Com o aumento das ondas de calor nas cidades, pesquisadores buscam soluções que aliviem o desconforto térmico em espaços públicos. Uma nova tecnologia pode mudar o jogo.
Com o aumento das temperaturas causado pelas mudanças climáticas, cidades densamente povoadas enfrentam um desafio urgente: proteger suas populações do calor extremo. Por conta disso, uma tecnologia que resfria o ambiente está sendo desenvolvida.
Em muitas cidades grandes, por exemplo, a combinação de concreto, asfalto e falta de vegetação torna o ambiente ainda mais quente, agravando o chamado efeito de ilha de calor.
Pensando nisso, engenheiros da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) desenvolveram uma nova tecnologia que pode transformar a forma como lidamos com o calor nas cidades.
-
Sistema de defesa do Reino Unido pode atingir objetos do tamanho de bolas de tênis viajando a uma velocidade de 2469,6 KM
-
TV 50’’ 4K barata: 5 modelos com qualidade premium e som potente de marcas famosas por menos de R$ 2.500
-
Homem constrói submarino de 8 metros em garagem, mergulha 20 m e ganha aprovação da guarda costeira — ‘Lake Defender’ já é fenômeno na web
-
Engenheiro cria arco e flecha autoguiado que nunca erra o alvo — invenção caseira já é considerada uma revolução na história da arquearia moderna
Sistema inovador e acessível
A proposta da UCLA é simples, eficiente e de baixo custo. Trata-se de um sistema de painéis radiantes semitransparentes, capazes de reduzir a temperatura radiante em até 5,5 °C.
A grande inovação está no fato de que o ambiente não é fechado ou escurecido.
O sistema permite que as pessoas continuem vendo o entorno, enquanto se protegem do calor excessivo.
Esse avanço é especialmente útil para espaços abertos onde o uso de ar-condicionado é inviável, como parques, pontos de ônibus, feiras e playgrounds.
E mais: a estrutura é modular, segura e pode ser instalada com facilidade em diferentes ambientes.
Radiação invisível, desconforto real
A ideia por trás da nova tecnologia parte de um conceito pouco discutido, mas fundamental: a temperatura radiante média.
Mesmo que o ar esteja a uma temperatura agradável, como 28 °C, superfícies aquecidas pelo sol, como concreto ou metal, irradiam calor.
Isso faz com que o corpo humano perceba um calor muito maior do que o real.
Para combater esse problema, os engenheiros criaram uma estrutura que combina diferentes elementos.
Painéis de alumínio com água fria circulando internamente ajudam a manter a temperatura baixa. Esses painéis também são pintados de preto por dentro, para absorver melhor o calor da estrutura e aumentar a eficiência.
Película semitransparente bloqueia o calor
A estrutura lembra uma tenda de 3×3 metros.
Ela tem paredes feitas de um polímero parcialmente metalizado, que permite a passagem da luz visível, mas bloqueia a radiação infravermelha, principal responsável pela sensação de calor.
Já o teto usa chapas projetadas para resfriamento radiativo passivo, uma técnica que não depende de eletricidade para funcionar.
Essa combinação permite que a estrutura funcione de forma eficiente, sem causar sensação de confinamento. Em testes práticos, as pessoas relataram uma diferença clara em comparação com estruturas que apenas oferecem sombra.
Uso prático nas cidades
A grande vantagem do sistema é que ele pode ser aplicado imediatamente em diferentes contextos. Entre os locais que podem se beneficiar da novidade estão:
- Pontos de ônibus ou metrô sem refrigeração.
- Parques públicos com pouca sombra natural.
- Mercados e feiras ao ar livre.
- Escolas e espaços infantis.
Como o custo é reduzido e a estrutura é modular, a instalação pode ser feita sem grandes intervenções. Isso é especialmente importante para bairros mais pobres, onde as opções de conforto térmico são limitadas.
Projeto com foco social e climático
Esse desenvolvimento faz parte do programa Heat Resilient LA, ligado à iniciativa Sustainable LA Grand Challenge da própria UCLA.
O objetivo é encontrar soluções concretas para proteger a população do calor extremo, especialmente comunidades mais vulneráveis.
O sistema também conta com financiamento da National Science Foundation, e se alinha a medidas recentes da Califórnia.
Uma delas é o Projeto de Lei 2238 da Assembleia Estadual, que reconhece o calor extremo como risco climático e propõe ações diretas de alerta e prevenção.
Mais que uma sombra
Essa nova tecnologia não se limita a oferecer sombra. Ela representa um passo importante em direção a cidades mais preparadas para o futuro. Entre os principais benefícios estão:
- Redução no uso de ar-condicionado, diminuindo consumo de energia e emissões.
- Estímulo ao uso de espaços públicos mesmo em dias muito quentes.
- Proteção a profissionais que trabalham ao ar livre, como feirantes ou garis.
- Adaptação fácil a diferentes lugares, com estruturas que podem ser fixas ou temporárias.
Ao unir tecnologia com um olhar urbano e social, a solução desenvolvida pela equipe da UCLA mostra que é possível enfrentar o calor extremo de maneira prática, eficiente e acessível.
O projeto abre caminho para uma transformação no modo como as cidades lidam com as mudanças climáticas, sem esquecer das populações mais afetadas.
Com estruturas simples e materiais inovadores, essa iniciativa promete não só melhorar o conforto térmico, mas também tornar os ambientes urbanos mais habitáveis, seguros e sustentáveis. O futuro das cidades pode estar, literalmente, na transparência de uma nova sombra.