Durante anos, a eletrificação dos caminhões foi vista como inviável. Mas agora, especialistas garantem que a tecnologia necessária já está disponível e funcionando.
Durante muito tempo, a eletrificação do transporte pesado parecia algo distante. Os caminhões exigem mais energia, têm rotinas intensas e rodam longas distâncias.
Por isso, muitos duvidaram da viabilidade desses veículos com propulsão elétrica. No entanto, isso está mudando. Hoje, especialistas garantem que não há mais obstáculos técnicos.
O mais importante é que a tecnologia já existe e funciona.
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A dúvida agora não é se caminhões elétricos serão viáveis, mas quando a transição vai de fato acontecer em larga escala.
Especialistas confirmam: os caminhões elétricos funcionam
Anders Grauers, professor da Universidade de Tecnologia de Chalmers, na Suécia, é um dos nomes mais respeitados no tema.
Ele trabalha com veículos elétricos, infraestrutura de carregamento e eficiência energética.
Em entrevista ao site Electrive, foi direto: “a eletrificação de caminhões não enfrenta mais obstáculos técnicos reais”.
Segundo Grauers, há pelo menos três soluções prontas: caminhões elétricos com bateria recarregável, veículos movidos a hidrogênio e até sistemas rodoviários com energia elétrica.
Todas funcionam bem. A escolha depende da aplicação.
Marcas como MAN Truck & Bus e Volvo já estão avançadas na produção desses modelos.
A Tesla também apresentou seu caminhão Semi, que atraiu atenção mesmo com algumas polêmicas.
Transição exige paciência e ação concreta
Apesar do otimismo dos especialistas, muitos operadores logísticos ainda duvidam da viabilidade dos caminhões elétricos.
Para Grauers, essa resistência vem, em parte, da pressa. “Queremos uma transição muito rápida”, alerta.
Forçar a mudança pode gerar rejeição. Segundo ele, o melhor caminho é agir com paciência e determinação.
Entre as ações urgentes estão: ampliar o conhecimento técnico, fazer grandes demonstrações e criar políticas públicas voltadas à eletrificação.
“Já participei de projetos com fabricantes, operadores e empresas de recarga. Eles funcionam. A tecnologia está pronta. Só precisamos expandir”, reforça Grauers.
Peso das baterias ainda é um desafio técnico
O custo dos caminhões elétricos é uma preocupação constante. Mas não é o único problema. O peso das baterias também interfere no desempenho desses veículos.
Em carros de passeio, isso importa pouco. Em caminhões, afeta diretamente a carga transportada.
“Para caminhões, o peso da bateria é um fator limitante”, explica o especialista.
Ele afirma que, se fosse só uma questão de custo, as baterias atuais já seriam lucrativas para muitos trajetos.
Por isso, é preciso encontrar um equilíbrio. Baterias menores são mais baratas, mas duram menos. Já as maiores duram mais, mas podem pesar demais.
A sugestão de Grauers é clara: aumentar um pouco o tamanho — entre 20% e 25% — pode ser vantajoso, desde que o peso não seja um problema.
Além disso, nem todos os caminhões precisam rodar 1.000 km por dia. Muitos fazem percursos curtos, o que viabiliza o uso de baterias mais compactas.
Carregamento é ponto-chave para reduzir custos
Outro ponto central é o carregamento. O chamado Custo Total de Propriedade (TCO) depende disso. É esse número que define se vale a pena investir em um caminhão elétrico. E o carregamento pesa muito nessa conta.
Para Grauers, a maioria das empresas pode operar com um carregamento diário na base. Só será necessário recorrer a carregadores públicos quando houver imprevistos. Mas, no caso de transporte de longa distância, a situação complica.
De 40% a 50% da energia usada por esses veículos terá que vir de estações públicas. Isso exige uma infraestrutura robusta e barata. Atualmente, não é o caso.
“Nossos estudos mostram que o preço da recarga pública precisa cair pela metade para tornar viável o transporte elétrico de longa distância”, afirma o professor.
Hora de agir: a tecnologia está pronta
A eletrificação do transporte pesado é uma peça essencial na luta contra as mudanças climáticas.
Ainda há barreiras, como o custo, a infraestrutura e a adaptação dos operadores.
Mas o mais importante já foi superado: a parte técnica.
O futuro agora depende de decisões econômicas e políticas. Se os governos e as empresas agirem, a transição pode ocorrer de forma eficiente.
E, como mostra Grauers, não falta tecnologia — falta vontade de implementar.