Com aporte da Casa dos Ventos e interesse internacional, ZPE do Pecém pode transformar Ceará no segundo maior polo nacional de data centers
O Ceará se prepara para um salto tecnológico com a chegada de novos empreendimentos no Complexo Industrial e Portuário do Pecém, em Caucaia. A região pode se tornar o segundo maior polo de data centers do Brasil, ficando atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro.
O anúncio de um investimento de R$ 150 milhões da Casa dos Ventos, empresa referência em energia renovável, já colocou o Estado em evidência.
A companhia construirá um data center dentro da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Ceará, com início previsto até dezembro.
-
NASA mira o Brasil: anomalia magnética avança, assusta cientistas e ameaça sistemas de energia e navegação
-
A próxima geração de IA da China pode acabar com a era dos submarinos invisíveis e facilitar a detecção: apenas 1 em 20 consegue escapar
-
MEC abre 7,8 mil vagas de mestrado e doutorado gratuitos para professores da rede pública
-
Novos iPhones chegam ao Brasil custando até R$ 18.499 — veja quanto saem as parcelas em 6x e 12x no cartão de crédito
Interesse internacional amplia o alcance do projeto
A instalação não é um caso isolado. Outras cinco empresas do setor de tecnologia demonstraram interesse em implantar unidades no local, segundo o diretor-presidente da ZPE Ceará, Fábio Feijó.
Entre as propostas, estão data centers de hiperescala, voltados para processar volumes gigantescos de informações, modelo utilizado por empresas globais como Google, Facebook e Amazon. Esses projetos devem ser definidos até o primeiro semestre de 2026.
“Entramos no mapa mundial dos data centers”, afirmou Feijó. Para ele, o diferencial está em atrair grupos internacionais, já que a legislação da ZPE exige que 100% do faturamento seja destinado à exportação.
Potencial para transformar o setor no Brasil
O professor Rodrigo Porto, da Universidade Federal do Ceará (UFC), destaca que, com a confirmação dos empreendimentos, o Estado se consolidará como segundo maior polo do País.
Segundo o especialista, os projetos terão capacidade de suportar demandas crescentes ligadas à inteligência artificial.
Além disso, devem estimular a cadeia de suprimentos com a produção local de equipamentos de ponta.
Há, segundo ele, uma combinação de fatores favoráveis. Entre eles, a vocação cearense para telecomunicações e energia, além da conexão internacional via cabos submarinos já instalados na Praia do Futuro.
Energia renovável como motor do desenvolvimento
A expansão ganhou força após a assinatura da Medida Provisória nº 1307 de 2025, pelo presidente Lula, durante visita ao Estado.
A medida exige que empresas instaladas nas ZPEs utilizem energia renovável e autoriza prestadoras de serviços, como os data centers, a operar no regime alfandegário especial.
Para Feijó, essa medida trouxe segurança jurídica e atratividade. Ele ressaltou ainda que a exigência de energia limpa evita competição com usinas de hidrogênio e pode gerar até R$ 20 bilhões em novos investimentos em parques solares e eólicos.
Entretanto, especialistas alertam para um risco: o aumento da demanda energética pode pressionar a rede elétrica, exigindo investimentos em transmissão para evitar sobrecarga.
Impactos diretos na economia local
A construção e operação desses empreendimentos trazem reflexos imediatos para a economia. O presidente da consultoria Teleco, Eduardo Tude, explica que o setor gera empregos na fase de obras e também na operação diária, que exige profissionais qualificados.
O projeto da Casa dos Ventos ilustra esse impacto. Serão cerca de 15 mil empregos diretos e indiretos durante a construção e, depois, 500 postos permanentes altamente especializados.
Além do emprego formal, há expectativa de que o empreendimento firme parcerias com instituições de ensino da região.
A meta é capacitar jovens de Caucaia e municípios vizinhos para ingressarem no mercado de tecnologia.
Cadeia global e grandes clientes em vista
Com dez salas de dados, cada uma com mais de 2.000 m², o data center da Casa dos Ventos já nasce com porte para atrair clientes de peso.
Multinacionais como ByteDance, Google, Amazon e Apple estão no radar como possíveis parceiros.
Porto acredita que a chegada de empreendimentos desse tamanho consolida a vocação tecnológica do Ceará.
Além disso, reforça a integração do Estado a uma cadeia global de processamento e armazenamento de dados.
Um futuro promissor no horizonte
O avanço dos projetos da ZPE Pecém projeta o Ceará como protagonista em um setor estratégico. O Estado, que já se destaca na produção de energia renovável, agora mira também o protagonismo digital.
Se os planos forem confirmados, o Ceará deixará de ser apenas um polo emergente para disputar espaço direto com os maiores centros do País.
Essa movimentação fortalece a imagem da região como referência em inovação, conectividade e sustentabilidade.
Portanto, o novo ciclo de investimentos mostra que o Estado reúne condições únicas: energia renovável em abundância, infraestrutura estratégica e interesse de grandes players internacionais.
O resultado esperado é uma transformação estrutural na economia local, com reflexos para o Brasil inteiro.
Com informações de Diário do Nordeste.