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Escassez de mão de obra: pagando 5,7 vezes mais que a média, indústria do petróleo pode sofrer com apagão de profissionais devido ao crescimento rápido do setor! Empresa abre 500 vagas, mas encontra dificuldade para encontrar profissionais  

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 17/09/2024 às 00:48

Mesmo com salários 5,7 vezes maiores que a média, a indústria do petróleo sofre com falta de profissionais qualificados, ameaçando seu crescimento.

A indústria do petróleo no Brasil está em alta, mas a euforia pode ser freada por um fator surpreendente: a falta de profissionais qualificados.

Mesmo com salários que chegam a ser 5,7 vezes maiores do que a média de outros setores, empresas estão enfrentando sérias dificuldades para preencher as vagas abertas.

Um verdadeiro “apagão de mão de obra” ameaça o crescimento do setor, que já vem sentindo os impactos dessa escassez, mesmo com incentivos e salários atrativos.

Desde 2020, o setor de petróleo no Brasil vem registrando um crescimento expressivo, com aumento de mais de 40% no emprego formal, conforme dados do novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Apesar das críticas de ambientalistas, a exploração de petróleo não para de bater recordes, impulsionada pela demanda global e pelo potencial das descobertas do pré-sal, o que leva ao aumento da necessidade por mão de obra qualificada.

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A crescente demanda de vagas no setor

De acordo com o secretário executivo da Abespetro, Telmo Ghiorzi, o setor deverá continuar crescendo até, pelo menos, 2029, sustentado por investimentos já contratados para plataformas de petróleo.

As empresas petroleiras em operação no Brasil comunicaram à Agência Nacional do Petróleo (ANP) seus planos de instalar 42 novas unidades de produção entre 2024 e 2028, o que deve demandar mais R$ 500 bilhões em investimentos no período.

O setor de exploração, que busca novas reservas de petróleo, também passa por um momento aquecido, com o maior número de blocos exploratórios sob contrato na história do país.

No entanto, o setor já enfrenta um problema grave: a falta de profissionais capacitados. De acordo com Roberto Ardenghy, presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o crescimento acelerado coloca o setor em risco de um “apagão de mão de obra”.

“Não estamos formando quantidade suficiente de pessoas. Não existe hoje estratégia de formação de recursos humanos para esse setor”, afirma.

Setor oferece salários atrativos, mas a qualificação ainda é barreira

O que torna essa situação ainda mais alarmante é que, apesar dos altos salários, as vagas seguem difíceis de serem preenchidas. Segundo Ardenghy, para apenas 14 plataformas previstas pela Petrobras, são necessárias cerca de oito mil pessoas embarcadas.

Ele ainda destaca que o setor paga 5,7 vezes a média salarial de outras indústrias para os mesmos profissionais, o que ressalta o quão sério é o problema da falta de qualificação.

A dificuldade não é exclusiva das grandes petroleiras. Empresas prestadoras de serviço, como a Ocyan, enfrentam gargalos semelhantes. Neste mês de setembro, assim como publicou o CPG, a Ocyan abriu 500 vagas para manutenção de plataformas.

No entanto, segundo as informações, a companhia está enfrentando dificuldades para encontrar candidatos qualificados. “O grande gargalo, quando falamos do aquecimento vigoroso do setor, é mão de obra, como empresas vão achar no mercado a quantidade de profissionais que precisam”, explica Jorge Mitidieri, presidente da Ocyan.

Segmentos mais impactados pela falta de mão de obra

A situação é igualmente desafiadora para as empresas de apoio à produção de petróleo, que oferecem serviços cruciais, como transporte de insumos e instalação de equipamentos submarinos.

O setor está pedindo apoio da Marinha para impulsionar a formação de pessoal qualificado. Além disso, existem preocupações com o impacto desse apagão de mão de obra nos projetos de longo prazo.

O Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) também questiona o uso massivo de subsídios governamentais que têm impulsionado o crescimento do setor.

Segundo um estudo recente, foram R$ 260 bilhões em subsídios entre 2015 e 2023, valor considerado elevado para um setor que, para muitos, deveria estar em transição para fontes mais sustentáveis de energia.

“O governo argumenta que nosso problema de emissões está associado ao desmatamento e ao uso da terra”, comenta Alessandra Cardoso, assessora política do Inesc, que critica a falta de um debate mais amplo sobre o tema.

A pressão dos ambientalistas e os desafios do setor

Organizações ambientais, como a ONG 350.org, têm pressionado o governo brasileiro para que inclua metas de redução de combustíveis fósseis nos compromissos internacionais.

Durante a presidência brasileira no G20, que ocorre em novembro de 2024, o grupo defende que o Brasil lidere um movimento global para a transição energética.

Segundo a ativista Maria Victoria Emanuelli, “O Brasil tem a imensa responsabilidade de enviar sinais audaciosos e ambiciosos aos países do mundo… devemos cortar a causa da crise climática pela raiz: parando de queimar óleo, gás e carvão e financiando uma transição justa”.

De acordo com Ardenghy, no entanto, a realidade é que o petróleo ainda será consumido por muitos anos, e a produção brasileira, que emite menos gases do efeito estufa, ajuda a descarbonizar a indústria global. “Se o Brasil parar de produzir petróleo, o mundo vai emitir mais”, defende o presidente do IBP.

Ele ainda destaca que o petróleo é um importante motor da economia nacional. Nos últimos anos, o setor foi responsável por parte do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, especialmente no segundo trimestre de 2024, quando a indústria extrativa cresceu 1% em relação ao ano anterior, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O futuro da produção e o risco de retração

Com os investimentos em andamento, a produção nacional de petróleo deve crescer dos atuais 4 milhões para mais de 5 milhões de barris de óleo equivalente por dia até 2030.

No entanto, para evitar uma queda de produção na próxima década, o setor defende a necessidade de explorar novas fronteiras, como a margem equatorial.

Diante dessa realidade, será que o Brasil está preparado para lidar com os desafios de qualificação de mão de obra e, ao mesmo tempo, continuar sendo uma referência global no setor petrolífero?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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