Energia solar lidera como principal fonte de eletricidade da União Europeia, enquanto o uso do carvão atinge níveis históricos mínimos.
Nos últimos anos, a fonte de eletricidade da União Europeia passou por mudanças profundas e significativas. De fato, a energia solar alcançou um marco histórico ao se tornar a principal fonte elétrica do bloco.
Por consequência, ela superou fontes tradicionais como o carvão e a energia nuclear. Assim, a Europa demonstra que a transição energética deixou de ser uma promessa distante para se tornar realidade.
Para compreender melhor essa transformação, é necessário revisitar a trajetória da matriz energética europeia. Durante grande parte do século XX, a Europa utilizou majoritariamente combustíveis fósseis, como carvão, petróleo e gás natural.
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O carvão, em especial, dominou por décadas devido à sua abundância e baixo custo. Entretanto, com o tempo, os impactos ambientais associados ao seu uso tornaram-se insustentáveis.
Nesse contexto, os países europeus começaram a investir em alternativas mais limpas. Ou seja, políticas públicas focadas em energias renováveis surgiram como resposta às crescentes preocupações com as mudanças climáticas.
Por isso, o início do século XXI marcou um ponto de virada na estratégia energética da União Europeia. Além disso, acordos internacionais como o Protocolo de Kyoto e o Acordo de Paris impulsionaram ainda mais essa transição.
A ascensão das energias renováveis na matriz europeia
Consequentemente, tecnologias como a energia solar e a eólica começaram a ocupar espaço crescente na produção elétrica do continente. Em 2008, por exemplo, a energia solar representava apenas 1% do cabaz de renováveis.
No entanto, esse número cresceu rapidamente graças a incentivos financeiros, linhas de crédito facilitadas e ao aumento da conscientização pública. Em 2023, a energia solar passou a representar 20,5% da produção renovável.
Assim, em junho de 2025, ela se tornou a maior fonte de eletricidade da União Europeia, atingindo 22,1% da geração total. Países como os Países Baixos e a Grécia bateram recordes históricos, com níveis superiores a 35% e 40%, respectivamente.
Além das condições climáticas favoráveis, políticas energéticas consistentes também contribuíram para esse avanço. Além disso, a queda no custo dos equipamentos e o aumento da eficiência dos painéis aceleraram a adesão em larga escala.
Portanto, a transformação não ocorreu por acaso, mas como resultado de planejamento estratégico e investimento constante. Por outro lado, a energia eólica também avançou de maneira significativa.
Em maio e junho de 2025, ela foi responsável por quase 16% da eletricidade da UE, refletindo a diversificação das fontes renováveis. Dessa forma, o bloco consegue reduzir sua dependência dos combustíveis fósseis de maneira cada vez mais eficaz.
A queda histórica do carvão na produção elétrica da UE
Enquanto as renováveis crescem, o uso do carvão diminui. Em junho de 2025, apenas 6,1% da eletricidade da União Europeia teve origem no carvão, o menor índice já registrado.
Em comparação com os 8,8% do ano anterior, a queda é expressiva. Países como Alemanha e Polônia, por exemplo, reduziram drasticamente sua participação no uso dessa fonte.
Portanto, mesmo que a Polônia ainda mantenha uma fatia alta (42,9%) de carvão, sua trajetória também aponta para o declínio. Outros países, como República Tcheca, Bulgária e Dinamarca, acompanharam essa tendência.
Simultaneamente, dez países da União Europeia eliminaram totalmente o uso de carvão. Entre eles, destaca-se a Irlanda, que desativou sua última usina em junho de 2025.
Espanha e Eslováquia planejam fazer o mesmo até o final do ano. Além disso, a redução do uso do carvão traz impactos positivos para o meio ambiente e a saúde pública.
Ou seja, ao cortar emissões de dióxido de carbono e melhorar a qualidade do ar, esses países contribuem diretamente para combater o aquecimento global. Assim, a descarbonização se consolida como prioridade estratégica em toda a Europa.
O apoio público e a participação comunitária na transição energética
Ao mesmo tempo, o apoio da população tem desempenhado papel crucial no avanço da energia limpa. De acordo com a Comissão Europeia, quase 90% dos cidadãos apoiam medidas para ampliar o uso de fontes renováveis.
Essa aceitação popular reflete não apenas a consciência ambiental, mas também a percepção de benefícios concretos. Por exemplo, a energia solar nos telhados tornou-se uma escolha comum em diversos países.
Os consumidores perceberam que, ao gerar sua própria energia, reduzem as contas e ganham independência. Além disso, programas comunitários de energia incentivam a participação cidadã.
Por meio de cooperativas, grupos locais compartilham os ganhos financeiros e fortalecem a economia da região. Portanto, esse envolvimento direto aumenta a aceitação social dos projetos e amplia as chances de sucesso a longo prazo.
Dessa forma, os cidadãos europeus se tornaram agentes ativos da transição energética, e não apenas observadores.
Desafios e oportunidades tecnológicas na geração renovável
Apesar dos avanços, ainda existem desafios. Por um lado, a variabilidade da geração solar e eólica exige soluções de armazenamento e gestão inteligente da rede.
Essas dificuldades geram oportunidades para inovação e expansão tecnológica. Por isso, os especialistas recomendam investimentos em baterias de larga escala, capazes de armazenar a energia excedente e distribuí-la durante os períodos sem sol ou vento.
Além disso, o desenvolvimento de redes elétricas inteligentes pode equilibrar a oferta e a demanda de forma mais eficiente. Com isso, o sistema se torna mais estável, resiliente e acessível.
Outra oportunidade promissora surge com a reutilização de antigas áreas de mineração. Conforme estudo do Global Energy Monitor, a Europa pode converter mais de 1,2 milhão de hectares de minas de carvão em parques solares.
Assim, essas regiões degradadas podem ganhar novo propósito, combinando energia limpa e recuperação ambiental.
O futuro sustentável da matriz elétrica europeia
Por fim, a fonte de eletricidade da União Europeia mudou de forma irreversível. A energia solar assumiu um papel central e lidera uma transformação ampla, estrutural e, acima de tudo, sustentável.
A nova matriz energética do bloco não depende mais exclusivamente dos combustíveis fósseis. A cada avanço, a Europa se aproxima de um sistema mais seguro, autônomo e resiliente.
Com isso, o continente envia uma mensagem clara ao mundo: é possível crescer, inovar e proteger o planeta ao mesmo tempo. Dessa maneira, a União Europeia se posiciona como líder global no combate à crise climática.
Em outras palavras, o sucesso da energia solar demonstra que o futuro energético pode ser limpo, descentralizado e democrático. Se os investimentos, o apoio popular e a inovação continuarem, esse futuro deixará de ser promessa — e se tornará norma.