A falta de trabalhadores no setor agrícola do Brasil levou empresas a contratarem venezuelanos. O recém-assinado “Pacto Nacional do Trabalho Decente” busca melhorar as condições no campo e promover diálogo social.
Um cenário inusitado desafia o mercado de trabalho no Brasil: uma das regiões agrícolas mais prósperas do país enfrenta uma crise sem precedentes.
A falta de mão de obra local não apenas acendeu alertas, mas também levou empresas a buscar alternativas inusitadas para suprir suas demandas.
O que parecia ser uma oportunidade para os brasileiros acabou envolvendo trabalhadores estrangeiros em uma solução que pode impactar profundamente o setor agrícola.
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Ontem (13), em Petrolina (PE), foi firmado um acordo histórico para o setor: o “Pacto Nacional do Trabalho Decente no Meio Rural”.
A cerimônia contou com a presença de representantes do governo federal, sindicatos e lideranças empresariais.
Entre os destaques, estava o secretário de Agricultura da Bahia, Wallison Tum, que revelou que empresas no Oeste Baiano já começaram a contratar venezuelanos devido à escassez de trabalhadores locais, segundo informou o jornalista Carlos Brito.
O pacto e suas promessas
O Termo de Adesão ao Pacto Nacional do Trabalho Decente no Meio Rural busca combater práticas trabalhistas degradantes e promover condições justas no campo.
Assinado pelos ministros da Agricultura e do Trabalho, Carlos Fávaro e Luiz Marinho, o pacto tem como foco formalizar empregos, combater a discriminação e erradicar o trabalho infantil.
A Associação Brasileira de Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), federações de trabalhadores e sindicatos patronais também endossaram o compromisso, que visa não apenas melhores condições para os trabalhadores, mas também maior sustentabilidade na produção agrícola.
De acordo com Wallison Tum, o acordo representa “um marco para o Vale do São Francisco”, região que sofre há anos com a falta de trabalhadores para atender à crescente demanda da fruticultura irrigada.
Tum destacou que o diálogo entre governos e empregadores é essencial para resolver esses desafios e garantir o desenvolvimento econômico da região.
A contratação de venezuelanos
A escassez de mão de obra local tem levado empresas a buscar trabalhadores fora do país.
Segundo Wallison Tum, já há registros de venezuelanos sendo contratados no Oeste Baiano, uma solução emergencial para manter a competitividade do setor agrícola.
Essa realidade reflete não apenas um problema de oferta de trabalho, mas também a necessidade de políticas públicas que incentivem a permanência de trabalhadores brasileiros no campo.
O ministro Luiz Marinho destacou que o pacto assinado é “contra o trabalho degradante” e a favor de boas práticas e diálogo entre capital e trabalho.
Mesa Nacional de Diálogo
Além do pacto, foi instituída a Mesa Nacional de Diálogo da Fruticultura, iniciativa que pretende criar soluções conjuntas entre empregadores, trabalhadores e governo.
A mesa será implementada inicialmente em Pernambuco e na Bahia, regiões críticas para a fruticultura irrigada, e terá como foco o fortalecimento da negociação coletiva e do diálogo social.
Para o ministro Carlos Fávaro, o compromisso firmado é “uma evolução importante na relação entre capital e trabalho”. Ele destacou que o governo federal busca desenvolver economicamente o país enquanto promove a inclusão social e reduz desigualdades.
O papel dos empregadores e sindicatos
A união entre empregadores e sindicatos tem sido apontada como essencial para o sucesso desse pacto. O presidente da Abrafrutas, Guilherme Coelho, acredita que o trabalho conjunto permitirá não apenas melhorar as condições dos trabalhadores, mas também suprir a falta de mão de obra no setor.
“Precisamos dar segurança nas contratações e unir forças para que o setor continue crescendo”, afirmou Coelho durante o evento.
Embora o pacto e a Mesa de Diálogo sejam avanços importantes, o desafio de atrair e manter trabalhadores brasileiros no campo ainda persiste.
A contratação de venezuelanos demonstra que, sem incentivos estruturais, o setor agrícola pode depender cada vez mais de alternativas externas.
A crise de mão de obra no Brasil expõe desafios estruturais que vão além da fruticultura irrigada. A dependência de trabalhadores estrangeiros pode ser uma solução temporária, mas levanta questões sobre o futuro da agricultura nacional.
Será que o pacto firmado será suficiente para atrair brasileiros de volta ao campo? Ou o setor continuará buscando soluções internacionais para um problema local?