Com o mercado de trabalho aquecido, setores no Brasil como a construção civil e a indústria enfrentam escassez de mão de obra qualificada.
O mercado de trabalho brasileiro vive um fenômeno curioso: em meio à criação de milhares de vagas formais, setores como construção civil, indústria e serviços têm dificuldade em encontrar profissionais qualificados.
A escassez é tamanha que algumas empresas adotam rodízios de equipes e elevam salários para reter e atrair trabalhadores capacitados.
O problema, embora comum em economias aquecidas, ressurgiu com força no Brasil, trazendo desafios para manter a produtividade e competitividade.
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Crescimento do mercado formal e setores em destaque
Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego, o Brasil registrou a criação de 247.818 novas vagas formais em setembro.
O setor de serviços liderou com 128,4 mil novos postos, seguido pela indústria com 59,8 mil, o comércio com 44,6 mil e a construção civil com 17 mil.
No entanto, a agropecuária apresentou queda de 2 mil postos, refletindo as dificuldades do setor.
Apesar da expansão, empresas relatam que a falta de profissionais qualificados prejudica o desenvolvimento de projetos e, por vezes, limita o crescimento de negócios.
Construção civil: um setor com histórico de dificuldades
De acordo com uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), em setembro deste ano, 29,4% dos empresários do setor apontaram a falta de mão de obra qualificada como um entrave.
Este é o maior índice desde o final de 2014, sinalizando uma demanda crescente por profissionais em uma economia que, embora com um ritmo de crescimento moderado, ainda encontra dificuldades em áreas essenciais.
Estratégias para contornar a escassez de profissionais
De acordo com uma matéria publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, para lidar com o problema, empresas de diversos setores adotaram medidas variadas.
Na construção civil, por exemplo, 33,1% dos empresários aumentaram a remuneração, enquanto 51,5% investiram em treinamento para formar novos profissionais.
Além disso, 46% das empresas implementaram rodízios de equipe, deslocando funcionários entre projetos para cobrir a falta de profissionais qualificados.
Essas medidas visam não só suprir a demanda, mas também manter os trabalhadores motivados e retidos no setor.
Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos de Construção do FGV Ibre, observa que o setor já enfrentou uma situação parecida no início da década passada, quando programas como o Minha Casa, Minha Vida e grandes eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas impulsionaram a demanda por mão de obra.
“O crescimento hoje é mais modesto, mas a preocupação com a falta de profissionais capacitados persiste”, afirma Castelo.
Indústria investe em retenção e capacitação
Na indústria, empresas como a Saint-Gobain têm investido em estratégias para contornar o problema.
De acordo com Gustavo Siqueira, vice-presidente de recursos humanos para América Latina da Saint-Gobain, a companhia busca criar um ambiente de trabalho atrativo, com foco no desenvolvimento e retenção de talentos.
“Nossas estratégias de desenvolvimento de pessoas não só preenchem as lacunas de habilidades, mas também contribuem para a retenção e motivação da nossa equipe”, destaca Siqueira.
A Saint-Gobain oferece trilhas de desenvolvimento técnico contínuo e programas de mentoria para jovens talentos, criando um ambiente de crescimento profissional.
Tatiane Cardoso de Paula, diretora de RH da Saint-Gobain Canalização, reforça a importância de iniciativas de formação: “Contamos com programas de mentoria e de desenvolvimento técnico que visam capacitar os colaboradores, preparando-os para assumir novos desafios”.
Essas medidas são fundamentais para manter a competitividade da indústria frente à escassez de mão de obra.
Calçadistas enfrentam dilemas semelhantes
A falta de mão de obra qualificada também desafia setores voltados para o consumo, como o de calçados.
João Marcelo Fernandes, gerente de Recursos Humanos da Kidy, explica que a empresa precisou renovar cargos e tornar as posições mais atrativas para reter funcionários mais jovens.
Além disso, a Kidy oferece um programa de capacitação em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), com a intenção de formar novos aprendizes e incentivar a qualificação dos atuais colaboradores.
“O programa de apadrinhamento, com 40 novas vagas para aprendizes, busca garantir que os colaboradores estejam preparados para múltiplas funções, contribuindo para a estabilidade da produção”, relata Fernandes.
Dados da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) indicam que o setor encerrou agosto com saldo positivo de 12,4 mil postos de trabalho, segundo o Caged.
Haroldo Ferreira, presidente-executivo da Abicalçados, pontua que o setor enfrenta dificuldades parecidas com as observadas na construção civil.
“Hoje, competimos não só com outros setores, mas também com plataformas digitais, o que aumenta a dificuldade de retenção”, explica Ferreira.
Perspectivas e desafios futuros para o mercado de trabalho
Apesar dos esforços das empresas, analistas apontam que a situação pode se agravar.
O aperto nas regras de crédito imobiliário e o aumento dos juros devem afetar o mercado da construção civil no longo prazo, reduzindo investimentos e, possivelmente, a criação de novas vagas.
Ainda assim, a projeção é de que o mercado permaneça aquecido nos próximos meses, especialmente em setores que dependem de consumo interno, como o comércio e a indústria de bens de consumo.
A escassez de mão de obra qualificada representa um reflexo de uma economia em crescimento, mas impõe obstáculos para setores que precisam se adaptar constantemente para manter a produtividade.
A busca por profissionais capacitados ainda é um desafio, e soluções como treinamento e valorização dos colaboradores devem se manter em evidência para evitar um gargalo ainda maior no futuro.
Será que o Brasil conseguirá formar profissionais qualificados em tempo suficiente para manter o ritmo de crescimento econômico?