1. Início
  2. / Economia
  3. / Empresa japonesa que marcou gerações no Brasil enfrenta risco de fechar as portas após prejuízo milionário e dívidas sem cobertura
Tempo de leitura 4 min de leitura Comentários 1 comentários

Empresa japonesa que marcou gerações no Brasil enfrenta risco de fechar as portas após prejuízo milionário e dívidas sem cobertura

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 18/08/2025 às 18:02
Kodak enfrenta risco de falência após prejuízo de US$ 26 milhões e falta de liquidez para pagar dívidas no curto prazo.
Kodak enfrenta risco de falência após prejuízo de US$ 26 milhões e falta de liquidez para pagar dívidas no curto prazo.
  • Reação
Uma pessoa reagiu a isso.
Reagir ao artigo

A Kodak, tradicional no setor de fotografia e impressão, registrou prejuízo milionário e reconheceu falta de liquidez para pagar dívidas no curto prazo. A companhia avalia medidas emergenciais para evitar encerrar atividades após quase 150 anos de história.

A Eastman Kodak, ícone da fotografia e da impressão comercial, acendeu um alerta sobre sua sobrevivência ao informar, no balanço do segundo trimestre de 2025, que não dispõe de financiamento comprometido nem liquidez suficiente para honrar dívidas que vencem nos próximos 12 meses.

A empresa registrou prejuízo de US$ 26 milhões no período, com perda de US$ 0,36 por ação, e reconheceu, em documento regulatório, “dúvidas substanciais” sobre sua capacidade de seguir operando caso não consiga refinanciar obrigações e acessar novas fontes de caixa.

Sinal amarelo no balanço financeiro

No relatório trimestral, a companhia detalhou receita de US$ 263 milhões, recuo de cerca de 1% na comparação anual.

O caixa somava US$ 155 milhões em 30 de junho, sendo US$ 70 milhões nos Estados Unidos.

Em comunicado, a Kodak reproduziu no 10-Q a avaliação de que “tem dívidas vencendo nos próximos 12 meses e não possui financiamento garantido ou liquidez disponível para cumprir tais obrigações” se exigidas nos termos atuais.

O texto acrescenta que essa situação “levanta dúvidas substanciais” sobre a continuidade operacional.

Ainda assim, a direção afirma trabalhar em alternativas para reduzir o endividamento e reforçar capital de giro.

Em postagem posterior, a empresa classificou como “enganosas” interpretações de que teria decidido encerrar atividades, alegando que a linguagem de “going concern” atende a exigências contábeis.

Kodak enfrenta risco de falência após prejuízo de US$ 26 milhões e falta de liquidez para pagar dívidas no curto prazo. (Foto: Reprodução/aol)
Kodak enfrenta risco de falência após prejuízo de US$ 26 milhões e falta de liquidez para pagar dívidas no curto prazo. (Foto: Reprodução/aol)

Dívidas no curto prazo pressionam a operação

O principal foco de risco está ligado a empréstimos-ponte e term loans próximos a US$ 477 milhões a US$ 500 milhões.

Essas dívidas foram classificadas como de curto prazo por vencimento ou aceleração de cláusulas.

Sem refinanciamento, extensão de prazo ou amortização relevante, a empresa admite que pode não cumprir as obrigações.

A mudança no enquadramento elevou passivos de curto prazo e aumentou a pressão por liquidez imediata.

Plano de reversão do fundo de pensão

Para formar caixa, a Kodak decidiu encerrar o Kodak Retirement Income Plan (KRIP) e reverter o excedente de ativos para a companhia.

A gestão estima levantar cerca de US$ 300 milhões em dinheiro com a reversão e utilizar o montante para reduzir dívida.

Parte dos recursos, no entanto, está aplicada em ativos menos líquidos que requerem resgate.

A empresa projeta concluir o processo em dezembro de 2025.

Até 15 de agosto de 2025, esperava esclarecer aos participantes como os compromissos seriam honrados, etapa que envolve aprovações externas e não depende apenas da companhia.

A direção reforça que a reversão do KRIP não é a única alavanca e será acompanhada de medidas como emendar, estender ou refinanciar parte dos passivos.

O sucesso dessas ações é determinante para afastar o risco de descumprimento de covenants e restaurar previsibilidade operacional.

Kodak enfrenta risco de falência após prejuízo de US$ 26 milhões e falta de liquidez para pagar dívidas no curto prazo.
Kodak enfrenta risco de falência após prejuízo de US$ 26 milhões e falta de liquidez para pagar dívidas no curto prazo.

Reação do mercado de ações

A divulgação do balanço e do alerta de continuidade provocou forte oscilação nas ações KODK na NYSE.

Os papéis chegaram a cair mais de 25% na sessão seguinte ao anúncio.

Analistas destacaram a virada do lucro de um ano atrás para o prejuízo atual e a dependência de eventos financeiros que não estão inteiramente sob controle da companhia.

Da fotografia ao colapso e reestruturações

Fundada em 1880, a Kodak dominou a fotografia analógica no século XX e entrou em colapso com a migração para o digital.

Em 2012, recorreu ao Capítulo 11 com aproximadamente US$ 6,75 bilhões em dívidas.

Após emergir no ano seguinte, voltou a listar suas ações na NYSE em 1º de novembro de 2013.

A empresa concentrou o negócio em impressão comercial, materiais avançados e licenciamento de marca.

Também expandiu a área de químicos e insumos farmacêuticos, mantendo instalações registradas na FDA.

O movimento ganhou fôlego a partir de 2020 e permanece como vetor de receita além do núcleo de impressão e filmes.

Tarifas e cadeia produtiva

Em meio ao ambiente de novas tarifas de importação nos Estados Unidos, a Kodak afirmou que não houve impacto material no segundo trimestre.

Ainda assim, a empresa diz monitorar eventuais efeitos adiante, já que a política tarifária recente elevou a incerteza de custos em vários setores.

Impacto para o Brasil e consumidores

Embora a marca tenha marcado gerações no Brasil com câmeras, filmes e pontos de revelação, a Kodak atual é uma operação voltada sobretudo a clientes corporativos.

O foco está em impressão comercial e materiais químicos.

Eventual estresse financeiro prolongado pode afetar fornecimento de produtos, contratos e licenciamentos de marca que chegam ao mercado brasileiro via parceiros.

A evolução da reversão do KRIP, do refinanciamento e da geração de caixa operacional nos próximos trimestres será crucial para preservar a continuidade dos negócios.

Inscreva-se
Notificar de
guest
1 Comentário
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Bruno Tomoyuki Matsuo
Bruno Tomoyuki Matsuo
22/08/2025 14:16

KODAK é uma empresa americana

Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x