Tarifa contra Brasil eleva impostos sobre carne bovina a 76,4% e ameaça transformar hambúrguer em item caro nos Estados Unidos, com risco de escassez semelhante ao dos ovos em 2024.
O mercado de alimentos nos Estados Unidos enfrenta uma nova pressão inflacionária. Segundo a Infomoney, a tarifa contra Brasil imposta pelo governo Donald Trump em agosto de 2025 aumentou em 40% os impostos sobre a carne bovina brasileira, elevando a carga total para 76,4%. Com isso, os embarques ficaram inviáveis e abriram caminho para um cenário em que o hambúrguer pode deixar de ser acessível para milhões de famílias americanas.
Até julho, o Brasil havia dobrado suas exportações para os EUA, fornecendo carne magra usada em mistura com cortes locais mais gordurosos na produção de hambúrgueres. Agora, sem esse fornecimento, a pressão sobre os preços tende a se intensificar em meio à menor oferta doméstica.
Carne bovina vira novo símbolo da inflação
Após os ovos terem se tornado símbolo da alta de preços em 2024, é a vez da carne bovina ganhar protagonismo.
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Dados do Departamento de Estatísticas do Trabalho dos EUA (BLS) mostram que o produto registrou oito meses consecutivos de alta, sendo agosto o maior salto mensal em quase quatro anos.
A ausência da carne brasileira é particularmente grave porque ela representa um insumo-chave para a indústria de hambúrgueres.
Darin Parker, presidente da PMI Foods e membro da U.S. Meat Export Federation, foi categórico: “Os preços da carne bovina podem se tornar o problema dos ovos da administração Biden”.
Rebanho americano em queda e oferta pressionada
O problema não se limita à tarifa. O rebanho americano é o menor em décadas, e o número de vacas abatidas caiu quase 9% em relação a 2024, segundo grandes frigoríficos como Tyson Foods e JBS USA.
A suspensão recente da compra de gado do México por razões sanitárias agravou ainda mais a falta de oferta.
Esse conjunto de fatores criou um ambiente de pressão inflacionária que coloca a carne no centro do debate político.
Para muitos analistas, a decisão de Trump pode ter consequências semelhantes às crises de abastecimento vistas nos últimos anos em outros produtos básicos.
Concorrentes ocupam espaço, mas não suprem a demanda
Com a saída do Brasil, a Austrália ampliou suas exportações em 22% até agosto, beneficiada por uma tarifa de apenas 10% e por uma safra recorde.
Uruguai e Argentina também aumentaram seus embarques, mas enfrentam barreiras mais altas de 36,4% sobre volumes que excedem as cotas.
Mesmo assim, os analistas concordam que não há volume suficiente para compensar a ausência brasileira.
Existe a expectativa de que o México compre carne brasileira para reexportar a sua própria aos EUA, mas essa estratégia tem limites logísticos e regulatórios.
Hambúrguer pode se tornar artigo de luxo nos EUA
Segundo Parker, os estoques acumulados antes da tarifa devem se esgotar em poucos meses, tornando inevitável o repasse ao consumidor.
Redes de fast food e supermercados já buscam contratos antecipados de fornecimento, numa tentativa de reduzir a volatilidade.
O impacto vai além da mesa dos americanos. O hambúrguer, símbolo da cultura popular dos EUA, pode se transformar em artigo de luxo, pressionando especialmente a classe média.
A crise também tem peso político: a inflação dos alimentos marcou a gestão Biden e agora ameaça a imagem de Trump, desta vez por efeito direto de suas decisões comerciais.
E você, acredita que a tarifa contra Brasil vai mesmo transformar o hambúrguer em um produto de luxo nos Estados Unidos? Como avalia o impacto dessa disputa comercial? Deixe sua opinião nos comentários — queremos ouvir sua visão sobre esse tema.