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A obra mais antiga do Brasil: BR-156, a rodovia brasileira que está há 93 anos em construção

Escrito por Flavia Marinho
Publicado em 29/05/2025 às 16:42
Atualizado em 04/06/2025 às 18:34
A obra mais antiga do Brasil: BR-156, a rodovia brasileira que está há 93 anos em construção
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A obra mais antiga do Brasil ainda em andamento: 93 anos de investimentos bilionários, enrolação e prejuízo na construção da rodovia BR-156

Imagine viver em um estado onde a principal rodovia que liga a capital à fronteira internacional está em obras há mais de 90 anos — e ainda não foi concluída. Essa é a realidade da BR-156, no Amapá, uma estrada federal com cerca de 823 quilômetros de extensão, que liga Laranjal do Jari, no extremo sul do estado, até Oiapoque, na fronteira com a Guiana Francesa. A rodovia corta o estado de norte a sul e deveria ser um dos pilares da integração regional, mas acabou se tornando um símbolo do atraso e da negligência.

Iniciada em 1932, a BR-156 é considerada a obra mais antiga do Brasil ainda em andamento. Em nove décadas, o que se viu foram promessas não cumpridas, trechos abandonados e bilhões de reais em investimentos que não se traduziram em uma construção digna.

Uma rodovia esquecida pelo tempo e pelos políticos

BR-156 deveria ser o principal eixo de ligação entre Macapá e Oiapoque, ponto extremo ao norte do Brasil, colado na Guiana Francesa. Mas quem se aventura por lá enfrenta verdadeiras armadilhas: trechos de terra, atoleiros e um vai-e-volta de obras que logo se desfazem com a próxima chuva.

Com apenas o trecho entre Macapá e Calçoene pavimentado, essa rodovia já se tornou símbolo do abandono e da lentidão com que o Estado brasileiro encara os investimentos em infraestrutura na região Norte. Segundo a Coluna Cláudio Humberto, do site Diário do Poder, trata-se da obra mais antiga do Brasil ainda em andamento — um marco negativo difícil de engolir.

Trabalhos na BR-156 seguem empacados, sempre acompanhados de promessas de retomada e discursos de campanha

Diante de tamanha demora, muitos amapaenses se perguntam: para que serve a bancada federal do Amapá em Brasília? Afinal, são décadas de mandatos, trocas de cadeiras e alianças políticas, mas nada de concreto na estrada que mais importa para o estado.

Enquanto isso, os trabalhos na BR-156 seguem empacados, sempre acompanhados de promessas de retomada e discursos de campanha. E quando algum trecho finalmente é entregue, não demora para virar lama outra vez.

A obra mais antiga do Brasil ainda em andamento: 93 anos de enrolação e prejuízo

A história dessa rodovia é quase inacreditável. Começou como um ambicioso projeto de integração nacional, mas acabou se tornando um exemplo escancarado da ineficiência pública e da falta de continuidade nas obras federais. Já foram investidos bilhões ao longo dos anos, mas o impacto real na região continua pífio.

De acordo com informações da DNIT, existem projetos para melhorar parte da estrada, especialmente com a pavimentação de novos trechos. No entanto, como mostrou o G1, muitos contratos foram paralisados ou canceladospor falta de verbas ou por problemas com as empreiteiras. Em 2023, houve nova tentativa de retomada das obras, mas os avanços são lentos e enfrentam obstáculos técnicos e logísticos.

O impacto direto na economia, no dia a dia e no bolso dos brasileiros

BR-156 representa o principal elo de integração do Amapá com o restante do Brasil e com a América do Sul. Com sua situação precária, o escoamento de produtos agrícolas, minerais e industriais se torna inviável em muitos períodos do ano.

Para produtores e comerciantes, o resultado é claro: perda de competitividade, encarecimento do transporte e desestímulo a novos investimentos na região. Já para a população, a situação prejudica o acesso a serviços públicos, saúde, educação e até o turismo, que poderia crescer com a abertura segura da fronteira.

BR-156: a ferida aberta no mapa rodoviário do Brasil

Não é exagero dizer que a BR-156 é uma ferida aberta no mapa rodoviário do Brasil. O país que sonha com hidrovias modernas, trens de alta velocidade e transições energéticas sustentáveis não consegue entregar uma rodovia iniciada há quase um século.

Falta comprometimento das autoridades locais e federais. Enquanto isso, milhares de amapaenses continuam ilhados dentro do próprio estado, dependendo de balsas, voos caros ou enfrentando trechos intransitáveis para simplesmente circular.

O Amapá não pode mais esperar por investimentos concretos, nem continuar sendo ignorado nas prioridades de infraestrutura do país. A BR-156 precisa deixar de ser uma piada nacional e se tornar, enfim, um exemplo de reconstrução e dignidade.

Você é morador do Amapá ou já se aventurou pela BR-156? Sabia que essa é a obra mais antiga do Brasil ainda em andamento? Conta pra gente nos comentários: como foi sua experiência nessa rodovia e o que você acha desse descaso que já dura quase um século? Sua opinião é importante!

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Paulo Adriano De Oliveira Ferreira
Paulo Adriano De Oliveira Ferreira
08/06/2025 07:27

Sou amapaense e estamos abandonados.
Aqui no Estado Do Amapá,nada vai pra frente.
TRISTE REALIDADE.

Alberto Júlio
Alberto Júlio
07/06/2025 16:40

A famosa obra eleitoleira, como tantas outras em nosso pais

Alves de Oliveira
Alves de Oliveira
01/06/2025 18:55

Esse Estado sempre foi esquecido. Mas um ótimo negócio para corrupção dos políticos de plantão.

Flavia Marinho

Flavia Marinho é Engenheira pós-graduada, com vasta experiência na indústria de construção naval onshore e offshore. Nos últimos anos, tem se dedicado a escrever artigos para sites de notícias nas áreas militar, segurança, indústria, petróleo e gás, energia, construção naval, geopolítica, empregos e cursos. Entre em contato com flaviacamil@gmail.com para sugestão de pauta, divulgação de vagas de emprego ou proposta de publicidade em nosso portal. Não enviar currículo.

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