A JBS se prepara para ter a maior planta de bovinos da América Latina, mas no setor de aves, a disputa pelo título de maior frigorífico do Brasil revela uma liderança surpreendente e estratégias de crescimento distintas.
A pergunta sobre qual é o maior frigorífico do Brasil não tem uma resposta única. A liderança no gigantesco setor de proteína animal do país é dividida, com empresas diferentes dominando o processamento de cada tipo de carne. De um lado, a JBS avança para consolidar sua hegemonia na carne bovina com uma expansão bilionária. Do outro, no setor de aves, a disputa pela liderança em volume revela um cenário competitivo e tecnologicamente avançado.
De acordo com dados da indústria compilados por publicações como a revista Forbes, a corrida pelo topo é marcada por investimentos massivos, estratégias de crescimento opostas e uma busca incessante por novos mercados, especialmente o chinês. A análise dos maiores players revela quem são os verdadeiros titãs da proteína no Brasil.
O futuro líder da carne bovina: a expansão do frigorífico da JBS em Campo Grande (MS)
No setor de carne bovina, a JBS está prestes a inaugurar a maior planta da América Latina. Em 12 de abril de 2024, a empresa anunciou um investimento de R$ 150 milhões para expandir sua unidade Campo Grande II, em Mato Grosso do Sul.
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O projeto, que contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu anúncio, vai duplicar a capacidade de abate diário da planta, de 2.200 para 4.400 cabeças de gado. A expansão, prevista para ser concluída em 2025, também vai dobrar o número de funcionários, de 2.300 para 4.600. O gatilho para o investimento foi a habilitação da unidade para exportar para a China, concedida em março de 2024.
A disputa no setor de aves: a tecnologia da SSA e a liderança da C.Vale
No setor de aves, a disputa pelo título de maior frigorífico do Brasil é mais complexa. Embora a planta da São Salvador Alimentos (SSA), em Nova Veneza (GO), seja frequentemente citada, ela se destaca mais pela tecnologia do que pelo volume.
Dados do setor indicam que a maior planta de abate de frangos do país pertence, na verdade, à cooperativa C.Vale, em Palotina, no Paraná, com uma capacidade de processamento de 530.000 aves por dia. A planta da SSA, embora seja uma das mais modernas do mundo, com automação de ponta, tem uma capacidade atual de cerca de 200.000 aves por dia.
A estratégia da SSA: a busca pela liderança com automação e Indústria 4.0
Apesar de não ser a líder em volume, a SSA tem um plano ambicioso. A empresa, cujas marcas mais conhecidas são a SuperFrango e a Boua, tem como meta atingir uma capacidade consolidada de 1 milhão de aves por dia até 2025.
Para isso, a companhia está investindo pesado em tecnologia e automação. Em 2024, a empresa concluiu um investimento de R$ 80 milhões na modernização de sua sala de cortes e planeja aportar mais R$ 100 milhões para implementar os conceitos da Indústria 4.0, buscando a liderança através da eficiência e da qualidade.
Modelos de crescimento distintos: a escala global da JBS e o foco orgânico da SSA
A comparação entre as duas empresas revela estratégias opostas. A JBS, liderada pelos irmãos Joesley e Wesley Batista, aposta na escala global, em grandes aquisições e no acesso ao mercado de capitais para financiar seu crescimento, como demonstra seu plano de dupla listagem de ações na bolsa de Nova York (NYSE).
Já a SSA, fundada por José Carlos de Souza, segue um modelo de crescimento orgânico e autofinanciado. A empresa foca na excelência operacional e na integração vertical para construir um negócio resiliente, sem a necessidade de recorrer ao mercado de capitais no curto prazo.
A corrida por mercados e os desafios de ESG
O que move esses gigantes é a força do mercado de exportação. O Brasil é o maior exportador mundial tanto de carne bovina quanto de frango, e o acesso a mercados como a China é o principal motor para os investimentos em expansão.
No entanto, o crescimento traz consigo uma pressão cada vez maior por práticas sustentáveis. A JBS, por operar na Amazônia, enfrenta um escrutínio constante de ONGs como o Greenpeace sobre a rastreabilidade de sua cadeia de fornecedores. Já a SSA, no Cerrado, foca em certificações de qualidade para garantir seu acesso a mercados exigentes. A gestão dos riscos ambientais, sociais e de governança (ESG) será, cada vez mais, um fator decisivo para definir quem será o maior frigorífico do Brasil.