O Paraná inicia uma transformação viária ao substituir o asfalto tradicional por concreto em rodovia estratégica, investindo em soluções de maior durabilidade e novas estruturas para motoristas e comunidades locais.
O Paraná está promovendo uma transformação significativa em sua malha viária ao decidir abandonar o asfalto tradicional e investir em pavimento de concreto na rodovia PR-466, utilizando uma solução reconhecida internacionalmente por sua durabilidade.
A mudança representa um novo capítulo para a infraestrutura estadual, visando reduzir custos de manutenção e aumentar a segurança no trânsito, ao mesmo tempo em que se adapta a demandas crescentes por vias de maior resistência.
De acordo com o governo do estado, em publicação feita na última quinta-feira (26), o Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER/PR), órgão vinculado à Secretaria de Infraestrutura e Logística (SEIL), realizou uma audiência pública para detalhar a obra de ampliação e restauração da PRC-466.
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O projeto cobre um trecho de 51,86 quilômetros entre Porto Ubá, em Lidianópolis, e o acesso à subestação de Furnas, em Manoel Ribas, contemplando ainda municípios como Jardim Alegre, Ivaiporã e Ariranha do Ivaí.
A proposta é utilizar o pavimento rígido de concreto, técnica conhecida como whitetopping, que confere uma vida útil estimada de até 30 anos ao novo revestimento, superando os tradicionais limites do asfalto.
Técnicas de pavimento rígido e durabilidade
Segundo informações oficiais do DER/PR, o pavimento asfáltico antigo servirá como base estrutural para a nova camada de concreto, seguindo padrões já testados em rodovias de países como Estados Unidos, Alemanha e Japão.
No Brasil, esse tipo de intervenção é visto em rodovias com grande circulação de caminhões, onde o desgaste é mais acelerado.
Especialistas em infraestrutura destacam que o concreto proporciona menor frequência de reparos, aumento da aderência e resistência ao calor, fatores relevantes para a malha rodoviária do estado.
Duplicação, terceiras faixas e padrão das pistas
O projeto da PR-466 prevê a duplicação de 15,9 quilômetros do percurso, com início próximo ao entroncamento da PR-082 e extensão de aproximadamente 3,7 quilômetros após o segundo acesso a Ivaiporã, região próxima ao Parque de Exposições do município.
Nos demais trechos, o plano inclui a implantação de 17,1 quilômetros de terceiras faixas em locais críticos, facilitando ultrapassagens e contribuindo para a segurança de motoristas e passageiros.
Todas essas pistas adicionais seguirão o mesmo padrão de concreto rígido, medida adotada para ampliar a vida útil e minimizar custos operacionais.
Especificações técnicas para segurança viária
Os projetos contemplam ainda especificações técnicas voltadas para segurança viária.
As faixas de tráfego das novas pistas terão largura de 3,6 metros, acompanhadas de acostamentos externos de 2,5 metros nos trechos simples e duplos, além de uma faixa de segurança de 1 metro nas terceiras faixas, onde não há espaço para acostamento convencional.
Essa configuração é alinhada a normas de engenharia que buscam reduzir pontos de conflito e garantir fluidez mesmo em horários de pico ou períodos de maior movimento agrícola, característicos da região.
Novos viadutos e pontes ampliadas
Entre os destaques do empreendimento está a construção de seis novos viadutos, que substituirão rotatórias e cruzamentos em nível por estruturas mais seguras e eficientes.
Estão previstos viadutos em Lidianópolis, Jardim Alegre e Ivaiporã, além de uma ligação fundamental no entroncamento com a PR-082, facilitando o acesso ao município de Lunardelli.
Em Jardim Alegre, dois novos viadutos serão erguidos nos entroncamentos com a Avenida Mattos Leão, enquanto em Ivaiporã outros dois viadutos servirão ao entroncamento com o acesso secundário e com a Avenida Ladislao Gil Fernandes.
Outro ponto de atenção do projeto é a ampliação da ponte sobre o Rio Ivaí, que marca o limite entre Lidianópolis e Cruzmaltina.
A estrutura passará a contar com acostamentos e passeios para pedestres separados por barreiras de concreto, em um total de 289,6 metros de extensão, reforçando a segurança para quem trafega e para moradores das localidades vizinhas.
O reforço na ponte acompanha a tendência de priorizar o acesso seguro e adaptado a diferentes tipos de usuários, incluindo pedestres e ciclistas.
Outras melhorias e impacto regional
Além das intervenções principais, estão previstas novas rotatórias, retornos em nível, vias marginais em perímetros urbanos e demais melhorias para aumentar a capacidade do tráfego e facilitar a mobilidade regional.
Essas adaptações atendem tanto às necessidades de motoristas quanto ao fluxo agrícola e logístico, já que a PR-466 conecta importantes polos produtivos do interior paranaense.
O pacote de obras é apontado por gestores do setor como fundamental para o desenvolvimento econômico e para a competitividade das exportações do estado.
Participação da comunidade e transparência
A participação da comunidade local tem sido parte fundamental do processo.
A audiência pública, realizada no auditório do DER/PR e transmitida ao vivo pela internet, recebeu expressiva participação de moradores das cidades impactadas, com apresentação de dúvidas, sugestões e reivindicações relacionadas ao andamento das obras, prazos de execução e eventuais impactos ambientais.
A transparência do debate busca atender exigências legais e consolidar a integração entre governo e sociedade civil na gestão de grandes projetos.
Tendência do concreto em rodovias brasileiras
Ao adotar o concreto como padrão em um projeto de grande escala, o Paraná se alinha a uma tendência global de busca por soluções de infraestrutura de longa duração e manutenção menos frequente.
No Brasil, outros estados também analisam a viabilidade dessa transição, especialmente em corredores logísticos estratégicos.
O concreto, além de oferecer maior resistência ao impacto de veículos pesados, pode contribuir para a diminuição do número de operações tapa-buraco e intervenções emergenciais que frequentemente prejudicam o fluxo e geram custos adicionais ao poder público.
Comparativo nacional e perspectivas
A obra da PR-466 ocorre em um cenário de ampliação de concessões rodoviárias no Paraná e de aumento do uso de concreto em corredores logísticos por todo o país.
Estudos recentes apontam que a escolha do pavimento rígido pode ser vantajosa especialmente quando se considera o custo global da via ao longo de décadas de uso intenso.
Diferentes associações de engenharia e entidades do setor têm acompanhado a execução para avaliar o desempenho das soluções e, eventualmente, recomendar a replicação do modelo em outras rodovias estaduais e federais.
Desafios, expectativas e futuro das rodovias
Enquanto as máquinas avançam pelo interior do Paraná, especialistas, gestores públicos e motoristas acompanham de perto os impactos dessa escolha.
O desafio será demonstrar, nos próximos anos, se o investimento no concreto trará os resultados prometidos em economia, segurança e durabilidade.
Com o início das obras na PR-466, a dúvida permanece: será que outras regiões do Brasil também vão adotar o concreto como novo padrão para suas estradas mais importantes?