A Equinor vai participar da emissão de direitos de DKK 60 bilhões da Ørsted para manter 10% de participação e indicar um membro ao conselho. O anúncio ocorre dias após o governo Trump retirar US$ 679 milhões de projetos ligados à eólica offshore.
A norueguesa Equinor anunciou que vai participar da emissão de direitos da Ørsted, estimada em 60 bilhões de coroas dinamarquesas (cerca de US$ 9,4 bilhões), para preservar sua fatia de 10% na companhia dinamarquesa. A empresa também antecipou que pretende indicar um nome ao conselho da Ørsted no próximo ciclo societário. O movimento foi interpretado pelo mercado como um voto de confiança no negócio eólico offshore de longo prazo, mesmo em um ambiente político mais hostil nos EUA.
Segundo a Reuters, a Equinor se comprometeu a subscrever até DKK 6 bilhões (quase US$ 1 bilhão) em novas ações, reduzindo incertezas sobre a execução do aumento de capital da Ørsted. A operação busca reforçar o balanço após uma sequência de reveses regulatórios no mercado americano.
Relatos da imprensa financeira indicam que o anúncio provocou alívio nas ações da Ørsted no pregão de hoje, ainda que a empresa siga bem abaixo dos níveis de 2021. A leitura dominante entre analistas é que a Equinor preferiu evitar diluição e, ao mesmo tempo, ganhar influência na governança para atravessar a fase crítica da indústria.
-
Governo intervém e investe R$300 milhões no mercado de arroz para garantir o preço ao produtor antes mesmo do início do plantio da safra.
-
Dá para aposentar aos 55 anos ou antes usando regras já previstas em lei: professor, pessoa com deficiência, aposentadoria especial por risco, regra de pontos (86), pedágio de 50% e direito adquirido
-
O INSS não busca provas por conta própria: quem entrega três documentos esquecidos PPP, carteira de trabalho antiga e carnês de contribuição pode elevar o valor da aposentadoria
-
O Tribunal brasileiro paralisou há 4 anos milhares de processos de aposentadoria e revisão em todo o Brasil, e agora em setembro de 2025 o julgamento vai acontecer
Além da participação da Equinor, o governo dinamarquês — acionista controlador — e o fundo soberano da Noruega sinalizaram apoio à operação. A assembleia extraordinária que deve chancelar o aumento de capital está marcada para 5 de setembro de 2025, em Gentofte (Dinamarca).
Trump endurece com a eólica offshore, DOT cancela US$ 679 milhões para portos e logística
Na sexta-feira, 29 de agosto de 2025, o Departamento de Transportes (DOT) dos EUA anunciou a retirada/cancelamento de US$ 679 milhões em financiamentos federais previamente destinados a 12 projetos de infraestrutura associados à cadeia de energia eólica offshore. O comunicado, assinado pelo secretário Sean P. Duffy, afirma que os recursos serão redirecionados para “infraestrutura real” e para reindustrialização marítima. A decisão reforça o aperto regulatório e orçamentário do governo Trump sobre o setor.
Publicações especializadas como a WorkBoat detalharam que os cortes atingem iniciativas de portos e “wind hubs” em diferentes estados, afetando etapas críticas de armazenagem, pré-montagem e embarque de componentes de aerogeradores. A medida amplia a incerteza quanto a cronogramas e custos de implantação no litoral americano.
A reação política veio de autoridades locais que contam com os projetos para empregos e arrecadação, enquanto investidores passaram a reprecificar o risco regulatório na região, elemento que também motivou a Ørsted a buscar capital novo.
BOEM impõe stop-work ao Revolution Wind e abala cronogramas da Ørsted
No dia 22 de agosto de 2025, a Ørsted informou que o Bureau of Ocean Energy Management (BOEM) emitiu uma ordem de paralisação (stop-work) para o projeto Revolution Wind, instruindo a suspensão das atividades no Outer Continental Shelf. A companhia declarou que está cumprindo a determinação e adotando medidas para garantir segurança de trabalhadores e do meio ambiente.
O próprio BOEM publicou a ordem formal, apontando a necessidade de tempo para endereço de preocupações surgidas durante o processo de implantação. A interrupção ocorre em um estágio avançado do projeto e adiciona pressão de prazo e custo à carteira norte-americana da Ørsted.
Análises setoriais lembram que a ordem de stop-work intensificou a percepção de incerteza regulatória nos EUA, fator expressamente considerado no dimensionamento da emissão de direitos anunciada pela Ørsted para fortalecer a estrutura de capital e preservar o plano de negócios.
Reação do mercado, risco regulatório e leitura dos analistas
Desde o anúncio da emissão, em 11 de agosto, as ações da Ørsted chegaram a despencar e tocar mínimas históricas, refletindo o choque regulatório e a necessidade de capital. Com o apoio da Equinor confirmado hoje, houve recuperação intradiária, mas a ação ainda acumula perdas expressivas em relação aos picos de 2021.
Para casas de análise, a decisão da Equinor é um risco calculado, proteger a participação evita diluição e abre espaço para influência estratégica na alocação de capital da Ørsted; por outro lado, aumenta a exposição a projetos norte-americanos num momento de apoio político incerto. Essa leitura aparece em notas de bancos e em veículos da indústria de óleo e gás.
Ainda assim, a sinalização da Equinor foi lida como “voto de confiança” na competitividade da eólica offshore no longo prazo, sobretudo em mercados com visibilidade regulatória e contratos de longo prazo. O assento no conselho pode reforçar a coordenação entre as duas companhias em portfólios e parcerias.
O que muda para a energia eólica offshore no Brasil e no mundo
O caso Ørsted–Equinor expõe a fase de realinhamento da eólica offshore, em que política pública, cadeia logística e custo de capital pesam tanto quanto a curva tecnológica. Nos EUA, cortes de financiamento e ordens de paralisação criam um hiato de execução que pode atrasar a maturação da cadeia, encarecendo projetos e deslocando investimentos para regiões com regras estáveis.
Na Europa, governos e investidores seguem atentos ao “efeito dominó”. A participação da Equinor na emissão sugere que capital estratégico ainda está disposto a sustentar ativos essenciais do ecossistema eólico, desde que exista visibilidade de receitas e previsibilidade regulatória. A presença de acionistas estatais, Dinamarca na Ørsted e Noruega na Equinor — também funciona como âncora de confiança no setor.
A eólica offshore segue relevante na transição energética, mas ciclos políticos reordenam velocidades e prioridades. Projetos exigem contratos robustos, licenciamento previsível e infraestrutura portuária adequada. O desfecho da assembleia de 5 de setembro e as próximas decisões do governo dos EUA serão sinais-guia para preços, prazos e apetite de investidores no mundo todo.