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Espanha em crise: falta de mão de obra qualificada paralisa construções e agrava crise habitacional

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 30/01/2025 às 12:05
Espanha em crise: falta de mão de obra qualificada paralisa construções e agrava crise habitacional
A falta de mão de obra na construção na Espanha acontece porque muitos trabalhadores experientes estão se aposentando e não há jovens interessados em substituí-los, já que o setor é visto como instável e desgastante. Além disso, muitos imigrantes que ocupavam esses cargos voltaram para seus países, aumentando ainda mais a escassez de profissionais.

Sem trabalhadores, sem casas: Espanha precisa de 700 mil profissionais na construção civil para conter crise imobiliária e falta de mão de obra qualificada.

A crise habitacional na Espanha se agrava a cada ano. O aumento no preço dos aluguéis e a dificuldade de acesso à moradia impulsionam a necessidade de novas construções. No entanto, o setor da construção enfrenta um obstáculo imenso: a escassez de mão de obra qualificada. Mesmo havendo demanda para erguer mais residências, falta quem possa construí-las.

O problema da escassez de trabalhadores na construção civil

As previsões da associação patronal do setor indicam que a Espanha precisa urgentemente de mais de 700 mil profissionais, incluindo pedreiros, eletricistas, encanadores e carpinteiros. Essa deficiência no mercado de trabalho impede a expansão da infraestrutura habitacional e compromete o setor imobiliário. Com menos mão de obra disponível, as obras atrasam e os custos de construção sobem, refletindo diretamente nos preços das moradias.

O declínio das profissões essenciais

Os relatórios do Serviço Europeu de Emprego (EURES) apontam que quase metade das profissões com escassez de trabalhadores pertencem à construção civil. Pedreiros, eletricistas, soldadores e encanadores estão se tornando cada vez mais raros no mercado espanhol. Essa crise tem duas principais razões:

Envelhecimento da força de trabalho: Muitos dos profissionais experientes estão se aposentando sem reposição adequada.

Retorno de imigrantes aos seus países de origem: Durante anos, trabalhadores estrangeiros supriram parte da demanda, mas muitos estão deixando a Espanha.

Sem uma geração seguinte disposta a assumir essas funções, a crise só tende a se agravar.

A construção civil perdeu atratividade para os jovens

O setor enfrenta um problema de imagem. Muitos jovens enxergam a construção civil como um ambiente de trabalho duro, perigoso e pouco recompensador. Um relatório da Federação Europeia da Indústria da Construção (FIEC) indica que essa percepção negativa contribui para a escassez de mão de obra qualificada.

Fatores como baixa segurança, esforço físico intenso e contratos de trabalho instáveis desmotivam novas gerações a ingressar no setor. Em 2008, 25,2% dos trabalhadores da construção tinham menos de 30 anos. Em 2022, esse percentual caiu para apenas 9,2%.

A baixa presença feminina é outro reflexo desse problema. O setor conta com apenas 15% de mulheres empregadas, reforçando a imagem de uma indústria predominantemente masculina e pouco inclusiva.

A mudança de perspectiva: um setor mais tecnológico

Apesar da crise de mão de obra qualificada, há sinais de uma possível reviravolta. A transição ecológica e o investimento em novas tecnologias estão tornando o setor mais atrativo. Projetos sustentáveis, como a construção de parques eólicos e usinas solares, demandam novas competências e oferecem oportunidades inovadoras para trabalhadores qualificados.

Programas financiados pela União Europeia, como “Woman Can Build”, estão promovendo a inclusão de mulheres no setor. Essas iniciativas buscam desmistificar a ideia de que a construção civil é um ambiente exclusivamente masculino e abrir espaço para uma nova geração de profissionais.

O caminho para solucionar a crise de mão de obra

Para superar a falta de mão de obra qualificada, a Espanha precisa acelerar a formação de novos profissionais. A Confederação Nacional da Construção (CNC) aposta em duas soluções principais:

Investimento na formação profissional (FP): Tornar o ensino técnico mais acessível e alinhado às demandas do setor.

Retorno do modelo de aprendizes: Incentivar jovens de 16 a 18 anos a ingressarem em programas de estágio na construção para acelerar seu desenvolvimento profissional.

Apesar dessas iniciativas, os resultados não serão imediatos. Formar um profissional qualificado leva tempo, e a demanda por mão de obra já é urgente. Enquanto isso, o setor continua enfrentando atrasos e dificuldades para atender à crescente necessidade de novas habitações na Espanha.

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Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 3.000 artigos publicados no CPG. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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