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Enterramento de fios elétricos: solução eficiente para evitar apagões, mas enfrenta desafios gigantescos de implementação

Publicado em 19/10/2024 às 20:07
Enterramento de fios elétricos: solução eficiente para evitar apagões, mas enfrenta desafios gigantescos de implementação
É inegável que o enterramento de fios elétricos traria vantagens como a redução de apagões (Imagem: Representação)

Especialistas destacam o enterramento de fios elétricos como uma solução para melhorar a segurança urbana e evitar apagões, mas altos custos e complexidades políticas dificultam avanços no Brasil.

O recente apagão que deixou São Paulo às escuras reacendeu um debate antigo: o enterramento de fios elétricos seria a solução definitiva para evitar interrupções no fornecimento de energia elétrica causadas por eventos climáticos? Embora essa alternativa prometa melhorar a segurança urbana e reduzir problemas relacionados às redes aéreas, a implementação dessa mudança enfrenta desafios econômicos, políticos e logísticos que, até o momento, têm impedido sua ampla adoção.

O enterramento de fios elétricos é uma prática já adotada em várias partes do mundo para proteger a infraestrutura elétrica de tempestades, quedas de árvores e até roubos de cabos. A técnica envolve substituir os tradicionais postes de luz por dutos subterrâneos, garantindo uma rede de energia elétrica mais resistente a fatores externos. Isso também resulta em uma cidade visualmente mais limpa, sem o emaranhado de fios pelos céus.

O processo de enterrar fios é complexo e caro

A execução envolve abrir ruas, construir túneis e garantir que o trânsito e o cotidiano da cidade sofram o menor impacto possível. Como exemplo, a obra de enterramento de apenas 2,2 km de fiação na Avenida Nove de Julho, em São Paulo, levou quase um ano para ser concluída. Além disso, o custo de enterrar cabos é consideravelmente maior do que manter a rede aérea: estima-se que o enterramento pode custar de 8 a 10 vezes mais.

O peso dos custos e o impacto nas tarifas de energia elétrica

Um dos maiores obstáculos ao enterramento de fios elétricos é o custo. Somente para enterrar a fiação do centro de São Paulo, a prefeitura estima que seriam necessários cerca de R$ 20 bilhões. Se a ideia for enterrar toda a rede elétrica da cidade, esse valor pode saltar para algo entre R$ 100 bilhões e R$ 150 bilhões. Esses números astronômicos têm feito com que especialistas sugiram um plano gradual, onde a meta seria enterrar de 2% a 4% da rede ao ano, permitindo uma execução mais viável financeiramente.

Com esses custos elevados, há o temor de que o valor seja repassado diretamente para os consumidores, resultando em aumentos significativos nas tarifas de energia elétrica. No entanto, os benefícios a longo prazo são incontestáveis, como a estabilidade da rede e a redução de acidentes, o que traria mais segurança e confiabilidade para as cidades.

Desafios políticos e o lento avanço dos projetos de enterramento

Embora o enterramento de fios elétricos já tenha sido tema de discussões em diversas gestões municipais, os avanços têm sido lentos. Na gestão João Doria, por exemplo, o programa “Cidade Linda Redes Aéreas” prometia enterrar 52 km de fiação, mas os resultados foram modestos. Atualmente, o programa “SP sem Fios”, da gestão atual, conseguiu concluir ou iniciar apenas 38,4 km.

Além disso, o contrato de concessão da Enel, a empresa responsável pela distribuição de energia elétrica em São Paulo, não prevê o enterramento da fiação como uma obrigatoriedade. Dessa forma, a expansão desse tipo de rede depende de decisões políticas e de uma alocação estratégica de investimentos tanto públicos quanto privados.

Impacto nas cidades durante as obras e os benefícios futuros

É inegável que o enterramento de fios elétricos traria vantagens como a redução de apagões, mais segurança e uma paisagem urbana mais organizada. Porém, o processo de implementação pode ser extremamente disruptivo para o cotidiano das cidades. A abertura de ruas, interdições e desvios no trânsito geram transtornos que podem se arrastar por meses ou até anos, dependendo da extensão da obra.

Mesmo com todos esses contratempos, a aposta no enterramento de cabos é uma solução a longo prazo que pode garantir uma rede elétrica mais estável e duradoura, especialmente em tempos de mudanças climáticas severas.

O que nos resta perguntar é: diante de tantos desafios, estamos preparados para investir no futuro das nossas cidades e priorizar a segurança e eficiência no fornecimento de energia elétrica? Você acredita que o enterramento de fios elétricos é a solução ideal ou devemos buscar alternativas? Compartilhe sua opinião nos comentários!

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Bruno Castilho Barreto

Jornalista com foco em petróleo e gás, investimentos e oportunidades no mercado nacional.

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