Empresas de Santa Catarina enfrentam desafios inéditos para preencher vagas e passam a contratar tanto jovens aprendizes quanto profissionais idosos, promovendo diversidade geracional e inovação no ambiente de trabalho.
A crescente dificuldade para encontrar profissionais qualificados em Santa Catarina tem levado empresas do estado a adotarem estratégias inovadoras na busca por mão de obra, incluindo a contratação de jovens aprendizes e trabalhadores idosos.
O cenário foi detalhado por Diego Martins, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos de Santa Catarina (ABRH/SC), durante participação no programa Conversas Cruzadas da rádio CBN Floripa, realizado nesta quarta-feira (09), em Florianópolis.
Segundo Martins, o chamado apagão de mão de obra pressiona empresas a diversificarem seus processos seletivos e ampliarem o perfil dos contratados.
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Diversidade geracional no ambiente de trabalho
De acordo com Diego Martins, a atual conjuntura do mercado de trabalho catarinense é marcada por um fenômeno inédito: a convivência de cinco gerações distintas dentro das mesmas organizações.
O dirigente explicou que, diante desse contexto, companhias locais têm investido em benefícios, flexibilização de jornadas com modelos híbridos e iniciativas de qualificação interna, além de ampliar esforços para atrair tanto jovens aprendizes quanto pessoas com mais de 60 anos.
“Hoje, além das iniciativas de oferecer benefícios, jornada híbrida e qualificação interna, temos percebido que as empresas estão tentando atrair cada vez mais jovens aprendizes e o público 60+. Vivemos um momento único, onde cinco gerações estão convivendo juntas no ambiente de trabalho”, afirmou.
Escassez de mão de obra impulsiona mudanças
O déficit de profissionais qualificados é, segundo empresários e entidades do setor, a principal queixa de quem empreende em Santa Catarina.
A dificuldade em preencher vagas afeta diferentes segmentos da economia estadual, especialmente comércio, serviços e indústria.
Dados da Associação Catarinense de Recursos Humanos e de consultorias especializadas indicam que o problema se intensificou nos últimos anos, impulsionado pelo envelhecimento da população economicamente ativa, pelo aumento do tempo médio de escolarização e por mudanças no perfil de interesses profissionais dos jovens.
Imigração e integração de estrangeiros
No contexto catarinense, a chegada de imigrantes também tem contribuído para amenizar a escassez de mão de obra.
Entre 2018 e 2025, segundo dados oficiais do Governo do Estado de Santa Catarina, mais de 27 mil venezuelanos foram inseridos no mercado de trabalho local, especialmente em funções operacionais e de atendimento ao público.
A presença desse contingente estrangeiro se tornou relevante em setores que enfrentam alta rotatividade e dificuldade de preenchimento de vagas, como o comércio e a indústria de alimentos.
Valorização da terceira idade e aprendizes idosos
A valorização dos trabalhadores mais velhos ganha espaço diante desse cenário.
Em eventos como o Congresso Catarinense sobre Gestão de Pessoas (CONCARH), realizado em julho de 2025 na capital catarinense, gestores e especialistas discutiram alternativas para integrar profissionais da terceira idade, que têm experiência acumulada e interesse em continuar contribuindo com o mercado.
Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pessoas acima de 60 anos representam cerca de 13% da população de Santa Catarina em 2025, índice que deve crescer na próxima década.
A aposta em aprendizes idosos, de acordo com especialistas, amplia a diversidade geracional nas empresas e contribui para reduzir o impacto do apagão de mão de obra.
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Jovem aprendiz busca propósito no mercado
O perfil do jovem aprendiz também vem se transformando.
Conforme explicou Diego Martins, as novas gerações buscam mais do que remuneração: querem experiências que proporcionem desenvolvimento pessoal, propósito e possibilidades de aprendizado.
“O jovem de hoje quer trabalhar em uma empresa que o ajude a construir os seus sonhos, não necessariamente financeiros. Ele busca a realização de ideias e um propósito”, pontuou Martins durante o evento.
Polêmica sobre causas do apagão de mão de obra
O debate sobre as causas do apagão de mão de obra também ganhou espaço nacional.
Em junho de 2025, o empresário Ricardo Faria, fundador da multinacional Global Eggs, declarou à imprensa que o programa Bolsa Família seria um dos fatores para a redução da oferta de trabalhadores no país, ao afirmar que “as pessoas estão viciadas no Bolsa Família”.
No entanto, Diego Martins rebateu essa visão durante a entrevista à rádio CBN Floripa, destacando que o contingente de pessoas que deixa de trabalhar por conta do programa federal é pequeno e que, na verdade, a principal barreira para o preenchimento das vagas disponíveis está relacionada à qualificação dos candidatos.
“Creio que é uma parcela pequena. No geral, temos uma massa pequena desempregada, que não ocupa essas vagas por não estarem preparados pra ela”, ressaltou.
Inclusão e capacitação como caminhos
Além disso, especialistas em recursos humanos destacam que políticas de inclusão e capacitação são fundamentais para enfrentar a crise de mão de obra no Brasil.
O incentivo à contratação de aprendizes idosos, por exemplo, segue tendências globais de valorização da experiência e de estímulo ao envelhecimento produtivo.
A inclusão de pessoas acima de 60 anos nos quadros das empresas, aliada à renovação proporcionada pelos jovens aprendizes, favorece o equilíbrio e a troca de conhecimentos entre gerações, fortalecendo a produtividade e a inovação no ambiente corporativo.
Comércio de Florianópolis aposta em diversidade
No comércio central de Florianópolis, empresários também receberam alerta sobre a importância de adotar práticas mais inclusivas e diversificadas em seus processos seletivos, ampliando as oportunidades tanto para jovens quanto para profissionais da terceira idade.
A expectativa é que, com a adoção dessas estratégias, o mercado de trabalho catarinense possa mitigar os efeitos da escassez de mão de obra e fortalecer o crescimento econômico regional.