1. Início
  2. / Curiosidades
  3. / Esse VLT deveria ter sido entregue em 2014, custou R$ 1 bilhão e nunca saiu do papel
Tempo de leitura 3 min de leitura Comentários 0 comentários

Esse VLT deveria ter sido entregue em 2014, custou R$ 1 bilhão e nunca saiu do papel

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 22/07/2025 às 06:56
VLT
Foto; Reprodução
Seja o primeiro a reagir!
Reagir ao artigo

Prometido como legado da Copa de 2014, o VLT de Cuiabá consumiu mais de R$ 1 bilhão dos cofres públicos. Uma década depois, a obra permanece como símbolo de desperdício, promessas não cumpridas e abandono.

O Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) de Cuiabá foi um ambicioso projeto de transporte público planejado para atender à Região Metropolitana de Cuiabá e Várzea Grande, em Mato Grosso.

Concebido inicialmente para a Copa do Mundo FIFA de 2014, tinha como meta modernizar a mobilidade entre pontos-chave da região, mas acabou se tornando um exemplo de obra inacabada e controvérsia pública.

Contexto e escopo original

O VLT prevê cerca de 22,2 km de extensão, com 32 estações distribuídas em duas linhas: uma ligando o Aeroporto Internacional Marechal Rondon, em Várzea Grande, ao Centro Político e Administrativo (CPA) de Cuiabá (15 km e 22 estações); e outra conectando o Centro Sul ao Coxipó, em Cuiabá (7,2 km e 11 estações).

O projeto envolvia 40 composições CAF Urbos de 44 metros, com capacidade para 71 passageiros sentados cada, planejadas para circular com intervalos de três minutos nos horários de pico, transportando até 8 000 passageiros por hora.

O orçamento previsto inicialmente era de R$ 1,4 bilhão, mas as obras consumiram mais de R$ 1,06 bilhão até 2016, quando foram completamente paralisadas.

Iniciadas em 2012, as obras foram suspensas em 2015 por determinação judicial, motivadas por suspeitas de irregularidades nas licitações e falta de projetos executivos adequados.

Alternativas e mudança de caminho

O Estado do Mato Grosso decidiu abandonar a conclusão do VLT, optando por implantar um sistema BRT (Bus Rapid Transit), com corredor dedicado a ônibus elétricos.

A proposta surgiu em consulta pública em 2021, quando se avaliou a troca de modal por razões técnicas e financeiras.

As estruturas do VLT começaram a ser desmontadas em 2022–2023, dando lugar às obras do BRT, mesmo diante de resistência da prefeitura de Cuiabá empenhada em retomar o sistema sobre trilhos.

A fragmentação política aprofundou o impasse entre esfera estadual e municipal, especialmente após o governo estadual vender os trens para o Estado da Bahia, em 2024, por R$ 793,7 milhões.

Destino do material rodante

Dos 40 trens CAF Urbos, 7 foram deslocados em meados de 2025 para Hortolândia (SP), onde passarão por manutenção antes de seguir para Salvador (BA), para integração ao novo VLT local.

A negociação foi intermediada pelo TCU e pelo consórcio de partidos, selada em acordo envolvendo Mato Grosso, Bahia e a CAF.

O VLT de Cuiabá tornou-se um estudo de caso emblemático na gestão de grandes projetos urbanos no Brasil.

Idealizado para transformar a mobilidade urbana antes de 2014, transformou-se em símbolo da complexidade de conjugação entre planejamento, licitação, gestão pública e viabilidade econômica em territórios metropolitanos.

Com mais de R$ 1 bilhão já investido, o abandono e a conversão em BRT apontam para uma lição sobre realismo fiscal e técnico, embora também provoquem frustração coletiva.

A venda dos trens e sua utilização em Salvador pode minimizar perdas financeiras.

No entanto, o debate sobre a mobilidade do futuro em Cuiabá segue aberto: BRT ou, quem sabe, um dia, de novo, o VLT nos trilhos da cidade.

Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x