Empresas de tecnologia avançam em projetos para levar data centers à órbita, usando energia solar contínua, resfriamento natural e constelações de satélites para sustentar a crescente demanda da inteligência artificial em escala global
Os olhares se voltam para o espaço em busca de energia capaz de sustentar data centers que consomem muitos recursos.
Empresas de tecnologia cogitam construir estruturas inteiras fora da Terra, aproveitando a luz solar contínua e as condições ambientais da órbita para atender à crescente demanda por computação, especialmente na disputa acelerada pela inteligência artificial.
A movimentação ganhou impulso depois que a startup americana Starcloud enviou um satélite do tamanho de uma geladeira, equipado com uma GPU da Nvidia, para a órbita.
-
Adeus aos carros a gasolina, diesel e elétricos: Hyundai já definiu o quarto caminho
-
Moto G57 chega ao mercado com câmera Sony LYT-600, tela de 120Hz, novo chip Snapdragon e muito mais
-
É oficial: o Amazonas ultrapassa o Nilo e se torna o novo rio mais longo do mundo, segundo medições do INPE com imagens de satélite de alta precisão
-
A rara síndrome que faz o corpo “afogar” em gordura e põe vidas em risco
A fabricante de chips celebrou o feito como uma “estreia cósmica” do mini data center, reforçando uma corrida que envolve gigantes do setor e empresários que enxergam no espaço um caminho lógico para a expansão.
Philip Johnston, diretor executivo da Starcloud, afirmou em uma conferência de tecnologia em Riad que, em breve, fará mais sentido construir data center no espaço do que na Terra.
Ele citou o fornecimento constante de energia solar e as facilidades de resfriamento fora do planeta como fatores decisivos para essa transição.
Google, SpaceX e outros avançam nos planos
O anúncio da Starcloud coincidiu com iniciativas de outras empresas. O Google revelou planos para lançar satélites de teste no início de 2027 como parte do projeto Suncatcher.
A notícia surgiu poucos dias após Elon Musk afirmar que a SpaceX deve ser capaz de implantar data centers em órbita no próximo ano, apoiada pelo programa de satélites Starlink.
O satélite da Starcloud viajou ao espaço no domingo, impulsionado por um foguete da SpaceX, reforçando a interligação entre os projetos de diferentes empresas e a crescente aposta no setor.
Os planos atuais preveem o uso de constelações de satélites em órbita baixa da Terra, posicionados próximos o suficiente para garantir conectividade confiável. Lasers farão a comunicação entre computadores espaciais e sistemas terrestres, usando tecnologias que pesquisadores já classificam como comprovadas.
Krishna Muralidharan, professor de engenharia da Universidade do Arizona, que participa desses estudos, acredita que data center espaciais podem se tornar comercialmente viáveis em cerca de uma década. Jeff Bezos, fundador da Amazon e responsável pela Blue Origin, calculou que esse prazo pode dobrar.
Obstáculos técnicos, radiação e lixo espacial
Especialistas apontam desafios técnicos essenciais antes que os data center espaciais avancem. Entre eles, estão os danos que altos níveis de radiação podem causar às GPUs, as temperaturas extremas e o risco de colisões com lixo espacial.
Christopher Limbach, professor assistente de engenharia da Universidade de Michigan, afirmou que será necessário trabalho de engenharia para lidar com esses aspectos, destacando que a questão envolve principalmente custos, e não viabilidade técnica.
Outro ponto crítico envolve a operação contínua. O espaço oferece a vantagem de permitir que satélites se sincronizem com a órbita do sol, garantindo iluminação constante nos painéis solares.
Esse recurso atrai empresas que já enfrentam dificuldades para abastecer seus data center na Terra e, por isso, investem até mesmo em usinas nucleares.
Energia constante e menos barreiras terrestres
O apelo do espaço também está relacionado à ausência de obstáculos comuns na construção de data center terrestres. Empresas evitam disputas por terrenos, enfrentamentos regulatórios e resistências comunitárias. Os defensores afirmam ainda que operar no espaço causa menos impacto ambiental, exceto pela poluição gerada nos lançamentos de foguetes.
A água usada para resfriar um centro de dados espacial seria semelhante à consumida por uma estação espacial. Esses sistemas utilizam radiadores de exaustão e reaproveitam uma quantidade relativamente pequena de líquido, reduzindo a necessidade de grandes volumes de água.
Limbach vê o custo como a grande questão. A implantação de servidores no espaço depende diretamente da capacidade de levar cargas à órbita, algo historicamente caro. Nesse ponto, o megafoguete reutilizável Starship, da SpaceX, surge como possível divisor de águas. Com grande capacidade de carga, ele promete reduzir custos de lançamento em pelo menos 30 vezes.
Redução de custos pode acelerar adoção
Travis Beals, chefe do projeto Suncatcher, afirmou que os altos custos de lançamento sempre funcionaram como barreira para sistemas espaciais de grande escala. Segundo ele, dados de preços sugerem que os valores podem cair até meados da década de 2030, tornando a operação de data center espaciais comparável à manutenção de estruturas terrestres.
Limbach ressaltou que esse é o momento ideal para buscar novos caminhos econômicos no espaço ou reinventar modelos antigos, impulsionando uma área que começa a atrair movimentos concretos de empresas de alta tecnologia.
Assim, a combinação de energia solar constante, avanços em conectividade orbital e redução de custos de lançamento alimenta a perspectiva de que data center no espaço possam se tornar realidade em escala comercial, embora ainda dependam de soluções para desafios técnicos e econômicos significativos.


Seja o primeiro a reagir!