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Engenheiros criaram um sistema inteligente para prevenir futuros desastres em infraestruturas como pontes, rodovias e represas

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 08/04/2025 às 07:46
infraestruturas, desastres
Foto: Reprodução
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A segurança de grandes obras de infraestrutura pode dar um salto com o novo sistema desenvolvido por engenheiros. A tecnologia usa sensores e inteligência artificial para monitorar em tempo real a integridade de pontes, rodovias e represas, permitindo detectar riscos antes que se tornem desastres.

Quando a ponte Francis Scott Key desabou em Baltimore, em março de 2024, o alerta acendeu. Autoridades, engenheiros e especialistas em todo o mundo começaram a se perguntar: como evitar a próxima tragédia? A resposta pode estar na combinação entre sensores baratos e inteligência artificial.

Um sistema que escuta a estrutura

Pesquisadores da Michigan State University criaram um sistema inteligente chamado MIDAS — sigla para Mechanics-Informed Damage Assessment of Structure. A ideia é simples, mas poderosa: usar sensores para “ouvir” estruturas como pontes, rodovias e represas. Se algo parecer fora do normal, a IA emite um alerta em tempo real.

É como um smartwatch, mas em vez de medir batimentos cardíacos, o MIDAS monitora o “pulso” de grandes obras. Ele aprende como uma estrutura saudável se comporta e passa a reconhecer sinais precoces de dano, mesmo que invisíveis a olho nu.

O cérebro do sistema

O diferencial do MIDAS está em sua inteligência artificial. Ao contrário de sistemas que apenas analisam dados, ele é treinado com conhecimento mecânico.

Isso permite que identifique problemas mais sutis, aqueles que passariam despercebidos em outras análises.

Segundo o professor Nizar Lajnef, um dos líderes do projeto, a ideia é criar um tipo de “eletrocardiograma” para as pontes. Com isso, engenheiros podem saber exatamente onde está o problema e o quão grave ele é, antes que se torne perigoso.

Instala e esquece?

O sistema funciona no modelo “implantar e esquecer”. Ou seja, depois de instalado, ele opera sozinho, monitorando silenciosamente.

Se algo acontecer — um terremoto, um incêndio, um impacto — o MIDAS checa novamente a estrutura e emite alertas imediatos.

Isso permite que os reparos sejam feitos com rapidez, antes que o dano evolua para uma tragédia. No caso da ponte em Baltimore, por exemplo, a tecnologia poderia ter identificado falhas antes do acidente e permitido reforços na estrutura.

Infraestrutura envelhecida, orçamento apertado

Os Estados Unidos têm mais de 620.000 pontes. Muitas são antigas e carecem de manutenção. Mas reconstruir tudo custa caro. “Precisamos de uma forma eficiente de decidir o que consertar primeiro”, explica Lajnef. E é aí que o MIDAS entra.

Ao priorizar os pontos mais frágeis, o sistema ajuda a usar melhor os recursos públicos. Ele atua como uma triagem, indicando onde o risco é maior e onde o conserto é mais urgente.

O Brasil enfrenta desafios significativos na manutenção de suas pontes rodoviárias. Com um total de 113.168 pontes, somente 14.874 foram inventariadas, e 12.142 possuem registros de inspeção.

Dessas, 1.039 estão classificadas em condições ruins ou críticas. ​ Estima-se que aproximadamente 42 mil pontes no país tenham mais de 50 anos, exigindo atenção especial devido ao desgaste natural e ao aumento do tráfego.

A tragédia ocorrida em dezembro de 2024, com o desabamento da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira entre Tocantins e Maranhão, resultando em 14 mortes, evidenciou a urgência de ações preventivas.

Além da tecnologia

A pesquisa está formando também novos profissionais. Os doutorandos Xuyang Li e Mahdi Masmoudi participaram diretamente no desenvolvimento e testes do MIDAS.

A ideia é que essa nova geração de especialistas leve a tecnologia ainda mais longe.

Outro ponto importante é a aplicação em situações emergenciais. Em incêndios como os que ocorreram recentemente em Los Angeles, o MIDAS poderia avaliar o impacto em estradas e prédios em tempo real. Isso facilitaria evacuações rápidas e seguras.

Nós ouvimos para que, quando algo ruim acontecer, estejamos prontos”, resume Lajnef. A proposta do MIDAS não é prever o futuro, mas detectar os primeiros sinais de problema.

Com isso, evitar novos desastres pode deixar de ser uma corrida contra o tempo — e passar a ser uma resposta planejada, precisa e mais segura.

A pesquisa foi publicada na Nature Communications.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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