Enquanto a Nasa chegou a Plutão com R$ 2,2 bilhões, obras no Brasil já chegaram a custar mais de R$ 40 bilhões — confira 5 obras que ultrapassa de longe o valor gasto pela agência americana em sua missão
Levar uma sonda até Plutão parece coisa de outro mundo. Mas, para a Nasa, isso custou “apenas” US$ 700 milhões — algo em torno de R$ 2,2 bilhões. Com esse valor, foi possível tirar a primeira foto de perto do planeta anão, que rodou o mundo e ganhou destaque na internet. Parece muito? No Brasil, há obras de infraestrutura com custo até 15 vezes maior.
Uma dessas obras é a ampliação do metrô de São Paulo. Com várias linhas ainda em construção ou expansão, o projeto já ultrapassou os R$ 42 bilhões em investimentos. É o tipo de gasto que permitiria ao Brasil chegar a Plutão mais de uma dezena de vezes — se esse fosse o destino.
A comparação com a missão espacial da Nasa destaca o tamanho dos valores envolvidos em obras públicas brasileiras, que frequentemente acumulam atrasos, revisões e complicações ao longo dos anos.
-
CEO da Volkswagen do Brasil reage à isenção para importados e diz que fábrica do Tera gerou 2.860 empregos com 85% de peças nacionais
-
Com R$ 50 milhões para investir, Cavalletta prepara chegada ao interior paulista com nova fábrica inédita de motos elétricas
-
Altos preços de hotéis disparam em Belém e COP30 corre risco real de ser retirada do Brasil com reclamação de 25 países
-
Por que o yuan pode mudar o comércio mundial – e o que isso significa para o dólar, para os EUA e para o bolso do brasileiro
Metrô de São Paulo: atrasos e bilhões
A ampliação do metrô de São Paulo continua sendo um dos projetos mais caros em andamento no país. Diversas linhas seguem em construção ou expansão ao mesmo tempo. O valor total da obra já ultrapassa os R$ 42 bilhões.
E os atrasos continuam marcando o ritmo. Linhas como a 6-Laranja, por exemplo, acumulam mudanças no cronograma. A previsão de entrega inicial era 2020, mas a data foi empurrada para 2026. Outras linhas, como a 2-Verde, também enfrentam adiamentos sucessivos, com prazos que mudam ano após ano.
Belo Monte: maior obra em andamento
A Usina Hidrelétrica de Belo Monte já está em operação, mas seu custo bilionário ainda chama atenção. O projeto, que consumiu cerca de R$ 40 bilhões, foi um dos mais caros da história do país.
Durante a fase de construção, o empreendimento se tornou alvo de investigações do Ministério Público e do TCU, que apuraram a participação de empresas citadas na Operação Lava Jato.
Mesmo concluída, a usina segue como símbolo de uma obra marcada por atrasos, controvérsias e gastos elevados.
Comperj: foco da Lava Jato
O Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), atualmente conhecido como GasLub Itaboraí, continua sendo um dos projetos mais caros já tocados pela Petrobras.
O investimento total supera os R$ 20 bilhões. A obra ficou marcada por paralisações e investigações durante os anos da Operação Lava Jato, que identificou indícios de gastos irregulares e prejuízos estimados em cerca de R$ 1 bilhão.
Embora parte das instalações tenha sido reaproveitada para novos empreendimentos na área de gás natural, o projeto original jamais foi concluído como planejado.
Transposição do São Francisco: obra polêmica
A transposição do Rio São Francisco teve início com previsão de conclusão em 2012, mas enfrentou sucessivos atrasos. O projeto só foi considerado concluído em 2022, após quase duas décadas de obras.
A iniciativa teve como objetivo levar água do rio São Francisco a regiões do semiárido nordestino, por meio de canais artificiais que conectam bacias hidrográficas.
O custo total da obra ultrapassou os R$ 12 bilhões, bem acima dos R$ 8,2 bilhões inicialmente estimados. Mesmo finalizada, a transposição ainda enfrenta desafios relacionados à operação e manutenção dos canais.
Ferrovia Norte-Sul: quase três décadas
A Ferrovia Norte-Sul teve suas obras iniciadas nos anos 1980 e levou décadas para avançar. O trecho entre Ouro Verde (GO) e Estrela d’Oeste (SP), com custo estimado em R$ 4,3 bilhões, foi concluído apenas em 2020.
Mesmo com esse avanço, a ferrovia ainda não cumpre totalmente sua promessa original de integrar o Brasil por trilhos de norte a sul.
A operação plena depende de trechos adicionais, concessões privadas e melhorias logísticas em outras regiões. Ao longo dos anos, a obra se tornou símbolo de atrasos, replanejamentos e investimentos prolongados.
Essas cinco obras mostram como os custos com infraestrutura no Brasil atingem valores astronômicos. Em muitos casos, o que era para melhorar a vida do cidadão, acaba ficando no papel ou andando a passos lentos — custando, literalmente, mais do que uma viagem até Plutão.
Com informações de F5.folha.