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Energia solar da União Europeia supera e se torna a principal fonte elétrica

Escrito por Paulo H. S. Nogueira
Publicado em 07/08/2025 às 12:12
Placas solares alinhadas em um campo refletindo a luz intensa do meio-dia sob um céu claro com poucas nuvens.
Painéis solares produzindo eletricidade durante o pico de luminosidade em um dia ensolarado.
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Energia solar da União Europeia alcança 22,1% da geração elétrica em junho de 2025, superando gás e carvão, e consolidando-se como principal fonte do bloco europeu.

A energia solar da União Europeia (UE) atingiu um marco histórico que mostra, claramente, o rápido avanço da transição energética no continente. Em junho de 2025, pela primeira vez, sistemas fotovoltaicos geraram mais eletricidade do que outras fontes tradicionais. Como gás natural e carvão, tornando-se, portanto, a principal fonte elétrica do bloco europeu.

Esse momento simboliza, assim, não apenas um avanço tecnológico, mas também uma transformação profunda na forma como a Europa produz e consome energia.

Para entender melhor a importância desse feito, é necessário, antes de tudo, voltar no tempo e conhecer o percurso da energia solar na União Europeia. Durante décadas, a matriz elétrica do continente baseou-se, principalmente, em combustíveis fósseis, como carvão e gás natural, além de fontes hidrelétricas e nucleares.

Embora essas fontes tenham desempenhado papel fundamental no desenvolvimento econômico, elas apresentaram, contudo, desafios ambientais e riscos à segurança energética. Especialmente devido à dependência da importação de combustíveis fósseis de regiões geopolíticas instáveis.

A partir dos anos 2000, a preocupação com as mudanças climáticas, a escassez de recursos e a volatilidade dos preços do petróleo e gás motivara. Por conseguinte, os governos europeus a investir fortemente em fontes renováveis.

A energia solar, embora conhecida desde meados do século XX, ganhou especial atenção pela capacidade de gerar eletricidade limpa, silenciosa e modular. Que pode ser instalada em diferentes escalas, desde pequenas residências até grandes usinas solares.

Nos primórdios da adoção da energia solar, a tecnologia enfrentava, todavia, barreiras significativas. O alto custo dos painéis, a eficiência limitada e a falta de infraestrutura para integração retardavam o crescimento.

No entanto, pesquisas e inovações constantes aumentaram a eficiência da tecnologia fotovoltaica e reduziram seus custos. Esses avanços tecnológicos, combinados com políticas governamentais cada vez mais ambiciosas, criaram, assim, um ambiente favorável para o investimento em energia solar.

Crescimento gradual e avanço tecnológico da energia solar da União Europeia

Nos primeiros anos, o crescimento da energia solar na UE ocorreu, portanto, de forma gradual, impulsionado principalmente por políticas públicas de incentivo, como subsídios, tarifas feed-in e metas ambiciosas para renováveis. Países com grande incidência solar, como Espanha, Itália e Grécia, lideraram, desse modo, a adoção e expansão do fotovoltaico.

Mesmo assim, a participação da energia solar no mix elétrico europeu permanecia limitada, em parte devido ao custo elevado dos painéis e à intermitência da geração, que depende da luz do sol.

Com o avanço das tecnologias, os custos dos painéis solares e dos sistemas de armazenamento caíram drasticamente, tornando, portanto, a energia solar cada vez mais competitiva.

Esses fatores, aliados a uma maior conscientização ambiental e pressões internacionais por metas de redução de emissões, fortaleceram o crescimento do setor solar na União Europeia.

Além da tecnologia, a coordenação entre os países da União Europeia tem sido fundamental para o sucesso da energia solar no bloco. Programas conjuntos, financiamentos europeus e a troca de boas práticas ajudaram, consequentemente, a superar desafios técnicos e econômicos, criando um mercado energético mais integrado e resiliente.

Essa cooperação permitiu, assim, a construção de grandes parques solares e incentivou a autoprodução de energia em residências e empresas, democratizando, dessa forma, o acesso à energia limpa.

O resultado desse esforço coletivo ficou evidente em 2025, quando um relatório da Ember, divulgado pela Aliança Solar Internacional (ISA), mostrou que a energia solar representou 22,1% da geração total de eletricidade nos 27 países do bloco europeu durante o mês de junho.

Essa marca colocou a energia solar à frente do gás natural, que respondeu por 14,4%, e do carvão, com 6,1%. Foi, portanto, a primeira vez na história da UE que uma fonte renovável liderou a produção elétrica mensal, confirmando a maturidade e importância do setor.

Distribuição geográfica e impactos positivos da energia solar

O avanço da energia solar da União Europeia não se limita a um ou dois países, mas alcança, sim, boa parte do território do bloco. Na Holanda, por exemplo, o sol gerou 40,5% da eletricidade produzida, enquanto na Grécia esse percentual chegou a 35,1%.

A Itália destacou-se ainda mais, atingindo 42,6% da geração total elétrica por meio de painéis solares, ultrapassando, até mesmo, a tradicional hidrelétrica, que produzia 37,3%. Esses números mostram, assim, como a tecnologia fotovoltaica pode se adaptar a diferentes contextos e territórios, mesmo em regiões com níveis variados de irradiação solar.

Além desses casos, outros países europeus, como Alemanha, França e Portugal, registram avanços significativos na geração solar, acompanhando, portanto, o crescimento do mercado e consolidando a expansão da energia limpa.

A diversidade climática e territorial da União Europeia mostra que a energia solar pode ser uma solução viável e eficiente mesmo em regiões com diferentes níveis de insolação, o que reforça, assim, seu papel estratégico na matriz energética.

A consolidação da energia solar da União Europeia como principal fonte elétrica traz múltiplos impactos positivos para a região. Em primeiro lugar, diminui a dependência de combustíveis fósseis importados, fortalecendo, desse modo, a segurança energética do continente, reduzindo a vulnerabilidade a crises geopolíticas e oscilações no preço do petróleo e do gás.

A diversificação da matriz energética com fontes renováveis descentralizadas promove maior resiliência e estabilidade no fornecimento de eletricidade.

Além disso, a energia solar ajuda a reduzir os custos da eletricidade, especialmente durante os horários de pico, quando a demanda aumenta. A elevada geração solar nesses períodos ajuda a diminuir os preços no mercado atacadista, beneficiando consumidores residenciais, empresas e a economia como um todo.

A expectativa é que essa tendência de queda nos custos se mantenha, conforme a tecnologia avança e a capacidade instalada continua crescendo.

Sustentabilidade, inovação e desafios futuros

Outro aspecto fundamental relaciona-se à sustentabilidade ambiental. A expansão da energia solar está alinhada com os compromissos da União Europeia no combate às mudanças climáticas, especialmente os estabelecidos no Pacto Ecológico Europeu e no Plano Nacional Integrado de Energia e Clima (PNEC) dos países membros.

A substituição progressiva das fontes fósseis por energia limpa reduz as emissões de gases de efeito estufa, promovendo, assim, um futuro energético mais sustentável e saudável para as gerações atuais e futuras.

A maturidade da energia solar na União Europeia também impulsiona a inovação e o crescimento econômico. O setor gera empregos verdes, estimula investimentos em infraestrutura e incentiva a pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias, como sistemas avançados de armazenamento e gerenciamento de energia.

Esses avanços tecnológicos melhoram a eficiência e a confiabilidade da energia solar, além de posicionar a UE como líder global na transição energética.

Iniciativas de autoprodução e geração distribuída facilitam o acesso à eletricidade limpa e podem reduzir desigualdades no acesso à energia dentro dos países.

Mesmo com esses avanços, a energia solar da União Europeia ainda enfrenta desafios. A intermitência da geração, causada pela variabilidade da luz solar ao longo do dia e das estações, exige soluções de armazenamento em baterias e integração com outras fontes renováveis, como a energia eólica.

Esse avanço consolida a energia fotovoltaica como pilar fundamental da matriz elétrica europeia, traduzindo-se em benefícios econômicos, ambientais e estratégicos para a região.

O desafio agora consiste em manter essa trajetória de crescimento sustentável, promovendo a integração de tecnologias renováveis e garantindo um futuro energético mais limpo, seguro e acessível para todos os europeus.

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Energia solar ultrapassa carvão na União Europeia pela primeira vez | Jornalismo TV Cultura

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Paulo H. S. Nogueira

Sou Paulo Nogueira, formado em Eletrotécnica pelo Instituto Federal Fluminense (IFF), com experiência prática no setor offshore, atuando em plataformas de petróleo, FPSOs e embarcações de apoio. Hoje, dedico-me exclusivamente à divulgação de notícias, análises e tendências do setor energético brasileiro, levando informações confiáveis e atualizadas sobre petróleo, gás, energias renováveis e transição energética.

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