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Erro de digitação milionário: governo transfere milhões por engano a mulher que torrou tudo em horas — e hoje o caso virou exemplo judicial

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 07/10/2025 às 11:44
Mulher argentina recebeu milhões por engano, gastou em um dia e virou ré por fraude; Justiça anulou fiança, mas processo segue em aberto.
Mulher argentina recebeu milhões por engano, gastou em um dia e virou ré por fraude; Justiça anulou fiança, mas processo segue em aberto.
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O erro de um sistema de pagamento na província de San Luis levou uma mulher argentina a receber por engano 510 milhões de pesos. Ela gastou tudo em um dia, virou ré por fraude e agora o caso é estudado como precedente jurídico

Por alguns dias, uma moradora da pequena cidade de San Luis, na Argentina, viveu o que descreveu como um “presente de Deus”. Verónica Acosta, de 42 anos, esperava o pagamento de uma pensão alimentícia de cerca de 8 mil pesos argentinos — o equivalente a menos de R$ 40.

➡️ Esta reportagem é uma atualização da matéria publicada no mês de maio. Leia a versão original aqui.

No entanto, ao acessar sua conta bancária, encontrou um depósito inacreditável de 510 milhões de pesos, valor equivalente a R$ 2,4 milhões.

A transferência, feita pelo próprio governo provincial, foi resultado de um erro administrativo.

O sistema, que deveria realizar depósitos sociais, redirecionou acidentalmente a quantia milionária para a conta pessoal de Acosta.

A mulher, segundo o Ministério Público, não comunicou o erro e iniciou uma maratona de gastos em poucas horas.

O que se sabe que aconteceu

Segundo as investigações iniciais, Verónica fez 66 transferências bancárias no mesmo dia, distribuiu valores para familiares, comprou um carro, pisos, utensílios domésticos e eletrodomésticos.

Parte do dinheiro foi usada também para pagamentos diretos a conhecidos e comerciantes locais.

O caso veio à tona quando o sistema bancário identificou uma movimentação incompatível com o perfil da beneficiária e notificou o Tesouro de San Luis.

Poucas horas depois, o governo percebeu o erro e acionou a Justiça.

Em entrevista à imprensa argentina, Acosta afirmou que acreditou que o depósito fosse “um presente de Deus” e que não tinha consciência de que o dinheiro pertencia ao Estado. “Pensei que era um prêmio, uma bênção. Nunca imaginei que fosse um erro”, declarou à rádio local.

As autoridades, porém, entenderam de forma diferente. O Ministério Público de San Luis acusou Verónica e cinco familiares por fraude contra o Estado, retenção indevida de fundos públicos e uso ilegítimo de meios eletrônicos.

Todos chegaram a ser detidos preventivamente, e a Justiça fixou fiança de 5 milhões de pesos por pessoa, totalizando 30 milhões.

De acordo com o governo provincial, mais de 90% do valor foi recuperado em poucos dias, graças a bloqueios judiciais e devoluções automáticas.

O banco responsável conseguiu reverter 465,6 milhões de pesos diretamente às contas públicas, e outros 44 milhões foram rastreados e recuperados parcialmente.

Durante os depoimentos, os investigadores afirmaram que Verónica teve plena consciência da origem indevida do dinheiro, já que a transferência aparecia em seu extrato bancário identificada como pagamento do Estado.

A defesa, por outro lado, sustentou que não houve intenção criminosa e que a mulher apenas utilizou o valor acreditando estar recebendo um benefício ampliado ou retroativo.

O episódio gerou forte repercussão na Argentina. O caso foi apelidado pela imprensa local de “La mujer de los 500 millones” e virou tema de debates sobre falhas nos sistemas de pagamento eletrônico e sobre a responsabilidade de quem recebe valores indevidos.

Novidades e atualizações

Nos meses seguintes, a história ganhou novos capítulos. Após recursos apresentados pela defesa, a Justiça argentina decidiu revogar as prisões preventivas e anular as fianças milionárias impostas aos acusados.

Segundo decisão publicada em junho de 2025, o tribunal considerou que não havia risco de fuga e que as medidas eram desproporcionais diante da colaboração da ré. Assim, Verónica Acosta e os demais investigados foram libertados, permanecendo apenas sob obrigação de comparecer às audiências.

O caso continua tramitando no Juzgado de Instrucción de San Luis, e o Ministério Público mantém as três imputações principais:

  • Estelionato (fraude) contra o Estado;
  • Uso indevido de instrumento eletrônico;
  • Apropriação indevida de fundos públicos.

De acordo com documentos divulgados pelo site Infobae, a Justiça confirmou que cerca de 465 milhões de pesos foram revertidos automaticamente, e que o restante foi recuperado por medidas de apreensão ou devolução voluntária.

A defesa de Verónica insiste na tese de que não houve má-fé. “Ela não pediu esse dinheiro, não falsificou nada, apenas acreditou estar recebendo um valor legítimo”, disse o advogado ao jornal La Nación. O defensor também destacou que, em poucos dias, o governo conseguiu quase a totalidade dos recursos, o que reforçaria a inexistência de dano permanente ao Estado.

Em decisão posterior, a Câmara Criminal de San Luis considerou que ainda é cedo para determinar dolo, mas manteve a investigação aberta. O Ministério Público, por sua vez, afirma que as ações de Acosta “foram incompatíveis com a boa-fé”, já que ela realizou dezenas de transferências em tempo recorde e tentou ocultar parte do valor distribuindo-o entre familiares.

A acusada voltou a se manifestar após ser liberada. Em entrevistas recentes, disse que “está arrasada psicologicamente” e que jamais pretendeu enganar ninguém. “Achei que fosse um presente, não um erro. Agora vivo um pesadelo”, afirmou.

Hoje, Verónica Acosta responde em liberdade, mas continua impedida de movimentar contas e adquirir bens até o julgamento final. A Justiça deve definir ainda em 2025 se o caso será arquivado ou se seguirá para audiência oral e pública.

Enquanto isso, o episódio se tornou um exemplo emblemático na Argentina sobre o uso responsável de meios eletrônicos e os limites legais para quem recebe valores indevidos — mesmo por erro alheio. A história de “la mujer de los 500 millones” segue dividindo opiniões: para uns, uma vítima das falhas do sistema; para outros, a protagonista de uma das fraudes mais inusitadas do país.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor.

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