Apesar de liderar o ranking global de reservas, a Venezuela amarga baixa produção por causa de sanções, colapso estrutural e crise política
A afirmação de que a Venezuela tem mais petróleo do que qualquer outro lugar do mundo é respaldada por dados oficiais da U.S. Energy Information Administration (EIA). Com 303 bilhões de barris certificados, o país supera até mesmo a Arábia Saudita. No entanto, o que impressiona nas reservas contrasta com a dura realidade da produção.
Mesmo com tanta riqueza no subsolo, a Venezuela enfrenta sérias dificuldades para extrair, refinar e comercializar petróleo em larga escala. O país já chegou a produzir 3 milhões de barris por dia, mas hoje gira em torno de 770 mil — o que o coloca na 21ª posição entre os maiores produtores mundiais, segundo dados da OPEP e da própria EIA.
Reservas não são sinônimo de produção
Segundo levantamento da Visual Capitalist com base na EIA, a Venezuela tem mais petróleo do que qualquer outro lugar, seguida por Arábia Saudita (267 bilhões de barris) e Irã (208 bilhões). Ainda aparecem no ranking países como Canadá, Iraque, Emirados Árabes, Kuwait, Rússia e EUA.
-
Energisa aponta gás natural como solução energética para data centers no Brasil
-
IBP celebra isenção dos EUA para petróleo e gás brasileiro e destaca importância no comércio bilateral
-
Mega gasoduto de Uberaba de 300 KM impulsionará industrialização no Triângulo Mineiro até 2030
-
Setor energético comemora: Brasil fura bloqueio tarifário e garante acesso total ao mercado americano
Entretanto, a produção ativa é dominada por Estados Unidos, Rússia e Arábia Saudita, que operam entre 8 e 12 milhões de barris por dia. A Venezuela, mesmo com gigantescas reservas, não consegue acompanhar o ritmo, por diversos fatores: deterioração da infraestrutura, sanções econômicas, falta de investimento estrangeiro e fuga de talentos técnicos da PDVSA (estatal petrolífera).
A força política da OPEP e o papel estratégico do petróleo
A Venezuela é membro-fundador da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), criada em 1960 ao lado de Irã, Kuwait, Iraque e Arábia Saudita. O grupo controla cerca de 80% das reservas mundiais e atua coordenando a produção entre seus membros — o que afeta diretamente os preços globais do petróleo.
Mesmo com essa força, a Venezuela tem pouca influência prática no mercado internacional. O país vende parte de sua produção à China e outros parceiros que ignoram sanções dos EUA e da União Europeia. Os preços mais baixos, nesse caso, se tornam uma moeda de troca.
A China entra no jogo com produção recorde
Apesar de não figurar entre os países com grandes reservas, a China tem investido pesado para reduzir sua dependência externa. Em março de 2025, bateu recorde de 4,6 milhões de barris por dia produzidos. Além disso, o país acumula mais de 1,1 bilhão de barris em estoque, reforçando sua segurança energética em meio a crises globais.
Já os Estados Unidos mantêm cerca de 400 milhões de barris em reservas estratégicas, prontas para uso em situações emergenciais, como choques de oferta ou conflitos internacionais.
Petróleo ainda define o tabuleiro global
Mesmo com o avanço das energias renováveis, o petróleo continua central para a geopolítica. Conflitos como o do Oriente Médio, tensões no Golfo Pérsico e até a guerra entre Rússia e Ucrânia mostram que o petróleo ainda move exércitos, alianças e sanções.
No caso da Venezuela, o desafio vai além da extração: é uma questão de reconstrução institucional e econômica. Até lá, o país continuará sendo o “rico que não pode gastar”, com o maior tesouro petrolífero do mundo — mas com produção limitada e influência reduzida.
Você acredita que a Venezuela vai conseguir reverter esse cenário e voltar a ser uma potência petrolífera? Ou o mundo já caminha para além do petróleo? Deixe sua opinião nos comentários.