O governo eslovaco afirmou que Zelenskyy teria oferecido 500 milhões de Euros como suborno para garantir o apoio à entrada da Ucrânia na OTAN. Entenda a controvérsia.
O primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, fez uma acusação contra o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, durante uma cúpula da União Europeia em Bruxelas..
Segundo Fico, Zelensky teria proposto um acordo envolvendo € 500 milhões em ativos russos em troca do apoio da Eslováquia à entrada da Ucrânia na OTAN. A declaração foi revelada pela publicação Politico e causou alvoroço no cenário político internacional.
Reunião polêmica durante a cúpula da UE
De acordo com Fico, o tema central da reunião com Zelenskyy foi o impacto financeiro sofrido pela Eslováquia devido à interrupção no trânsito de gás russo. Durante a coletiva de imprensa, o primeiro-ministro eslovaco afirmou:
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“Depois de dizer a Zelenskyy que a Eslováquia poderia perder cerca de € 500 milhões em taxas de trânsito de gás por ano, ele me perguntou se eu votaria pela adesão à OTAN se ele me desse € 500 milhões em ativos russos. E, claro, eu disse ‘nunca’.“
Ainda durante a cúpula, Fico descreveu as propostas feitas por Zelenskyy a portas fechadas como “absurdas” e afirmou que a Ucrânia havia prejudicado deliberadamente a economia eslovaca. Ele declarou que o país está enfrentando uma “crise de gás” causada pelas decisões do presidente ucraniano.
Contexto técnico e histórico da crise
O contrato de trânsito de gás entre Rússia e Ucrânia, que está em vigor desde 2020, tem previsão de expiração em 1º de janeiro de 2025.
A Ucrânia já sinalizou que não pretende renovar o acordo com a estatal russa Gazprom, algo que impacta diretamente países da União Europeia, como a Eslováquia, que depende desse gás para atender parte importante de sua demanda energética.
A posição da Ucrânia foi confirmada tanto pelo presidente Volodymyr Zelensky quanto pelo primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal. Ambos destacaram não haver NENHUMA possibilidade de renovação do acordo de trânsito.
Shmyhal também enfatizou que o sistema ucraniano estará disponível para transportar gás, desde que ele não tenha origem na Rússia.
Zelenskyy foi ainda mais direto ao afirmar que a Ucrânia não aceitará trânsito de gás russo, mesmo se este for disfarçado como gás azerbaijano.
A situação gerou desconforto entre os líderes europeus, especialmente em um momento em que a União Europeia tenta reduzir sua dependência do gás russo. Atualmente, apenas 6% do gás consumido na Europa tem origem na Rússia, com 4% desse total transitando pelo território ucraniano.
Putin recebe Fico no Kremlin
Em meio às crescentes tensões, o presidente russo Vladimir Putin recebeu Robert Fico no Kremlin neste domingo (22). A reunião ocorreu em um momento crítico, com a proximidade do fim do contrato de trânsito de gás entre Rússia e Ucrânia.
Segundo o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, as discussões se concentraram na questão do trânsito de gás e na atual conjuntura internacional.
A visita de Fico a Moscou foi anunciada poucos dias antes do encontro, levantando especulações sobre possíveis novos acordos entre a Eslováquia e a Rússia.
A dependência eslovaca do gás que transita pela Ucrânia e o aumento dos custos com transporte caso precise buscar fornecedores alternativos são questões prioritárias para o governo eslovaco.
Fico já havia alertado na cúpula europeia sobre os impactos econômicos do fim do trânsito de gás russo pela Ucrânia.
Diante da iminente interrupção do contrato de trânsito de gás, a União Europeia já está tomando medidas para minimizar os impactos.
Segundo Dan Jørgensen, comissário de Energia da UE, o bloco está trabalhando ativamente para cortar completamente os laços energéticos com a Rússia. Ele declarou:
“Nossa principal prioridade é eliminar qualquer dependência de energia russa.“
Essa estratégia faz parte de um esforço conjunto para reduzir os riscos geopolíticos e aumentar a segurança energética do bloco, especialmente após quase dois anos de guerra entre Rússia e Ucrânia.
Futuro incerto para a Eslováquia
A postura firme da Ucrânia em não renovar o contrato de trânsito e a visita de Fico a Putin indicam um cenário complexo para a Eslováquia. Com uma dependência do gás russo e críticas públicas ao apoio da Ucrânia à OTAN, o governo eslovaco enfrenta o desafio de equilibrar suas necessidades energéticas com pressões políticas e diplomáticas.