Conheça a trajetória do abiu, fruta exótica da Amazônia, que se tornou sucesso nas feiras paulistas e símbolo de inovação na fruticultura familiar.
Uma fruta amazônica, de polpa gelatinosa e sabor doce, está conquistando os mercados paulistas. O abiu, fruta exótica originária da Amazônia Ocidental, encontrou solo fértil e produtores dedicados em São Paulo, especialmente na pequena cidade de Mirandópolis. Foi lá que a família Shimasaki decidiu apostar na cultura há mais de 40 anos — e acertou em cheio.
A origem amazônica do abiu e sua chegada a São Paulo
O abiu tem raízes profundas na Amazônia, onde foi domesticado por povos indígenas do alto Solimões.
Segundo a Embrapa, essa seleção cuidadosa gerou frutos de alta qualidade, ricos em fibras, vitaminas A, C e do complexo B, além de minerais como ferro, fósforo e cálcio.
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A fruta, de polpa branca ou amarelada e textura gelatinosa, tem um teor de açúcar de 15% (brix) e peso médio entre 150 e 200 gramas.
Apesar de atingir até 20 metros na floresta, nos cultivos comerciais, o abieiro não ultrapassa 8 metros, o que facilita a colheita e o manejo.
Uma história de dedicação: a virada da família Shimasaki
Foi na década de 1970 que Kiyoshi Shimasaki, então produtor de grãos e café, viu na fruticultura um novo horizonte.
Começou com goiabas, depois investiu em carambola, lichia e outras variedades. Mas foi o abiu que realmente destacou a propriedade no mercado regional.
“Meu pai plantou as primeiras mudas 40 anos atrás quando procurava uma fruta diferente, doce e com alto valor agregado para ser cultivada em área pequena”, conta Júlio Shimasaki, filho de Kiyoshi e atual responsável pelo sítio da família.
Abiu: fruta exótica com produção eficiente e sustentável
Atualmente, o Sítio Shimasaki possui 500 pés de abieiro, que rendem cerca de 10 toneladas por ano, colhidas em três safras: a principal em maio e duas menores em agosto e novembro.
Uma das grandes vantagens do cultivo do abiu está no baixo custo de produção. A planta é resistente, não exige o uso de inseticidas ou fungicidas, e o manejo é feito com adubação convencional.
Além disso, a irrigação garante a produtividade, já que a espécie precisa de alto volume de água — aproximadamente 1.800 mm anuais.
Outro diferencial é a padronização dos frutos por meio de enxertia, técnica que ajuda a manter o tamanho ideal entre 150 e 200 gramas — padrão preferido pelo mercado.
Mercado promissor
Cerca de 95% da produção da fruta é destinada à Ceagesp, em São Paulo, onde o abiu se destaca entre as frutas exóticas.
O restante é vendido diretamente na região, como forma de divulgar e popularizar o consumo.
As frutas são comercializadas em bandejas plásticas de 500 gramas, organizadas em caixas com seis unidades.
No início da safra, o preço do quilo chega a R$ 20,00, valor expressivo para pequenos produtores.
Abiu: fruticultura familiar e novas apostas
O sucesso com o abiu impulsionou a família Shimasaki a seguir inovando. Para o próximo ano, há planos de plantar 100 pés de achachairu, uma fruta exótica da Bolívia, sinalizando que a diversificação segue como estratégia para manter a competitividade e a sustentabilidade do negócio.
O caso do abiu mostra como uma fruta exótica da Amazônia pode ganhar espaço no Sudeste, gerando renda e fortalecendo a agricultura familiar.
A valorização dessa fruta tropical, aliada ao cuidado no manejo e na apresentação, é um exemplo inspirador de como tradição, conhecimento técnico e inovação podem transformar uma cultura regional em produto de destaque no mercado nacional.
Com informações do site ABRAFRUTAS.