Como um revestimento solar flexível e eficiente poderá alimentar seu telefone e outros dispositivos sem perder desempenho
Quando falamos de energia solar, a imagem que geralmente nos vem à cabeça é de extensas áreas cobertas por painéis pretos, compostos por células solares semicondutoras de silício. Esses painéis têm sido fundamentais na redução do custo da energia solar em cerca de 90% desde 2010, oferecendo uma fonte renovável essencial.
No entanto, há mais nas possibilidades da energia solar do que simplesmente instalar fazendas solares gigantescas ou painéis em telhados.
Inovação em materiais: Perovskitas e eficiência solar
Um estudo recente revelou que pesquisadores da Universidade de Oxford desenvolveram um novo tipo de material capaz de absorver luz sem depender dos tradicionais e rígidos fotovoltaicos de silício que predominam atualmente. Esse avanço tecnológico utiliza uma “abordagem multijunção”, que consiste na sobreposição de várias camadas de perovskitas, um material absorvente de luz, em uma única célula solar.
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Testes e resultados impressionantes de eficiência
O Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Industrial Avançada do Japão (AIST), renomado por suas contribuições em calibração, padrões e medições fotovoltaicas, confirmou que essa nova célula solar alcançou uma eficiência impressionante de 27%.
Isso significa que 27% da luz solar que atinge a célula é convertida em energia utilizável, um marco considerável, especialmente levando em conta que essa taxa de eficiência geralmente só é alcançada em condições ideais de laboratório. Os pesquisadores indicam que este é apenas o início de possibilidades ainda mais promissoras.
A maior vantagem dessa nova tecnologia, além da alta eficiência, é sua flexibilidade. Com espessura de pouco mais de um mícron — cerca de 150 vezes mais fino que uma pastilha de silício tradicional —, este material funciona mais como um revestimento que pode ser aplicado a inúmeras superfícies, desde mochilas e veículos até telefones celulares. Isso amplia significativamente o potencial de captação de energia solar, potencialmente reduzindo a dependência de fontes de energia menos sustentáveis.
Apesar das promessas, a inovação com perovskitas enfrenta desafios, como a durabilidade comparativamente menor em relação a outras tecnologias solares. Contudo, avanços têm sido feitos para superar esses obstáculos. A Oxford PV, uma empresa spin-off da Universidade de Oxford criada em 2010, está no centro desses esforços, tendo iniciado a produção em massa dessas células solares híbridas em 2023 através de uma linha de produção piloto.
Henry Snaith, cofundador e diretor científico da Oxford PV, destacou o potencial transformador desses avanços. “As inovações recentes em materiais e técnicas solares demonstradas em nossos laboratórios têm o potencial de fundamentar uma nova indústria. Esta pode gerar energia solar de maneira mais sustentável e econômica, integrando-a a edifícios, veículos e objetos já existentes“, afirmou Snaith em um comunicado.
Essas inovações não sugerem que devemos diminuir o ritmo na instalação de painéis solares convencionais, especialmente considerando a urgência em combater as mudanças climáticas. No entanto, a possibilidade de revestir mais superfícies com células solares que aproveitem de forma eficaz a energia solar gratuita pode beneficiar a todos, marcando um passo significativo em direção a um futuro mais sustentável e energeticamente eficiente.