O Nordeste está posicionado não apenas como um líder na geração de energia eólica no Brasil mas como um exemplo global de como a geografia, o investimento e a inovação podem convergir para uma transição energética sustentável.
O Nordeste brasileiro se destaca como o epicentro da revolução da energia eólica no país, com nove dos dez maiores parques eólicos situados na região. Este fenômeno não é por acaso; a geografia única e o custo mais acessível dos terrenos fazem do Nordeste o local ideal para o desenvolvimento de projetos eólicos e solares. Em maio de 2023, a região foi responsável por impressionantes 83% da geração combinada de energia solar e eólica do Brasil, equivalente a uma capacidade de 28,3 GW, suficiente para abastecer mais de 30 milhões de residências.
Capacidade inigualável e investimentos bilionários para energia eólica
Os estados do Nordeste possuem uma capacidade projetada e em construção de geração eólica superior a 100 GW. Com investimentos previstos na ordem de R$ 400 bilhões, sendo R$ 120 bilhões apenas para 2024, a região se prepara para um salto sem precedentes na produção de energia limpa.
Esse avanço é apoiado pelo potencial identificado pelo Global Wind Atlas, que destaca o interior e o litoral norte do Nordeste, além do sul do país, como áreas de ventos particularmente fortes, atraindo investidores para projetos tanto em terra (onshore) quanto no mar (offshore).
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A revolução offshore e o futuro do hidrogênio verde
No cenário offshore, o Nordeste se sobressai com metade dos 74 projetos oficiais do Brasil, podendo alcançar uma geração potencial superior a 210 GW. As turbinas no mar, capazes de produzir até 12 MW cada, prometem estabilidade e eficiência energética devido ao acesso a ventos mais constantes. Esta iniciativa não apenas fortalecerá a produção energética nacional mas também impulsionará a produção de hidrogênio verde, posicionando o Brasil como um líder na exportação deste combustível do futuro.
Apesar do otimismo, o avanço da energia eólica enfrenta desafios, incluindo a necessidade de equilibrar o desenvolvimento tecnológico com o impacto social nas comunidades locais. A ausência de regulamentações que estabeleçam distâncias mínimas entre turbinas e residências já gera conflitos no Seridó, entre o Rio Grande do Norte e a Paraíba, onde a vida é impactada por ruídos e poeira. Além disso, as perdas técnicas e não técnicas na transmissão de energia, que atingiram cerca de 14,8% do mercado consumidor em 2020, representam outro desafio a ser superado.
Interconexão e expansão da rede
Para mitigar parte desses desafios, a State Grid chinesa lidera um projeto de R$ 18 bilhões para fortalecer a interconexão entre o Norte e o Nordeste com outras regiões, visando expandir a capacidade de escoamento dos excedentes de geração.
Este projeto é crucial para a integração efetiva da energia eólica na matriz energética nacional, garantindo que a produção possa alcançar todos os cantos do país. Com desafios significativos ainda a serem superados, a região avança firme rumo a um futuro onde a energia limpa e renovável é a espinha dorsal do desenvolvimento econômico e ambiental.