Empresas chinesas de energia solar enfrentam perdas no primeiro semestre de 2025 devido à guerra de preços e excesso de oferta.
O setor de energia solar da China, que há anos se consolidou como um dos maiores do mundo, enfrenta atualmente um momento desafiador.
De fato, no primeiro semestre de 2025, diversas empresas chinesas de energia solar registraram prejuízos significativos, refletindo as dificuldades de uma indústria marcada por expansão rápida, excesso de oferta e desaceleração da demanda interna e externa.
Além disso, historicamente, a China destacou-se no desenvolvimento de tecnologias solares. Desde o início dos anos 2000, o país investiu fortemente em pesquisa, produção e exportação de painéis fotovoltaicos, consolidando-se como líder global.
Portanto, a expansão da capacidade produtiva, combinada com políticas de incentivo à energia limpa, impulsionou o crescimento do setor.
Entretanto, essa trajetória acelerada criou desequilíbrios estruturais. Consequentemente, o excesso de oferta e a intensa competição entre empresas resultaram em uma guerra de preços que pressiona os resultados financeiros das principais fabricantes.
Além disso, o mercado global influencia diretamente os resultados das empresas chinesas de energia solar.
Por exemplo, a redução da demanda em regiões consumidoras, como Europa e América do Norte, combinada com tarifas e barreiras comerciais, afetou as exportações.
Dessa forma, a desaceleração econômica em países que antes compravam grandes volumes intensificou a pressão sobre preços e lucros, obrigando as empresas a revisarem suas estratégias comerciais e operacionais.
Resultados financeiros negativos no primeiro semestre de 2025
No primeiro semestre de 2025, cinco das maiores empresas chinesas de energia solar divulgaram relatórios financeiros negativos. Entre elas, destacam-se a Tongwei Co. Ltd., Longi Green Energy Technology Co. entre outros.
A Tongwei registrou a maior perda, pouco abaixo de 5 bilhões de yuans, cerca de R$ 3,8 bilhões.
Além disso, esse resultado negativo superou a perda de 3,1 bilhões de yuans registrada no mesmo período de 2024.
De maneira semelhante, a Trina Solar passou de um lucro de 526 milhões de yuans para um prejuízo de 2,9 bilhões de yuans, evidenciando a intensidade da crise.
Especialistas indicam que a raiz dos prejuízos reside no grave excesso de oferta na indústria fotovoltaica, aliado à queda histórica nos preços de produtos-chave, como módulos, células e wafers de silício.
Desde meados de 2024, os preços caíram abaixo do custo de produção, eliminando margens de lucro em toda a cadeia produtiva.
Por esse motivo, esse fenômeno atingiu especialmente empresas que dependem da venda de grandes volumes para manter a sustentabilidade financeira.
Isso tornou o cenário extremamente competitivo e desafiador.
A Longi Green Energy conseguiu reduzir suas perdas em relação a 2024, graças a melhorias na eficiência operacional, que diminuíram custos de vendas e administrativos.
No entanto, a empresa ainda enfrenta dificuldades, mostrando que a competição acirrada e a pressão por preços mais baixos permanecem obstáculos significativos.
Em relatórios internos, a Longi destacou que a indústria atravessa um “período de transição doloroso”, marcado por desequilíbrios entre oferta e demanda e mudanças recentes nas políticas de compra garantida de energia pelos operadores estatais de rede.
Além disso, outras empresas, como a JA Solar e a TCL Zhonghuan, registraram aumentos expressivos em seus prejuízos ano a ano, reforçando a percepção de que a crise não é apenas pontual, mas sistêmica.
Para especialistas do setor, essa situação evidencia a necessidade de reformulação estratégica.
O objetivo não é apenas reduzir custos, mas também diversificar mercados e investir em tecnologia diferenciada.
Intervenção do governo e iniciativas do setor
A situação das empresas chinesas de energia solar também reflete as ações do governo.
De fato, Pequim, preocupada com os efeitos da guerra de preços e os riscos para a sustentabilidade do setor, organizou recentemente um simpósio envolvendo seis órgãos centrais do governo.
Durante o encontro, os participantes discutiram medidas para limitar práticas como vendas abaixo do custo e publicidade enganosa.
Além disso, reforçaram o monitoramento de preços e orientaram a indústria a evitar a competição desordenada.
Assim, essas iniciativas visam estabilizar o setor e criar condições para que as empresas retomem o crescimento de forma saudável e sustentável.
Além disso, as próprias empresas buscam soluções coletivas.
Por exemplo, a Associação da Indústria Fotovoltaica da China, em julho de 2025, convocou grandes empresas do setor para discutir a criação de uma joint venture.
O objetivo seria adquirir cerca de 700 mil toneladas de capacidade excedente de concorrentes, retirando esse volume de circulação e impedindo que os preços caíssem ainda mais.
Apesar de promissora, a iniciativa ainda está em fase inicial.
Detalhes importantes, como preço de aquisição e estrutura acionária, permanecem indefinidos.
O desafio das empresas chinesas de energia solar também aumenta pelo contínuo crescimento da capacidade produtiva.
Relatórios recentes da Associação da Indústria de Metais Não Ferrosos da China indicam que a produção doméstica de polissilício aumentou 5,7% em julho de 2025 em relação ao mês anterior.
A expectativa era de um crescimento adicional de 16% em agosto.
Dessa forma, esse aumento constante da oferta, sem uma demanda correspondente, mantém a pressão sobre os preços e prolonga a crise de resultados financeiros negativos.
Paralelamente, especialistas defendem que a consolidação do setor pode reduzir a fragmentação e a competição acirrada.
Portanto, fusões, joint ventures e acordos estratégicos permitiriam que as empresas alcancem maior escala, reduzam custos e aumentem o poder de negociação no mercado internacional.
Além disso, esse movimento também incentiva investimentos em inovação tecnológica e em soluções de energia solar mais eficientes e integradas.
Contexto histórico e perspectivas futuras
Historicamente, a trajetória do setor solar na China mostra que momentos de excesso de oferta e pressão de preços não são inéditos.
Durante os primeiros anos de expansão, políticas de incentivo e aumento acelerado da capacidade levaram a períodos de competição intensa e margens de lucro reduzidas.
No entanto, a experiência da última década indica que a inovação tecnológica, combinada a estratégias de consolidação e regulamentação, pode superar crises cíclicas e colocar a indústria em uma rota de crescimento sustentável.
Outro ponto relevante é a importância estratégica da energia solar para a China.
O país busca reduzir a dependência de combustíveis fósseis, diminuir emissões de carbono e consolidar-se como líder global em tecnologias verdes.
Nesse contexto, as dificuldades financeiras temporárias enfrentadas pelas empresas chinesas de energia solar representam ajustes necessários, e não falhas estruturais, dentro de uma indústria em rápida transformação.
A trajetória futura do setor dependerá de fatores como a capacidade de adaptação das empresas, implementação de políticas governamentais eficazes e ritmo de inovação tecnológica.
Além disso, investimentos em pesquisa, desenvolvimento e integração de novas soluções energéticas, como armazenamento de energia e otimização de eficiência, podem permitir que as empresas retomem lucros consistentes e mantenham a competitividade global.
Oportunidades em meio à crise
Em resumo, o primeiro semestre de 2025 evidenciou que mesmo líderes globais, como Tongwei, Longi, TCL Zhonghuan, Trina Solar e JA Solar, não escapam dos desafios de um mercado em constante transformação.
Portanto, o período negativo reforça a necessidade de equilíbrio entre oferta e demanda, estratégias de inovação e maior coordenação entre governo e setor privado.
Ao mesmo tempo, a trajetória histórica do setor mostra que crises cíclicas podem ser superadas.
A China continua bem posicionada para manter seu papel central no desenvolvimento de energia solar global.
O cenário atual serve como alerta para toda a cadeia produtiva, lembrando que crescimento acelerado sem planejamento estratégico gera instabilidade financeira.
No entanto, ele também oferece oportunidades de reformulação, consolidando empresas mais eficientes e incentivando investimentos em tecnologia e sustentabilidade.
Assim, mesmo diante de perdas temporárias, o futuro das empresas chinesas de energia solar permanece promissor.
Ele se sustenta em políticas de longo prazo, inovação tecnológica e demanda global crescente por energia limpa.