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Empresa chinesa investe pesado e constrói o maior porto da América Latina, mas não é no Brasil!

Escrito por Ruth Rodrigues
Publicado em 25/07/2024 às 18:57
Porto de Chancay no Peru promete transformar o comércio Brasil-Ásia, oferecendo acesso mais rápido e reduzindo custos de frete.
Foto: Canva

Porto de Chancay no Peru promete transformar o comércio Brasil-Ásia, oferecendo acesso mais rápido e reduzindo custos de frete.

O Porto de Chancay, localizado a 80 km de Lima, no Peru, surge como uma nova alternativa ao Brasil para acesso ao mercado asiático pelo Oceano Pacífico. Esse megaporto, que faz parte da rota bioceânica junto com os portos chilenos, promete ser um dos mais modernos do mundo e o maior da América Latina. A obra, iniciada em 2011 por uma empresa da China, a Cosco Shipping, passou por diversas pausas e retomadas, com previsão de conclusão para 2024.

Impacto do porto na região e no Brasil

Chancay, uma cidade peruana com 63.000 habitantes, está prestes a se transformar no maior porto de águas profundas da América Latina.

Originalmente uma tranquila cidade de pescadores e refúgio de fim de semana para os residentes de Lima, agora se tornou um grande canteiro de obras.

O projeto tem potencial para impactar significativamente o tráfego marítimo na costa do Pacífico sul-americano, competindo com portos no Chile, Equador e Colômbia.

Na fase inicial, o porto de Chancay está programado para movimentar 1 milhão de contêineres e 6 milhões de toneladas de carga por ano.

A Cosco Shipping possui 60% do controle do porto, enquanto os 40% restantes estão sob responsabilidade da empresa de mineração peruana Volcan.

Cerca de 1,3 bilhão de dólares já foram investidos na fase inicial do projeto, que tem um custo total estimado em 3,6 bilhões de dólares.

O Brasil também deve se beneficiar desse novo porto, que facilitará um acesso mais rápido aos mercados asiáticos para as exportações brasileiras.

A conexão entre Brasil e Peru através da Rodovia Interoceânica Sul, que atravessa polos agrícolas como Acre e Rondônia, contribuirá para essa agilidade no transporte.

A carga do Peru poderá chegar à China em apenas 10 dias, uma redução significativa em comparação aos atuais 45 dias.

Avanço das obras

O projeto do porto de Chancay cobre uma área de 280 hectares, com quebra-mares usando concreto suficiente para erguer 20 prédios de 10 andares, protegendo 1,5 km de espaço de doca para atracamento de grandes navios de carga.

Em agosto de 2023, o quebra-mar principal atingiu 2.700 metros construídos, um avanço de 99%.

As atividades de extração e dragagem na bacia e no canal do cais 1 progrediram 15,8%, enquanto nos cais 2, 3 e 4 alcançaram 34,9%.

A construção do prédio administrativo avançou para 52,6%, com progresso total da obra superando 70%.

A construção enfrentou contratempos, incluindo um desabamento em maio de 2023, que interrompeu temporariamente as obras do túnel de 1,8 km que ligará o cais ao centro logístico e à rodovia Pan-Americana.

A Cosco Shipping atribuiu problemas às condições precárias das construções locais, enquanto moradores relataram rachaduras em suas casas devido às explosões.

Além disso, o Comitê de Vigilância Ambiental do Pântano Santa Rosa Chankai alertou sobre os impactos ambientais da construção.

Há também preocupações crescentes sobre a presença chinesa na região e a possível utilização dupla do porto, tanto para fins comerciais quanto militares, no contexto da rivalidade geopolítica entre China e Estados Unidos.

Oportunidades para o Brasil

A construção do porto de Chancay representa uma oportunidade para o Acre ganhar relevância junto ao governo brasileiro, tornando-se um corredor potencial para exportações e importações.

O Acre e a região norte do Brasil poderão experimentar uma redução significativa nos custos de frete, em comparação ao deslocamento até o porto de Santos, em São Paulo.

Essa infraestrutura facilitará o envio direto e ágil de produtos sul-americanos para a Ásia e Oceania, incentivando o comércio ao longo da costa do Pacífico.

Infraestrutura rodoviária e ferroviária do porto e dos arredores

Para maximizar os benefícios do porto, é necessário melhorar a infraestrutura rodoviária e ferroviária conectando Brasil e Peru.

A Estrada do Pacífico, ou Rodovia Interoceânica, liga o nordeste brasileiro ao sul do Peru, mas faltam estradas conectando ao norte do Peru.

Rodovias passando por Pucalpa, no Peru, e Cruzeiro do Sul, no Brasil, poderiam ser aproveitadas.

Há também o projeto de ferrovia transoceânica, conectando o Porto do Açu, no Rio de Janeiro, ao norte do Peru, passando pelo Acre.

Com uma extensão de 4.400 km em solo brasileiro, esse projeto foi idealizado na década de 1950, mas nunca foi totalmente concretizado.

Recentemente, a China tem se mobilizado para tirar essa obra do papel, criando acordos com os governos brasileiro e peruano.

O Porto de Chancay representa um marco significativo para o comércio na América Latina e uma oportunidade estratégica para o Brasil.

Com a inauguração prevista para 2024, o porto promete facilitar o comércio com a Ásia, reduzir custos de frete e promover o desenvolvimento econômico na região.

No entanto, os desafios de infraestrutura e as preocupações geopolíticas precisam ser cuidadosamente gerenciados para garantir que os benefícios sejam plenamente realizados.

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Ruth Rodrigues

Formada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), atua como redatora e divulgadora científica.

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