Energia solar no Brasil ultrapassa novo recorde histórico, com 60 GW instalados, reforçando seu papel na matriz elétrica e no avanço sustentável do país.
A energia solar no Brasil ultrapassa uma marca histórica ao superar 60 gigawatts de capacidade instalada, consolidando-se como uma das principais forças da matriz elétrica nacional.
Esse crescimento representa não apenas a expansão de uma fonte renovável, mas também um marco simbólico no avanço da transição energética brasileira.
De acordo com a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), essa potência resulta da soma de 42,05 GW de geração distribuída — pequenos e médios sistemas instalados em residências, comércios e áreas rurais — e 17,95 GW de geração centralizada, provenientes das grandes usinas solares espalhadas pelo país.
No acumulado de 2025, já foram adicionados mais de 7 GW à rede elétrica.
Esse aumento é expressivo quando se considera que, no final de janeiro, o Brasil tinha atingido a marca de 53 GW.
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Hoje, a energia solar representa mais de 23% da matriz elétrica nacional, ficando atrás apenas das hidrelétricas, que ainda detêm cerca de 43,3% da capacidade instalada.
Portanto, a fonte fotovoltaica não apenas fortalece a matriz, como também contribui para reduzir a dependência de fontes hídricas em períodos de estiagem, garantindo maior estabilidade no fornecimento de energia.
Além disso, a expansão da energia solar gera impactos positivos indiretos, como o incentivo à pesquisa e desenvolvimento tecnológico e à inovação em sistemas de armazenamento, permitindo que a energia seja utilizada de forma mais eficiente em horários de pico.
Isso demonstra que a energia solar no Brasil ultrapassa barreiras técnicas e amplia o potencial de transformação de toda a infraestrutura energética do país.
Crescimento expressivo e desafios no caminho
Apesar do crescimento acelerado, o setor enfrenta desafios que dificultam um avanço ainda mais robusto.
Um dos principais problemas é a falta de ressarcimento aos empreendedores por cortes na geração de energia renovável.
Outro entrave relevante está na conexão de pequenos sistemas de geração própria solar, especialmente em áreas onde ocorre a inversão de fluxo de potência.
Além disso, a expansão da geração distribuída depende de modernização da rede elétrica, com investimentos em linhas de transmissão e sistemas inteligentes.
Essas melhorias são essenciais para que a energia solar não apenas seja produzida, mas também chegue de forma eficiente a todos os consumidores, aumentando o impacto socioeconômico e ambiental.
Mesmo assim, o avanço da geração distribuída impressiona. Na GD, a tecnologia fotovoltaica responde por 99,9% das conexões em todo o Brasil.
Apenas 11 municípios, dos 5.570 existentes, ainda não possuem sistemas solares instalados.
Hoje, já são mais de 3,76 milhões de sistemas presentes em telhados, fachadas e pequenos terrenos, beneficiando diretamente 6,61 milhões de unidades consumidoras.
A maior parte da potência instalada encontra-se em residências, somando 20,84 GW. O setor comercial vem em seguida, com 11,95 GW, seguido pelo rural, com 5,64 GW, e pelo industrial, com 3,05 GW. São Paulo lidera o ranking com 5,91 GW, seguido por Minas Gerais, com 5,31 GW, e Paraná, com 3,78 GW.
É interessante notar que o crescimento da GD também contribui para o desenvolvimento regional, especialmente em municípios menores que passam a ter acesso à geração própria de energia.
Dessa forma, a tecnologia não apenas promove economia de custos, mas também estimula a autonomia energética e incentiva a economia local, criando um efeito multiplicador que beneficia toda a sociedade.
A força da geração centralizada
Na geração centralizada, o Brasil registra 17,95 GW provenientes de grandes usinas solares. Um fato curioso é que, até 2017, essa modalidade não participava da matriz elétrica nacional.
Hoje, alguns estados se destacam nesse segmento, como Minas Gerais, que soma 7,41 GW, Bahia, com 2,40 GW, e Piauí, com 2,09 GW.
Além da capacidade já instalada, o Brasil possui 29,3 GW em fase de construção ou implantação, segundo dados da ANEEL.
Isso indica que o ritmo de expansão deverá se manter nos próximos anos, consolidando ainda mais o protagonismo da energia solar.
As grandes usinas também oferecem benefícios estratégicos. Por exemplo, contribuem para a diversificação geográfica da geração, fortalecendo o fornecimento em regiões com maior demanda industrial e urbana.
Além disso, esses projetos criam novas oportunidades de emprego, especialmente em engenharia, construção civil e manutenção técnica especializada, fomentando o crescimento econômico em várias regiões do país.
Investimentos e impacto socioeconômico
O crescimento da energia solar no Brasil ultrapassa barreiras técnicas e se traduz em forte impacto econômico. Desde que começou a ser implantada no país, essa fonte renovável já atraiu R$ 266,8 bilhões em investimentos.
Além disso, gerou mais de 1,7 milhão de empregos e arrecadou R$ 83,1 bilhões em impostos para os cofres públicos.
O setor também estimula parcerias público-privadas, expansão de linhas de crédito verdes e o surgimento de startups de energia renovável, que desenvolvem soluções inovadoras para otimização do consumo e integração à rede elétrica.
Portanto, a energia solar não só fornece eletricidade limpa, mas também impulsiona toda a cadeia produtiva do setor elétrico.
No aspecto ambiental, a contribuição é igualmente relevante. A energia solar evitou a emissão de cerca de 88,1 milhões de toneladas de CO₂, ajudando a reduzir a dependência de fontes fósseis e fortalecendo a luta contra as mudanças climáticas.
Além disso, a expansão da energia solar contribui para reduzir a pressão sobre recursos hídricos, já que a tecnologia não depende de grandes volumes de água, diferentemente das hidrelétricas.
Contexto histórico e futuro promissor
O início da energia solar no Brasil foi tímido, marcado por altos custos de instalação e pouca popularização da tecnologia.
Com o avanço tecnológico e políticas de incentivo, os preços caíram significativamente, tornando viável a adesão por consumidores residenciais, empresas e produtores rurais.
Nos últimos dez anos, o crescimento da capacidade instalada foi exponencial, refletindo uma tendência global de migração para fontes limpas.
A trajetória da energia solar no Brasil ultrapassa a mera instalação de painéis fotovoltaicos. Ela envolve mudanças estruturais na forma de produzir e consumir energia, exigindo planejamento, investimento e atualização constante da rede elétrica.
Se mantiver o atual ritmo de expansão, o país pode se consolidar como líder em energia solar na América Latina e um dos maiores players mundiais.
O caminho, entretanto, exige atenção a gargalos regulatórios, fortalecimento da infraestrutura e incentivo contínuo à inovação.
Com soluções adequadas, a energia solar no Brasil ultrapassa não apenas metas numéricas, mas também barreiras históricas, acelerando a transição para uma matriz mais sustentável.
Além disso, espera-se que novas tecnologias de armazenamento e integração à rede ampliem ainda mais a eficiência da energia solar.
Com isso, o Brasil poderá não apenas produzir energia limpa, mas também gerenciar seu consumo e suprir regiões remotas, fortalecendo a segurança energética e a competitividade econômica.