A entrada da Keeta no Brasil traz novas tecnologias, aposta em drones para delivery e promete transformar a disputa entre os principais aplicativos do setor, acelerando mudanças e ampliando a concorrência no mercado nacional de entregas rápidas.
A chegada da Keeta ao Brasil, prevista para novembro de 2025, marca o início de uma nova era para o setor de delivery no país, com a introdução de tecnologias avançadas e uma aposta inédita no uso de drones para entregas rápidas.
Subsidiária internacional da Meituan, reconhecida como a maior empresa global de delivery de restaurantes, a Keeta vai iniciar suas operações pelo escritório em São Paulo e, ainda neste ano, pretende lançar seus serviços de entrega na capital paulista, intensificando a disputa com gigantes já estabelecidos como iFood e Rappi.
Considerado um dos mercados mais promissores para expansão internacional, o Brasil será o terceiro país a receber operações da Keeta, que já atua em Hong Kong e na Arábia Saudita.
-
China e União Europeia travam corrida bilionária pelo hidrogênio verde do Brasil: Europa financia portos no Nordeste, chineses fornecem eletrolisadores gigantes e ambos disputam liderança em um mercado que pode movimentar trilhões até 2050
-
4 trabalhos remotos que pagam acima de R$ 8 mil usando apenas um notebook e acesso à internet
-
Visto americano: EUA revisarão 55 milhões de vistos e poderão cassá-los — entenda o que será analisado para essa decisão
-
EUA aceitam consultas na OMC e invocam “segurança nacional”, o que pode travar um acordo rápido sobre a tarifa de 50% aplicada a importações brasileiras
O investimento previsto, de aproximadamente US$ 1 bilhão, reflete a aposta da companhia chinesa na construção de uma infraestrutura robusta e competitiva, destinada a transformar o cenário do delivery brasileiro.
Keeta no Brasil: expansão e investimentos bilionários
O plano de atuação da Keeta no Brasil inclui metas ambiciosas.
A empresa pretende alcançar 15 regiões metropolitanas até junho de 2026 e estender o serviço para mil municípios até 2030.
O objetivo é consolidar uma rede com até 100 mil entregadores, além de investir em tecnologia de ponta, infraestrutura logística e treinamento de equipes.
Esse movimento amplia a concorrência em um setor até então dominado principalmente por iFood e Rappi, plataformas que já operam com grande capilaridade e participação de mercado.
No comando das operações brasileiras está o executivo Tony Qiu, vice-presidente da Meituan e CEO da Keeta, profissional com trajetória destacada no setor de mobilidade e tecnologia.
Ex-CEO da 99 em São Paulo e ex-líder da área internacional da Kwai, Qiu participou ativamente da implementação da Keeta em Hong Kong e na Arábia Saudita, além de liderar projetos de inovação em diferentes mercados.
A chegada da Keeta movimentou também o mercado de trabalho: a empresa já abriu mais de 100 vagas no Brasil, distribuídas entre setores como jurídico, recursos humanos, desenvolvimento de produto e vendas.
Tal iniciativa demonstra o compromisso de estruturar uma base sólida e multifuncional, voltada para sustentar o crescimento planejado.
Drones e inovação: tecnologia no delivery brasileiro
Entre as principais apostas da Keeta está o uso de drones e veículos autônomos para entregas urbanas, uma tecnologia já empregada pela empresa-mãe na China, onde mais de um milhão de entregas foram realizadas dessa forma até julho de 2025.
O vice-presidente do grupo Meituan, Tony Qiu, afirmou recentemente que o objetivo é trazer essa solução para o Brasil, mas ressaltou que a implementação ainda depende do avanço regulatório.
Atualmente, as regras brasileiras não autorizam operações comerciais de drones em grande escala, tornando o cenário um desafio para a inovação.
Segundo a legislação vigente, operações comerciais com drones exigem registro das aeronaves, seguro contra danos a terceiros e autorizações específicas emitidas por órgãos como a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Departamento de Controle do Espaço Aéreo e Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Para entregas aéreas em áreas urbanas, o regulamento é ainda mais rigoroso: requer autorização para voos além da linha de visão do piloto (BVLOS), análise de risco e permissões exclusivas para cada trajeto.
Contudo, esse quadro pode mudar em breve.
Em junho de 2025, a Anac lançou uma consulta pública sobre a minuta do Regulamento Brasileiro de Aviação Civil nº 100 (RBAC 100), que propõe simplificar e flexibilizar as normas para o uso comercial de drones.
O novo regulamento busca permitir que empresas inovadoras possam apresentar seus próprios métodos para garantir a segurança e a mitigação de riscos, sem perder o rigor no controle das operações.
Concorrência e testes de entrega por drones no Brasil
Antes da chegada da Keeta, o iFood já havia iniciado testes com drones no Brasil, em parceria com a Speedbird Aero.
Em 2020, uma primeira operação experimental foi realizada em Campinas, conectando por via aérea a praça de alimentação de um shopping a um ponto de entrega, onde um entregador completava o percurso por terra.
Dois anos depois, o iFood tornou-se o primeiro a receber autorização da Anac para entregas comerciais com drones, permitindo voos de até três quilômetros, inclusive em áreas urbanas.
Os testes de 2022 em Aracaju destacaram o potencial da tecnologia: um drone conseguiu cruzar o rio Sergipe, conectando um shopping à cidade vizinha de Barra dos Coqueiros em pouco mais de cinco minutos, enquanto o trajeto por terra poderia durar até 55 minutos.
Apesar do sucesso da iniciativa, o modelo não foi ampliado nem transformado em padrão nas operações da plataforma.
O uso de drones segue restrito a projetos-piloto, sem escala comercial significativa.
Novos rumos para entregadores de aplicativo
A entrada da Keeta com propostas tecnológicas avança em meio a discussões sobre o futuro do trabalho dos entregadores de aplicativo, setor que emprega milhares de brasileiros e movimenta a economia urbana.
O possível uso de drones levanta questões sobre a transformação do perfil profissional e sobre a necessidade de requalificação para novas funções ligadas à operação e manutenção desses sistemas.
Segundo especialistas em logística e mobilidade, a introdução de drones pode ampliar a eficiência das entregas, especialmente em áreas congestionadas ou de difícil acesso.
Porém, o impacto sobre a geração de empregos ainda divide opiniões e depende do ritmo de adoção da tecnologia no país, das regras regulatórias e das políticas públicas de apoio à inovação.
O futuro do delivery com Keeta chega ao Brasil
A chegada da Keeta e o avanço no uso de drones para delivery reposicionam o país no mapa da inovação em logística, mas também trazem novos desafios regulatórios, tecnológicos e sociais.
Com investimento bilionário, a expectativa é de que o mercado de entregas rápidas se torne ainda mais competitivo, dinâmico e diversificado nos próximos anos.
Você acredita que o uso de drones pode realmente revolucionar o delivery no Brasil, ou os desafios regulatórios e sociais ainda são um obstáculo difícil de superar? Participe da discussão nos comentários!