Relatório da Agência Internacional de Energia (IEA) aponta que a capacidade global de geração renovável deve mais que dobrar até 2030, com a energia solar liderando o crescimento. No entanto, as projeções foram revisadas para baixo devido a políticas nos EUA e mudanças econômicas na China.
A energia solar segue como o principal motor da expansão das fontes renováveis no mundo, mas a Agência Internacional de Energia (IEA) reduziu suas projeções para o crescimento do setor até 2030, conforme noticiado nesta quarta, 08. O relatório Renewables 2025 aponta que o aumento da capacidade global será expressivo — ultrapassando 4.600 gigawatts (GW) —, porém 248 GW a menos do que o estimado em 2024.
Segundo o estudo, mais de 80% da nova capacidade virá da energia solar, impulsionada pela queda nos custos de instalação e pela agilidade nos processos de licenciamento. O restante será complementado por fontes como energia eólica, hidrelétrica, bioenergia e geotérmica, reforçando a tendência de diversificação da matriz energética global.
EUA perdem ritmo no avanço da energia solar após mudanças políticas
Nos Estados Unidos, as perspectivas para o setor renovável recuaram drasticamente. A IEA destaca que a eliminação antecipada de incentivos fiscais federais e ajustes regulatórios durante o governo Donald Trump reduziram em quase 50% as expectativas de crescimento do mercado norte-americano em relação à previsão anterior.
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Essas medidas enfraqueceram o ritmo de expansão da energia solar e eólica, justamente no momento em que outros países consolidam políticas mais agressivas de descarbonização. Fontes como Bloomberg, Reuters e Al Jazeera apontam que, sem o estímulo governamental, investidores têm enfrentado incertezas quanto à viabilidade de novos projetos, especialmente em estados que dependem de subsídios federais.
Mesmo assim, analistas acreditam que a tendência de longo prazo se manterá positiva, impulsionada pela demanda de grandes empresas e pelo barateamento contínuo dos painéis solares.
China também desacelera, mas segue líder em capacidade instalada
Enquanto os EUA perdem tração, a China — considerada o motor das energias renováveis na última década — também enfrenta desafios. O relatório da IEA revela que a transição de tarifas fixas para o modelo de leilões de energia tem impactado a rentabilidade dos projetos solares e eólicos no país.
Essa mudança levou a uma revisão negativa nas previsões de crescimento da capacidade chinesa. No entanto, a China continua sendo o maior mercado mundial em energia solar, responsável por um volume impressionante de instalação de painéis fotovoltaicos e turbinas eólicas nos últimos anos.
Além disso, o país investe fortemente em inovação, armazenamento e novas tecnologias para reduzir a dependência de combustíveis fósseis. A expectativa é que, mesmo com ajustes econômicos, o governo chinês continue priorizando a transição energética como estratégia central de política industrial e ambiental.
A IEA observa que economias emergentes da Ásia, do Oriente Médio e da África estão registrando um avanço acelerado. A combinação de custos competitivos, apoio político e novos programas de leilões tem impulsionado investimentos em larga escala.
A Índia, por exemplo, está prestes a se tornar o segundo maior mercado em expansão de energias renováveis, logo atrás da China, e deve atingir suas metas com folga até 2030. Esse movimento reforça a posição do continente asiático como protagonista global na corrida pela sustentabilidade energética.
Impactos sociais e ambientais entram no debate global sobre renováveis
No Brasil, o avanço das fontes renováveis também gera debates. O Nordeste concentra mais de 90% da capacidade eólica instalada no país, mas há denúncias sobre impactos socioambientais. O procurador José Godoy, do Ministério Público Federal (MPF) da Paraíba, alerta para contratos sigilosos e prejuízos às comunidades locais, que enfrentam problemas de saúde e deslocamento devido à proximidade das torres eólicas.
Esse tipo de situação reacende a discussão sobre a mineração sustentável e o equilíbrio entre expansão energética e justiça ambiental. Nesse sentido, a Colômbia propôs à ONU a criação de um grupo internacional de especialistas para formular as bases de um tratado global que regule a extração e o comércio de minerais estratégicos usados em tecnologias limpas.
Assim, mesmo com a revisão das projeções da IEA, a energia solar continua a brilhar como pilar da transição energética mundial — especialmente entre EUA, China e outras potências emergentes que disputam a liderança desse novo cenário global.