A Equinor e a USP avançam na pesquisa do projeto CABRA, que aplica tecnologia de captura e armazenamento de carbono em usinas de etanol no Brasil, com investimento milionário e foco em inovação sustentável
Em 5 de novembro de 2025, durante o Summit Agenda SP + Verde, a multinacional norueguesa Equinor e a Universidade de São Paulo (USP) anunciaram o lançamento do projeto CABRA (Carbon Storage in Brazilian Basalts).
Com um investimento de R$ 10 milhões, a iniciativa visa capturar e armazenar dióxido de carbono (CO₂) proveniente de usinas de etanol de primeira e segunda geração, contribuindo diretamente para a transição energética e a redução das emissões de gases de efeito estufa no Brasil.
Entenda o projeto CABRA da Equinor e USP
A proposta é pioneira no país e busca transformar o CO₂ emitido durante o processo de fermentação do etanol em minerais sólidos, por meio de reações químicas com rochas basálticas da Bacia Sedimentar do Paraná.
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Essa tecnologia, já utilizada em países como Noruega e Islândia, pode posicionar o Brasil como referência global em soluções climáticas baseadas em captura e armazenamento de carbono.
O projeto CABRA será desenvolvido sobre as formações basálticas da Bacia Sedimentar do Paraná, que se estende do Mato Grosso ao Rio Grande do Sul. Essas rochas ígneas possuem alta porosidade e reatividade química, permitindo que o CO₂ injetado reaja com minerais presentes no basalto, formando carbonatos estáveis e seguros.
Essa abordagem oferece uma alternativa promissora ao armazenamento convencional em reservatórios salinos, com vantagens como maior segurança geológica e menor risco de vazamento. Além disso, o Brasil possui uma vasta extensão de rochas basálticas, o que amplia o potencial de replicação da tecnologia em outras regiões.
Usinas de etanol como foco da captura de carbono
O Brasil é líder mundial na produção de etanol de cana-de-açúcar, com centenas de usinas de etanol em operação. Embora seja considerado de baixo carbono, o processo de fermentação libera CO₂, que pode ser capturado e armazenado com tecnologias como as propostas pelo projeto CABRA.
A captura de carbono em usinas de etanol pode reduzir significativamente as emissões associadas à produção do biocombustível, tornando-o ainda mais sustentável e alinhado às metas climáticas nacionais e internacionais.
Isso representa uma oportunidade estratégica para o país consolidar sua liderança em bioenergia e contribuir de forma significativa para o cumprimento do Acordo de Paris.
Equinor e USP: parceria entre indústria e academia
A Equinor é uma das maiores operadoras de captura e armazenamento de carbono do mundo, com projetos como Sleipner e Snøhvit, na Noruega, que já armazenaram milhões de toneladas de CO₂ desde os anos 1990.
No Brasil, a empresa atua há mais de duas décadas, com foco em energias renováveis e soluções de baixo carbono. A expertise da Equinor garante credibilidade ao projeto CABRA, além de acelerar a transferência de tecnologia e a capacitação de profissionais brasileiros.
A USP, por meio do RCGI, é referência em estudos sobre gases de efeito estufa e tecnologias de mitigação climática. O centro já desenvolveu pesquisas sobre captura de carbono em diferentes tipos de rochas e solos brasileiros, incluindo basalto, calcário e folhelhos.
Investimento e benefícios econômicos do projeto CABRA
A expectativa é que o investimento de R$ 10 milhões seja destinado à infraestrutura laboratorial, aquisição de equipamentos, contratação de pesquisadores e realização de testes de campo. Esse aporte reforça o compromisso das instituições envolvidas com a inovação e a sustentabilidade.
Além disso, o projeto deve gerar empregos diretos e indiretos, incluindo vagas para geólogos, engenheiros, químicos e técnicos. Também estão previstas bolsas de pesquisa para estudantes de graduação e pós-graduação da USP.
A implementação da tecnologia de captura e armazenamento de carbono pode estimular a criação de novos mercados, como créditos de carbono, serviços ambientais e certificações sustentáveis. Isso contribui para a diversificação da economia brasileira e para a atração de investimentos internacionais.
Julio Meneghini, diretor científico do RCGI – Centro de Pesquisa e Inovação em Gases de Efeito Estufa da USP, destaca que o projeto CABRA representa o compromisso da instituição em desenvolver soluções científicas voltadas à descarbonização da matriz energética brasileira.
Segundo ele, a iniciativa une a excelência acadêmica da USP à expertise de uma empresa global de energia, com grande potencial para gerar conhecimento e tecnologias de alto impacto para o país.
Brasil no cenário global de captura e armazenamento de carbono
Países como Estados Unidos, Canadá e Noruega já possuem projetos comerciais de captura de carbono em operação. O Brasil, embora ainda esteja em fase inicial, possui vantagens competitivas como abundância de biomassa, infraestrutura de bioenergia e formações geológicas favoráveis.
O projeto CABRA coloca o país no mapa das tecnologias emergentes, com potencial para se tornar referência em armazenamento geológico em rochas basálticas.
O Brasil se comprometeu a reduzir suas emissões em 50% até 2030 e alcançar neutralidade climática até 2050. Projetos como o CABRA são essenciais para atingir esses objetivos, especialmente no setor de bioenergia, que representa uma parcela significativa das emissões nacionais.
Iniciativa da Equinor e USP busca futuro energético sustentável
O lançamento do projeto CABRA representa um marco na trajetória brasileira rumo à descarbonização. A colaboração entre Equinor e USP, com foco nas usinas de etanol e nas formações basálticas da Bacia do Paraná, oferece uma solução inovadora e eficaz para capturar e armazenar carbono de forma permanente.
Com um investimento robusto e expertise internacional, o Brasil dá um passo firme na direção de uma matriz energética mais limpa e resiliente. A iniciativa reforça o papel da ciência, da indústria e da política pública na construção de um futuro sustentável, posicionando o país como protagonista na agenda climática global.



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