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Encontro entre Trump e Putin gera indignação: líderes e civis na Ucrânia denunciam gesto como ‘punhalada nas costas’

Publicado em 17/08/2025 às 14:20
Guerra, Trump, Putin, Cúpula, Alasca
Imagem: IA
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Cúpula no Alasca gera revolta em Kiev: Trump suaviza discurso contra Moscou, sinaliza acordo polêmico e levanta temor de capitulação ucraniana

Na quarta-feira (13), Donald Trump disse a Volodimir Zelenski que pressionaria Vladimir Putin sobre a Guerra da Ucrânia. A promessa parecia dar esperança a Kiev, que aguardava uma postura mais firme dos Estados Unidos diante da ofensiva russa.

O mais importante, porém, veio dias depois. No sábado, em uma cúpula realizada no Alasca, Trump estendeu o tapete vermelho para Putin e ecoou o discurso do Kremlin.

O gesto provocou uma reação imediata de autoridades, soldados e sociedade civil da Ucrânia, que acusaram o presidente americano de minar os esforços para encerrar a guerra de forma justa.

Declarações públicas e sinais preocupantes

Em postagem na rede Truth Social, Trump disse buscar um “acordo de paz”, e não apenas um cessar-fogo. Ele argumentou que cessar-fogos muitas vezes não se sustentam.

Além disso, sugeriu que os Estados Unidos poderiam não aplicar novas sanções contra a Rússia, afastando-se das medidas tradicionais de pressão sobre Moscou.

Até recentemente, o republicano vinha demonstrando frustração com Putin por causa da intransigência e dos bombardeios contra civis. Por isso, sua mudança de tom deixou líderes ucranianos em alerta.

Condições impostas por Moscou

Segundo informações do Financial Times, Putin exigiu a retirada ucraniana de Donetsk e Lugansk como condição para encerrar a guerra.

Ele teria dito a Trump que aceitaria congelar o restante da linha de frente caso essas demandas fossem atendidas.

A proposta soou como traição em Kiev. “Isso é uma punhalada nas costas“, disse um alto funcionário ucraniano. Outro acrescentou: “Trump só quer um acordo rápido“.

Reação dura em Kiev

Oleksandr Merejiko, presidente do comitê de relações exteriores do Parlamento, classificou o resultado da cúpula como “terrível”.

Para ele, Trump parece ter se alinhado a Putin e ambos agora tentam empurrar a Ucrânia a aceitar um tratado que equivaleria a uma capitulação.

Merejiko lembrou que a ideia inicial da reunião seria pressionar Putin por um cessar-fogo imediato. Caso houvesse recusa, deveriam vir consequências graves.

O problema, segundo ele, foi a inversão do processo: Putin rejeitou a proposta e, em troca, ofereceu um falso tratado de paz. Trump, no entanto, não reagiu.

Novo encontro em Washington

Trump convidou Zelenski a ir a Washington na segunda-feira para conversar no Salão Oval. O local traz más lembranças para Kiev.

Seis meses atrás, Zelenski foi pressionado ali por Trump e pelo vice J. D. Vance a aceitar termos favoráveis a Moscou.

Dessa vez, autoridades ucranianas afirmaram que não aceitarão entregar Donetsk e Lugansk, considerados linha vermelha.

Ainda assim, Zelenski indicou abertura para discutir território, mas em uma mesa trilateral com Trump e Putin. O Kremlin rejeita essa ideia.

Temor sobre soberania e segurança

A Ucrânia avalia que abrir mão de Donetsk seria entregar à Rússia um trampolim para futuras ofensivas. Além disso, qualquer cessão de território colocaria em risco a soberania do país e enfraqueceria anos de resistência.

Ivanna Klimpush-Tsintsadze, ex-vice-primeira-ministra, disse que atender às ambições de Putin não garante paz. Pelo contrário, pode permitir que Moscou se reagrupe e ataque novamente. “Como isso vai impedir novos ataques?“, questionou.

Olga Aivazovska, da ONG Opora, lembrou que milhões de cidadãos vivem nessas regiões. Ceder os territórios geraria tensão social e dúvidas sobre o sentido da defesa prolongada.

A estratégia de Putin

Para Roksolana Pidlasa, parlamentar do partido de Zelenski, o objetivo de Putin é levantar sanções e manter a Ucrânia em instabilidade.

Ela disse que o russo exige justamente Donetsk e Lugansk porque sabe que isso é inaceitável para Kiev.

Alexander Khara, analista do Centro de Estratégias de Defesa, classificou a cúpula como “um grande erro e uma vitória para Putin“. Ele alertou que, se o acordo fracassar, Trump poderá culpar Zelenski.

Guerra segue no campo de batalha

Enquanto a diplomacia agitava o noticiário, o exército ucraniano enfrentava pressão no front. No último fim de semana, tropas russas avançaram 10 quilômetros perto de Dobropillia.

A ofensiva foi contida, mas exigiu o envio de unidades experientes para evitar a ruptura da linha de frente.

Zelenski comemorou vitórias pontuais em Donetsk. Ainda assim, reconheceu que Moscou continuará pressionando nos próximos dias para obter vantagem política em futuras negociações.

Pressão sobre cidades estratégicas

Em Pokrovsk, centro logístico vital, a Rússia tenta cercar completamente a cidade. Um comandante ucraniano de drones afirmou que nenhuma pausa é possível. “Negociações são negociações, mas os combates seguem“, disse Oleksandr Solonko no Telegram.

Ele resumiu a percepção de muitos militares: sem conter o inimigo no campo de batalha, nenhuma conversa trará segurança real.

Silêncio inquietante em Kiev

Na capital, a preparação para a cúpula no Alasca trouxe um estranho alívio. Durante a semana, drones suicidas russos pararam de atingir Kiev. A pausa, no entanto, só reforçou a sensação de que os ataques voltariam logo após o encontro.

No sábado, um alarme de ataque aéreo soou brevemente, reacendendo o medo de novos bombardeios. Civis temem que mísseis balísticos e drones explosivos voltem a ameaçar a cidade.

Entre diplomacia e realidade

Portanto, o contraste ficou evidente. De um lado, Trump e Putin discutem propostas de paz que soam, para a Ucrânia, como imposição de derrota. De outro, soldados e civis seguem enfrentando bombas e avanços inimigos.

Para Kiev, a mensagem é clara: qualquer negociação só fará sentido se não significar capitulação. A guerra continua, e cada movimento diplomático tem impacto direto sobre vidas em risco.

Com informações de Folha de São Paulo.

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Romário Pereira de Carvalho

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