Energia elétrica volta a pressionar o IPCA em setembro, impulsionando a inflação e acendendo um alerta importante para a economia brasileira.
Energia elétrica dispara e pressiona IPCA no Brasil
O IPCA registrou alta de 0,48% em setembro e surpreendeu analistas ao ficar abaixo das projeções de 0,52%.
Mesmo com o índice vindo levemente melhor que o esperado, a energia elétrica voltou a ser a principal vilã da inflação no Brasil, pressionando diretamente a economia e o orçamento das famílias.
O levantamento do IBGE, divulgado nesta quinta-feira (9), mostra que a tarifa de energia elétrica residencial saltou 10,31% no mês, contribuindo sozinha com 0,41 ponto percentual do IPCA.
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Essa disparada ocorreu devido ao fim do Bônus de Itaipu, que havia reduzido as contas em agosto, e à manutenção da bandeira tarifária vermelha patamar 2, que adiciona R$ 7,87 a cada 100 kWh consumidos.
Inflação em alta: energia elétrica lidera o impacto
O grupo Habitação registrou alta de 2,97%, o maior avanço entre os nove grupos analisados pelo IBGE e o mais forte para um mês de setembro desde 1995. O impacto foi de 0,45 ponto percentual no índice geral de preços.
A energia elétrica, sozinha, acumula alta de 16,42% no ano e 10,64% em 12 meses, evidenciando seu peso crescente sobre a inflação no Brasil. Segundo o IBGE, se os preços da eletricidade fossem excluídos do cálculo, a inflação de setembro teria ficado em apenas 0,08%.
Por outro lado, outros setores ajudaram a conter a pressão. Despesas pessoais subiram 0,51%, influenciadas por pacotes turísticos (2,87%) e lazer, como cinema e teatro (2,75%).
Já o grupo Transportes apresentou leve variação de 0,01%, com alta nos combustíveis — etanol (2,25%) e gasolina (0,75%) — após quedas anteriores.
Alimentos caem e ajudam a aliviar parte da inflação
Enquanto a energia elétrica pressiona o IPCA, alimentação e bebidas mostraram queda de 0,26%, registrando a quarta deflação consecutiva no setor. Os principais responsáveis foram tomate (-11,52%), cebola (-10,16%), alho (-8,70%) e arroz (-2,14%).
A alimentação fora de casa também desacelerou, passando de 0,50% em agosto para 0,11% em setembro.
Além disso, os grupos Comunicação (-0,17%) e Artigos de residência (-0,40%) apresentaram deflação, ajudando a compensar parte da pressão inflacionária. Vestuário (0,63%) e Saúde e cuidados pessoais (0,17%) tiveram alta moderada.
IPCA e inflação mostram desigualdade regional
A inflação também teve comportamentos distintos pelo país. São Luís liderou com alta de 1,02%, impulsionada por um forte aumento de 27,30% na energia elétrica.
Em contrapartida, Salvador registrou o menor índice (0,17%), beneficiada pela queda no preço do tomate e no seguro de veículos.
O INPC, que mede a inflação para famílias de renda mais baixa, avançou 0,52% no mês e acumula 5,10% em 12 meses. O aumento foi puxado principalmente por produtos não alimentícios, que subiram 0,80% em setembro.
Energia elétrica segue como desafio para a economia
O resultado reforça que a energia elétrica permanece como um dos principais motores da inflação no Brasil, com impacto direto sobre famílias e empresas.
A alta contínua nas tarifas eleva o custo de vida e pressiona o consumo, afetando a economia de forma ampla.
Para especialistas, esse comportamento do IPCA indica que o controle da inflação ainda depende de fatores estruturais, especialmente no setor energético.
A manutenção da bandeira tarifária vermelha e a ausência de chuvas suficientes para aliviar o sistema elétrico mantêm a perspectiva de preços elevados.
Inflação sob controle… mas com alerta ligado
Apesar de a alta do IPCA ter ficado abaixo do esperado, o cenário ainda exige atenção. A inflação acumulada em 12 meses atingiu 5,17%, pouco abaixo da projeção de 5,22%.
Com o peso da energia elétrica sobre o índice, o governo e o Banco Central devem observar os próximos meses com cautela.
Portanto, caso a pressão energética continue, a economia brasileira pode enfrentar novas dificuldades para estabilizar os preços.