próximas décadas.

O geofísico e divulgador científico Sérgio Sacani afirma que estudos indicam reservas com potencial de até 5,6 bilhões de barris de óleo, volume que, se confirmado, seria mais que o dobro das reservas estimadas do pré-sal.

Ele avalia que a Margem Equatorial “pode redefinir o papel do Amapá na economia nacional”, caso os dados geológicos sejam positivos e as operações avancem de forma sustentável.

Declínio do pré-sal abre espaço para novas fronteiras de petróleo

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) já havia alertado que a produção do pré-sal deve começar a cair a partir de 2027, o que reforça a busca por novas áreas exploratórias.

O diretor-geral da ANP, Rodolfo Saboia, reiterou recentemente que a diversificação da matriz de produção é essencial para manter a autossuficiência energética do país.

Nesse contexto, a Margem Equatorial, faixa que vai da costa do Amapá ao Rio Grande do Norte, passou a ser considerada a principal aposta da Petrobras para compensar o declínio esperado do pré-sal.

A empresa iniciou, em 21 de outubro de 2025, a perfuração do primeiro poço exploratório no bloco FZA-M-59, localizado a cerca de 175 quilômetros da costa amapaense, em águas profundas.

A perfuração deve durar cerca de cinco meses e tem como objetivo identificar a presença de reservas comercialmente viáveis.

Essa etapa ainda não envolve extração de petróleo ou produção comercial.

Mapa da região da Margem Equatorial ao largo da costa do Amapá mostrando blocos de exploração petrolífera. (Imagem: divulgação Petrobras)
Mapa da região da Margem Equatorial ao largo da costa do Amapá mostrando blocos de exploração petrolífera. (Imagem: divulgação Petrobras)

Licença ambiental marca nova fase para o Amapá

Até 2024, a perfuração estava paralisada por impasses ambientais.

Com a autorização emitida pelo Ibama em 20 de outubro de 2025, a Petrobras iniciou as operações, sob um conjunto de condicionantes ambientais rigorosas.

O órgão exigiu planos de emergência e monitoramento contínuo de fauna e qualidade da água, devido à sensibilidade dos ecossistemas próximos à foz do Rio Amazonas.

O início das atividades representa uma mudança significativa para o Amapá, segundo economistas do setor energético.

O estado, que tem uma das economias menos diversificadas do país, pode se beneficiar de royalties, participações especiais e tributos caso a exploração se confirme economicamente viável.

Potencial econômico e riscos ambientais da Margem Equatorial

De acordo com especialistas consultados por universidades e pela própria Petrobras, o petróleo da Margem Equatorial apresenta características leves, o que reduz custos de refino e aumenta o retorno financeiro potencial.

No entanto, a efetiva exploração comercial dependerá dos resultados das perfurações e de nova rodada de licenciamento específica para produção, o que pode levar até dez anos.

A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) estima que o ciclo completo — do início da exploração até a produção efetiva — pode durar entre sete e dez anos, caso os resultados sejam positivos.

Assim, mesmo em um cenário favorável, o primeiro barril produzido na região só chegaria ao mercado na década de 2030.

Ambientalistas, por outro lado, mantêm preocupação com os impactos em áreas sensíveis.

Entidades afirmam que o risco de acidentes e vazamentos deve ser monitorado permanentemente, já que a região abriga ecossistemas complexos, como manguezais e o recife amazônico.

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Investimentos da Petrobras e próximos passos

A Petrobras prevê investir US$ 3 bilhões entre 2025 e 2029 na Margem Equatorial, com a perfuração de até 15 poços exploratórios nesse período.

O objetivo é ampliar o conhecimento geológico da bacia e confirmar o potencial produtivo da região.

A estatal informou que os trabalhos são realizados com “as mais rigorosas práticas de segurança e proteção ambiental”.

O primeiro poço do FZA-M-59 servirá como referência para futuras campanhas de perfuração.

Caso os resultados sejam positivos, a empresa deverá solicitar novos licenciamentos para a fase de desenvolvimento e produção.

Desafios logísticos e de infraestrutura no Amapá

Apesar do avanço da exploração, especialistas em energia e logística apontam que a região ainda carece de infraestrutura adequada para suportar operações de grande porte.

O Amapá não possui bases portuárias específicas nem centros de apoio offshore em escala compatível com os grandes polos produtores do Sudeste.

Analistas destacam que o desenvolvimento da cadeia produtiva e da mão de obra local será fundamental para garantir que o estado se beneficie diretamente dos investimentos.

Sem essa estrutura, parte da operação pode acabar concentrada em outras regiões com melhor capacidade logística.

Impactos fiscais e estratégicos para o Brasil

A EPE e a ANP avaliam que a Margem Equatorial poderá ajudar o Brasil a manter sua autossuficiência energética e reduzir importações de petróleo no longo prazo, sobretudo se o pré-sal confirmar o ritmo de declínio previsto.

Além de royalties, o novo polo poderia elevar a arrecadação de impostos e gerar efeitos indiretos sobre a economia nacional.

Para analistas do setor, o avanço da fronteira amazônica é estratégico também sob o ponto de vista da soberania energética, ao diversificar as fontes de produção e reduzir a dependência de uma única província.

Comparação com São Paulo e perspectivas econômicas

A possibilidade de o Amapá superar São Paulo em riqueza, mencionada em debates públicos e por especialistas, é considerada remota no curto prazo.

São Paulo concentra o maior PIB do país e tem uma economia diversificada, sustentada por indústria, serviços e tecnologia.

Economistas afirmam, contudo, que a exploração da Margem Equatorial pode colocar o Amapá em outro patamar de desenvolvimento.

Caso a produção se concretize e os recursos sejam aplicados em infraestrutura, educação e inovação, o estado pode reduzir desigualdades e aumentar sua participação no PIB nacional.

Um novo ciclo para a indústria do petróleo brasileira

A descoberta e o início da perfuração no Amapá inauguram uma nova etapa para a indústria de óleo e gás no Brasil.

Para especialistas, trata-se de um marco comparável ao início do pré-sal em 2006, com potencial de reposicionar o país no mercado global de energia.

O sucesso da Margem Equatorial dependerá do equilíbrio entre desenvolvimento econômico, responsabilidade ambiental e estabilidade regulatória.

O desafio está em saber se o Amapá conseguirá transformar o avanço exploratório em prosperidade sustentável e se a nova fronteira energética será suficiente para manter o Brasil entre as potências do setor.

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas e também editor do portal CPG. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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