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Escassez de mão de obra chega ao Sul do Brasil, onde está difícil encontrar pessoas para atuar na indústria, construção civil e comércio

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 03/11/2025 às 15:38
Escassez de mão de obra no Rio Grande do Sul afeta indústria, construção e comércio, elevando custos e reduzindo ritmo produtivo.
Escassez de mão de obra no Rio Grande do Sul afeta indústria, construção e comércio, elevando custos e reduzindo ritmo produtivo.
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A escassez de trabalhadores qualificados atinge o Rio Grande do Sul e desafia setores como indústria, construção civil e comércio, com aumento da rotatividade, custos salariais e dificuldades de retenção de profissionais experientes.

A falta de trabalhadores qualificados tem impactado a economia do Rio Grande do Sul, atingindo setores como indústria, construção civil e comércio.

Levantamento da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs) mostra que 27% dos empresários industriais apontaram a escassez ou o alto custo de mão de obra qualificada como um dos principais entraves às operações, o maior índice desde 2014.

O cenário reflete a dificuldade de manter a produção e controlar custos diante da carência de profissionais preparados.

Construção civil concentra principais gargalos

No setor da construção, a ausência de profissionais especializados em alvenaria, acabamento, elétrica, pintura e hidráulica tem gerado atrasos e aumento de despesas.

Representantes do setor afirmam que a alta rotatividade e a disputa por trabalhadores experientes resultam em reajustes salariais sucessivos.

Segundo executivos de construtoras, funções como pedreiro, carpinteiro e aplicador de revestimentos estão entre as mais afetadas.

Em empresas de grande porte, o salário médio de pedreiros subiu aproximadamente 30% em dois anos.

A Cyrela Goldsztein e a MRV, por exemplo, confirmam que a escassez de profissionais com experiência técnica interfere no ritmo de execução das obras.

De acordo com o Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS), muitos trabalhadores acabam sendo contratados por empresas concorrentes do mesmo setor, o que amplia a rotatividade e pressiona as margens de custo.

Comércio enfrenta falta de trabalhadores temporários

O comércio varejista também sente os efeitos da falta de mão de obra, especialmente em contratações temporárias.

Conforme a economista-chefe da Fecomércio-RS, Patrícia Palermo, há dificuldade em preencher vagas com horários flexíveis ou vínculos curtos.

Segundo ela, parte dos candidatos prefere posições fixas, o que limita as contratações em períodos de maior movimento, como datas comemorativas e campanhas sazonais.

Rotatividade e novas dinâmicas do mercado de trabalho

Especialistas apontam que o problema está relacionado ao aquecimento do mercado de trabalho e às mudanças no perfil dos profissionais.

Segundo a economista Maria Carolina Gullo, da Universidade de Caxias do Sul (UCS), o aumento da rotatividade ocorre porque “as novas gerações tendem a buscar remunerações mais competitivas ou satisfação pessoal”, o que torna a retenção de talentos mais difícil.

Empresas têm ampliado benefícios e criado planos de carreira para conter o movimento, mas o esforço nem sempre é suficiente para estabilizar equipes, de acordo com analistas do setor.

Pesquisadores destacam ainda que o interesse crescente por flexibilidade e por atividades ligadas a serviços e tecnologia também influencia a oferta de profissionais para a indústria e a construção.

Essa migração, segundo economistas, reflete transformações nas preferências e na estrutura do mercado de trabalho.

Envelhecimento da população reduz oferta de jovens

A mudança demográfica no estado é apontada por especialistas como outro fator que limita a disponibilidade de mão de obra.

O presidente da Fiergs, Claudio Bier, afirmou que o envelhecimento acelerado da população gaúcha tem reduzido o número de jovens ingressando em ocupações que exigem esforço físico e aprendizado técnico.

Ainda conforme Bier, a ausência de políticas amplas para atração de jovens trabalhadores e a dificuldade de alinhar programas sociais com incentivos à formalização contribuem para o cenário de escassez.

Pequenas empresas enfrentam mais dificuldades

Levantamento da Fiergs indica que 36,1% das pequenas empresas relatam problemas para contratar profissionais qualificados.

Segundo a entidade, negócios de menor porte têm menos condições de oferecer salários e benefícios competitivos, o que dificulta a disputa por mão de obra com médias e grandes companhias.

Consultores do setor observam que o impacto é mais severo nessas empresas porque o tempo de recrutamento e treinamento pesa diretamente na produtividade e nos custos operacionais.

Falta de profissionais também afeta o setor calçadista

A escassez também é sentida na indústria calçadista, segmento tradicional da economia gaúcha.

De acordo com o presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Haroldo Ferreira, há dificuldade em preencher vagas de costuradores e técnicos especializados.

Segundo ele, a falta de profissionais pode comprometer cronogramas de produção e reduzir a capacidade de atender pedidos voltados para o próximo ciclo de lançamentos.

Qualificação e retenção são vistas como soluções

Para economistas e representantes do setor produtivo, investimentos em capacitação profissional são o principal caminho para atenuar o problema.

A recomendação é ampliar programas de formação técnica em áreas de alta demanda, como elétrica, hidráulica e operação de máquinas industriais.

De acordo com a Fiergs, também estão em estudo medidas para incentivar a parceria entre empresas e instituições de ensino, a fim de ajustar o conteúdo dos cursos às necessidades práticas das empresas.

Especialistas defendem que essa aproximação pode reduzir o tempo de adaptação dos trabalhadores e melhorar a produtividade.

Empresas têm apostado ainda em estratégias internas de retenção, com planos de carreira, capacitações contínuas e benefícios adicionais, segundo consultorias de recursos humanos.

Mesmo assim, a manutenção dos profissionais segue como um dos principais desafios, especialmente nas atividades de execução manual.

Estratégias em discussão no estado

O governo do Rio Grande do Sul, em conjunto com a Fiergs e outras entidades, estuda ações integradas para recompor a oferta de trabalhadores qualificados.

Entre as propostas discutidas estão turmas extras em cursos técnicos, programas de requalificação rápida e incentivos à contratação de jovens.

De acordo com as instituições envolvidas, a intenção é fortalecer o elo entre formação e empregabilidade e reduzir a dependência de contratações externas para funções básicas.

As medidas ainda estão em fase de análise e não há prazos definidos para implementação.

A questão que se impõe, segundo economistas e empresários, é se o estado conseguirá alinhar políticas de formação e incentivos de longo prazo para estabilizar o mercado de trabalho e garantir a competitividade dos setores estratégicos.

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas e também editor do portal CPG. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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