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Energia solar no Brasil ultrapassa a marca de 60 GW de capacidade instalada

Escrito por Paulo H. S. Nogueira
Publicado em 14/08/2025 às 06:41
Vista aérea de uma usina solar com alguns profissionais caminhando entre as fileiras de painéis fotovoltaicos.
Vista aérea mostra técnicos caminhando pelos corredores de uma usina solar, realizando inspeções entre os painéis fotovoltaicos.
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Energia solar no Brasil ultrapassa novo recorde histórico, com 60 GW instalados, reforçando seu papel na matriz elétrica e no avanço sustentável do país.

A energia solar no Brasil ultrapassa uma marca histórica ao superar 60 gigawatts de capacidade instalada, consolidando-se como uma das principais forças da matriz elétrica nacional.
Esse crescimento representa não apenas a expansão de uma fonte renovável, mas também um marco simbólico no avanço da transição energética brasileira.

De acordo com a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), essa potência resulta da soma de 42,05 GW de geração distribuída — pequenos e médios sistemas instalados em residências, comércios e áreas rurais — e 17,95 GW de geração centralizada, provenientes das grandes usinas solares espalhadas pelo país.

No acumulado de 2025, já foram adicionados mais de 7 GW à rede elétrica.
Esse aumento é expressivo quando se considera que, no final de janeiro, o Brasil tinha atingido a marca de 53 GW.

Hoje, a energia solar representa mais de 23% da matriz elétrica nacional, ficando atrás apenas das hidrelétricas, que ainda detêm cerca de 43,3% da capacidade instalada.
Portanto, a fonte fotovoltaica não apenas fortalece a matriz, como também contribui para reduzir a dependência de fontes hídricas em períodos de estiagem, garantindo maior estabilidade no fornecimento de energia.

Além disso, a expansão da energia solar gera impactos positivos indiretos, como o incentivo à pesquisa e desenvolvimento tecnológico e à inovação em sistemas de armazenamento, permitindo que a energia seja utilizada de forma mais eficiente em horários de pico.

Isso demonstra que a energia solar no Brasil ultrapassa barreiras técnicas e amplia o potencial de transformação de toda a infraestrutura energética do país.

Crescimento expressivo e desafios no caminho

Apesar do crescimento acelerado, o setor enfrenta desafios que dificultam um avanço ainda mais robusto.

Um dos principais problemas é a falta de ressarcimento aos empreendedores por cortes na geração de energia renovável.

Outro entrave relevante está na conexão de pequenos sistemas de geração própria solar, especialmente em áreas onde ocorre a inversão de fluxo de potência.

Além disso, a expansão da geração distribuída depende de modernização da rede elétrica, com investimentos em linhas de transmissão e sistemas inteligentes.

Essas melhorias são essenciais para que a energia solar não apenas seja produzida, mas também chegue de forma eficiente a todos os consumidores, aumentando o impacto socioeconômico e ambiental.

Mesmo assim, o avanço da geração distribuída impressiona. Na GD, a tecnologia fotovoltaica responde por 99,9% das conexões em todo o Brasil.

Apenas 11 municípios, dos 5.570 existentes, ainda não possuem sistemas solares instalados.
Hoje, já são mais de 3,76 milhões de sistemas presentes em telhados, fachadas e pequenos terrenos, beneficiando diretamente 6,61 milhões de unidades consumidoras.

A maior parte da potência instalada encontra-se em residências, somando 20,84 GW. O setor comercial vem em seguida, com 11,95 GW, seguido pelo rural, com 5,64 GW, e pelo industrial, com 3,05 GW. São Paulo lidera o ranking com 5,91 GW, seguido por Minas Gerais, com 5,31 GW, e Paraná, com 3,78 GW.

É interessante notar que o crescimento da GD também contribui para o desenvolvimento regional, especialmente em municípios menores que passam a ter acesso à geração própria de energia.

Dessa forma, a tecnologia não apenas promove economia de custos, mas também estimula a autonomia energética e incentiva a economia local, criando um efeito multiplicador que beneficia toda a sociedade.

A força da geração centralizada

Na geração centralizada, o Brasil registra 17,95 GW provenientes de grandes usinas solares. Um fato curioso é que, até 2017, essa modalidade não participava da matriz elétrica nacional.

Hoje, alguns estados se destacam nesse segmento, como Minas Gerais, que soma 7,41 GW, Bahia, com 2,40 GW, e Piauí, com 2,09 GW.

Além da capacidade já instalada, o Brasil possui 29,3 GW em fase de construção ou implantação, segundo dados da ANEEL.

Isso indica que o ritmo de expansão deverá se manter nos próximos anos, consolidando ainda mais o protagonismo da energia solar.

As grandes usinas também oferecem benefícios estratégicos. Por exemplo, contribuem para a diversificação geográfica da geração, fortalecendo o fornecimento em regiões com maior demanda industrial e urbana.

Além disso, esses projetos criam novas oportunidades de emprego, especialmente em engenharia, construção civil e manutenção técnica especializada, fomentando o crescimento econômico em várias regiões do país.

Investimentos e impacto socioeconômico

O crescimento da energia solar no Brasil ultrapassa barreiras técnicas e se traduz em forte impacto econômico. Desde que começou a ser implantada no país, essa fonte renovável já atraiu R$ 266,8 bilhões em investimentos.

Além disso, gerou mais de 1,7 milhão de empregos e arrecadou R$ 83,1 bilhões em impostos para os cofres públicos.

O setor também estimula parcerias público-privadas, expansão de linhas de crédito verdes e o surgimento de startups de energia renovável, que desenvolvem soluções inovadoras para otimização do consumo e integração à rede elétrica.

Portanto, a energia solar não só fornece eletricidade limpa, mas também impulsiona toda a cadeia produtiva do setor elétrico.

No aspecto ambiental, a contribuição é igualmente relevante. A energia solar evitou a emissão de cerca de 88,1 milhões de toneladas de CO₂, ajudando a reduzir a dependência de fontes fósseis e fortalecendo a luta contra as mudanças climáticas.

Além disso, a expansão da energia solar contribui para reduzir a pressão sobre recursos hídricos, já que a tecnologia não depende de grandes volumes de água, diferentemente das hidrelétricas.

Contexto histórico e futuro promissor

O início da energia solar no Brasil foi tímido, marcado por altos custos de instalação e pouca popularização da tecnologia.

Com o avanço tecnológico e políticas de incentivo, os preços caíram significativamente, tornando viável a adesão por consumidores residenciais, empresas e produtores rurais.

Nos últimos dez anos, o crescimento da capacidade instalada foi exponencial, refletindo uma tendência global de migração para fontes limpas.

A trajetória da energia solar no Brasil ultrapassa a mera instalação de painéis fotovoltaicos. Ela envolve mudanças estruturais na forma de produzir e consumir energia, exigindo planejamento, investimento e atualização constante da rede elétrica.

Se mantiver o atual ritmo de expansão, o país pode se consolidar como líder em energia solar na América Latina e um dos maiores players mundiais.

O caminho, entretanto, exige atenção a gargalos regulatórios, fortalecimento da infraestrutura e incentivo contínuo à inovação.

Com soluções adequadas, a energia solar no Brasil ultrapassa não apenas metas numéricas, mas também barreiras históricas, acelerando a transição para uma matriz mais sustentável.

Além disso, espera-se que novas tecnologias de armazenamento e integração à rede ampliem ainda mais a eficiência da energia solar.

Com isso, o Brasil poderá não apenas produzir energia limpa, mas também gerenciar seu consumo e suprir regiões remotas, fortalecendo a segurança energética e a competitividade econômica.

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Setor de energia solar em crescimento no Brasil | Band RS

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Paulo H. S. Nogueira

Sou Paulo Nogueira, formado em Eletrotécnica pelo Instituto Federal Fluminense (IFF), com experiência prática no setor offshore, atuando em plataformas de petróleo, FPSOs e embarcações de apoio. Hoje, dedico-me exclusivamente à divulgação de notícias, análises e tendências do setor energético brasileiro, levando informações confiáveis e atualizadas sobre petróleo, gás, energias renováveis e transição energética.

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