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Energia solar e eólica ultrapassa um terço da matriz elétrica no Brasil

Escrito por Paulo H. S. Nogueira
Publicado em 15/09/2025 às 08:41
Painéis solares e turbinas eólicas em funcionamento durante a manhã ensolarada.
Vista de painéis solares e turbinas eólicas aproveitando a luz da manhã para gerar energia renovável.
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Brasil atinge novo marco: energia solar e eólica supera 34% da matriz elétrica no Brasil, fortalecendo a diversificação e impulsionando a transição energética.

O Brasil vive, sem dúvida, um momento histórico em seu setor energético.

Em agosto de 2025, pela primeira vez, a energia solar e eólica ultrapassou 34% da matriz elétrica no Brasil, segundo dados oficiais analisados pelo grupo de especialistas Ember.

Esse avanço representa não apenas um recorde de produção, mas também uma mudança profunda na forma como o país gera e consome energia.

Nos últimos anos, o país investiu fortemente para transformar o setor energético, reduzindo, consequentemente, a dependência de fontes fósseis e hidrelétricas.

Historicamente, o Brasil se destacou pela predominância da energia hidrelétrica. Desde meados do século XX, grandes usinas como Itaipu, Belo Monte e Tucuruí consolidaram a produção de eletricidade baseada em água.

Isso tornou o país um dos líderes mundiais em energia limpa. No entanto, a variabilidade das chuvas mostrou, ainda assim, que confiar exclusivamente nas hidrelétricas pode gerar riscos para o abastecimento energético.

Além disso, a expansão das energias renováveis reflete um esforço histórico de modernização da matriz elétrica no Brasil.

Desde a década de 2000, programas de incentivo à energia eólica e solar surgiram justamente para diversificar a matriz energética e reduzir emissões de gases de efeito estufa.

Políticas públicas, leilões de energia renovável e parcerias público-privadas criaram um ambiente favorável para investimentos consistentes em geração limpa.

Crescimento acelerado de energia solar e eólica

O crescimento da energia solar e eólica no Brasil resulta de décadas de investimentos e políticas públicas voltadas para a diversificação da matriz elétrica no Brasil.

Em 2019, a contribuição da energia solar era de apenas 1%, enquanto a eólica respondia por cerca de 8,8%.

Em cinco anos, esses números evoluíram significativamente: em 2024, a solar atingiu 9,6% e a eólica 15% da geração elétrica nacional.

Esse aumento não apenas ampliou a capacidade instalada, mas também fortaleceu a resiliência do sistema elétrico brasileiro diante de períodos de seca ou baixa geração hidrelétrica.

Em agosto de 2025, a produção combinada de energia solar e eólica alcançou 19 terawatt-hora (TWh), suficiente para abastecer 119 milhões de residências brasileiras.

Esse número superou o recorde anterior de 18,6 TWh registrado em setembro de 2024, consolidando o papel dessas fontes como pilares fundamentais da matriz elétrica no Brasil.

Raul Miranda, diretor do programa global da Ember, afirmou que “o sol e o vento são um complemento perfeito para os recursos hidrelétricos do Brasil”.

Assim, essa diversificação se mostra essencial para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas e garantir um fornecimento estável de eletricidade.

Além disso, a transição energética trouxe inovação tecnológica.

O avanço da energia solar fotovoltaica permitiu instalar painéis mais eficientes e desenvolver sistemas de monitoramento e armazenamento que aumentam a confiabilidade da geração.

Já a eólica passou a contar com turbinas maiores e mais resistentes, capazes de aproveitar melhor os ventos constantes do Nordeste e do Sul do país.

Dessa forma, esses avanços consolidam o papel das renováveis como parte estratégica da matriz elétrica no Brasil.

Impactos da queda hidrelétrica e redução de emissões

A queda da geração hidrelétrica nos últimos anos reforça a necessidade de uma matriz diversificada.

Em agosto de 2025, a hidrelétrica respondeu por apenas 48% da produção elétrica, o segundo mês consecutivo em que não ultrapassou metade da matriz elétrica no Brasil.

Ao mesmo tempo, a participação dos combustíveis fósseis caiu para 14%, uma redução significativa em comparação aos 26% registrados em 2021.

Dessa forma, o crescimento das energias renováveis substituiu gradualmente fontes mais poluentes, sem comprometer a segurança do abastecimento.

Além disso, o Brasil ampliou sua capacidade de geração limpa e reduziu impactos ambientais.

Desde 2014, quando o setor elétrico brasileiro atingiu seu pico de emissões, o país diminuiu 31% das emissões, mesmo com um aumento de 22% na demanda por eletricidade.

A introdução de fontes renováveis na matriz elétrica no Brasil contribui diretamente para a descarbonização do setor, posicionando o país como referência global em energia limpa.

Ricardo Baitelo, do Instituto de Energia e Meio Ambiente, destacou que essas fontes “não são mais alternativas: fazem parte da estrutura da matriz elétrica”.

Aspectos econômicos e liderança global

Além do impacto ambiental, o crescimento da energia solar e eólica gerou efeitos econômicos positivos.

A expansão das renováveis criou empregos, estimulou a inovação tecnológica e fortaleceu a indústria nacional de equipamentos e serviços relacionados à energia limpa.

O Brasil, com seu potencial solar e eólico abundante, possui condições únicas para se consolidar como um polo global de energias renováveis.

O país é, portanto, o único do G20 a caminho de triplicar o uso de fontes renováveis em cinco anos, conforme definido na COP28, realizada em Dubai.

No entanto, o avanço das energias renováveis enfrenta desafios estruturais.

O modelo regulatório vigente ainda favorece a energia térmica cara e exige ajustes para otimizar o uso da energia limpa.

Subsídios destinados à energia solar residencial, por exemplo, aumentam os custos do sistema e promovem a contratação de energia térmica mais cara para equilibrar a matriz elétrica no Brasil.

Paulo Pedrosa, presidente da Abrace Energia, alerta para a necessidade de reformas que priorizem a competitividade da energia renovável e incentivem a indústria nacional.

Além disso, outro ponto relevante é a integração das energias renováveis aos sistemas regionais de transmissão.

Para que a expansão seja sustentável, o país precisa fortalecer as linhas de transmissão e investir em armazenamento.

Isso garante que a eletricidade gerada no Nordeste atenda também às regiões Sudeste e Sul, aumentando, assim, a eficiência da matriz elétrica no Brasil.

Matriz elétrica no Brasil: Potencial futuro e benefícios sociais

O potencial do Brasil para expandir as energias renováveis é imenso.

Estudos indicam que o país poderia suprir praticamente toda a demanda interna apenas com energia solar e eólica, caso aproveitasse todas as áreas com condições favoráveis.

Dessa forma, essa capacidade coloca o país em posição de liderança na transição energética global e oferece oportunidades estratégicas para exportação de tecnologia e conhecimento em energia limpa.

O desenvolvimento da matriz elétrica no Brasil também traz benefícios sociais.

A expansão da geração distribuída, especialmente solar, permite que residências, empresas e comunidades acessem eletricidade limpa e econômica.

Isso contribui para reduzir desigualdades no acesso à energia e promove maior autonomia energética, fortalecendo, assim, a economia local e melhorando a qualidade de vida.

O caminho para consolidar a liderança do Brasil em energia renovável envolve planejamento estratégico, investimentos contínuos e reformas regulatórias.

O país precisa garantir que a expansão da energia solar e eólica seja acompanhada de infraestrutura adequada, incluindo redes de transmissão e armazenamento, para manter a confiabilidade do sistema.

Políticas públicas devem incentivar o uso eficiente da eletricidade e a redução do desperdício, complementando, assim, o crescimento da matriz elétrica no Brasil com sustentabilidade econômica e ambiental.

Em resumo, o marco registrado em agosto de 2025 não é apenas um número: representa décadas de evolução, pesquisa e investimento em energias renováveis.

O Brasil demonstra que é possível combinar crescimento econômico, proteção ambiental e segurança energética.

O futuro da energia no Brasil depende dessa combinação de inovação, planejamento e compromisso com a sustentabilidade, consolidando, assim, o país como referência global na transição para uma economia de baixo carbono.

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Paulo H. S. Nogueira

Sou Paulo Nogueira, formado em Eletrotécnica pelo Instituto Federal Fluminense (IFF), com experiência prática no setor offshore, atuando em plataformas de petróleo, FPSOs e embarcações de apoio. Hoje, dedico-me exclusivamente à divulgação de notícias, análises e tendências do setor energético brasileiro, levando informações confiáveis e atualizadas sobre petróleo, gás, energias renováveis e transição energética.

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