Projeto da Helix combina motor híbrido, baterias e ventiladores canalizados para cortar quase 90% do consumo em voos de até 250 milhas náuticas.
Uma nova proposta radical para transformar os voos regionais pode reduzir drasticamente o consumo de combustível na aviação. A Helix, empresa britânica especializada em motores elétricos, divulgou um plano detalhado que promete revolucionar o setor aéreo, diminuindo em até 90% o uso de combustível em rotas de curta distância.
Nova arquitetura para aeronaves
No documento intitulado “Uma nova arquitetura para a aviação”, a Helix apresenta um redesenho completo para aeronaves privadas e regionais. A proposta combina três elementos principais: sistema híbrido elétrico, motores de alta densidade e ventiladores canalizados. Juntas, essas inovações permitiriam que um voo consuma apenas 23,8 quilos de combustível, uma redução expressiva diante dos padrões atuais.
O projeto é voltado para voos de até 250 milhas náuticas, que representam cerca de um quarto do tráfego aéreo mundial. A ideia é aproveitar tecnologias que já existem, sem depender de soluções futuras ou inovações ainda em desenvolvimento.
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Custo do combustível e demanda crescente
O combustível hoje representa quase 30% dos custos operacionais das companhias aéreas. Nas rotas curtas, esse impacto é ainda maior. Com a pressão para adoção de combustíveis de aviação sustentáveis (SAFs), que tendem a custar mais caro que os convencionais, as despesas devem aumentar.
Esse tipo de voo de curta distância representa mais de 26% do tráfego aéreo global. A projeção de crescimento é rápida: o mercado pode atingir US$ 115 bilhões até 2035. Porém, o desafio atual está no alto custo por quilômetro e nas limitações técnicas das aeronaves elétricas atuais.
Limites das aeronaves elétricas puras
A Helix mostra, com números, que a eletrificação completa ainda enfrenta uma grande barreira: a baixa densidade das baterias. Um modelo de avião com 8.500 kg e baterias de 205 Wh/kg conseguiria voar apenas 142,6 milhas náuticas.
Para contornar isso, a proposta da empresa é adotar um sistema híbrido em série. Nessa configuração, parte das baterias é substituída por um gerador e combustível líquido. Assim, a aeronave pode alcançar até 250 milhas náuticas, consumindo apenas 59,5 kg de combustível. Isso representa uma economia de 74,3% em relação às aeronaves convencionais.
Além disso, o modelo híbrido permite voar com energia elétrica pura nas fases mais críticas, como decolagem e pouso, recarregando as baterias durante o cruzeiro.
Inovações no motor reduzem peso e consumo
A eficiência também vem de melhorias no motor. O modelo básico MagniX650, com 205 kg, foi substituído pelo motor Helix SPX417-200, que entrega 568 kW com apenas 90 kg. Com isso, a unidade completa de propulsão elétrica (EPU) pesa apenas 124 kg, contra os 286 kg da versão anterior.
Essa redução de 162 kg por hélice permite usar mais bateria e diminuir o consumo de combustível. Nesse caso, a economia chega a 11,1%, baixando o total necessário para 52,9 kg.
A empresa propõe ainda o uso de engrenagens para deixar o sistema mais leve. A massa total da EPU cai 222 kg, abrindo espaço para mais 45,5 kWh de energia elétrica. Com isso, o consumo de combustível se reduz a 50,2 kg — uma redução de 15,7%.
No fim das contas, o avião híbrido consome só 21,7% do combustível que um modelo tradicional utilizaria na mesma rota.
Ventiladores canalizados e ganhos de eficiência
Outro avanço importante vem com a adoção de ventiladores canalizados. Diferente das hélices abertas, esses ventiladores envolvem as pás com uma estrutura cilíndrica, o que reduz perdas e aumenta o empuxo.
Apesar de adicionar 91,2 kg ao sistema e reduzir ligeiramente a velocidade de cruzeiro (de 81 m/s para 77 m/s), os ganhos compensam. O avião precisa de 25% menos potência no motor para gerar o mesmo empuxo.
Ao combinar os ventiladores com o motor leve e sistema por engrenagens, a aeronave consegue usar mais 33,2 kWh de energia elétrica, o que reduz ainda mais o combustível necessário durante o voo de cruzeiro.
Esse sistema também diminui o ruído, um ponto importante para aeroportos regionais localizados em áreas sensíveis ao som. Além disso, ele reduz o risco de danos nas pás — o que representa uma vantagem adicional na segurança e manutenção.
Segundo a Helix, a soma de todas essas mudanças representa um avanço significativo. O consumo total de combustível pode cair em até 60% em comparação com um avião híbrido básico e até 89,7% em relação a modelos convencionais, considerando voos de 250 milhas náuticas.
A empresa destaca que todas as tecnologias apresentadas já estão disponíveis e podem ser implementadas agora. Com isso, a proposta oferece uma solução imediata e prática para reduzir emissões e custos na aviação regional, sem depender de avanços tecnológicos futuros.