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Empresa Americana desembarca no Brasil com uma meta ambiciosa: Mudar a forma como se combate pragas e plantas daninhas no Agro

Escrito por Geovane Souza
Publicado em 12/08/2025 às 08:45
Empresa Americana desembarca no Brasil com uma meta ambiciosa Mudar a forma como se combate pragas e plantas daninhas no Agro
A biotecnologia baseada em RNA, conhecida como RNAi ou silenciamento gênico, atua bloqueando a produção de proteínas vitais em pragas específicas. / Foto: GreenLight Biosciences / bloomberglinea
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A GreenLight Biosciences quer revolucionar o agro brasileiro com a biotecnologia RNAi, capaz de “silenciar” genes de pragas sem afetar outros organismos. A tecnologia é biodegradável, não deixa resíduos e promete mais segurança ao produtor e ao meio ambiente.

A GreenLight Biosciences é uma empresa global focada em soluções de RNA para agricultura e saúde, que desembarcou no Brasil com um plano de crescimento agressivo. A companhia atua no país com escritório em Piracicaba, polo de inovação do agronegócio. O objetivo é acelerar a adoção de defensivos biológicos de nova geração e colocar a tecnologia nas mãos de mais produtores para o combate efetivo de pragas.

A chegada ao mercado brasileiro veio acompanhada de reforço financeiro. Em março de 2025, a empresa recebeu um aporte de US$ 25 milhões da Just Climate, gestora cofundada por Al Gore, para ampliar o desenvolvimento e a escala produtiva. No horizonte global, a GreenLight prevê lançar pelo menos dez produtos em cinco anos, sendo cinco desenhados para as necessidades do agro brasileiro.

O plano considera o tamanho e a relevância do Brasil em culturas como soja, milho, algodão e feijão, além da pressão por sustentabilidade em cadeias exportadoras. A companhia também projeta ampliar em dez vezes sua capacidade produtiva, o que reduz gargalos de oferta e dá previsibilidade para distribuidores e canais comerciais.

O que é RNAi, biotecnologia usada pela GreenLight Biosciences, e por que pode mudar o controle de pragas

A biotecnologia baseada em RNA, conhecida como RNAi ou silenciamento gênico, atua bloqueando a produção de proteínas vitais em pragas específicas. Ao direcionar sequências de RNA que correspondem ao gene-alvo, a tecnologia induz a degradação das mensagens genéticas que a praga precisa para sobreviver. O resultado é alta seletividade, impacto direto no organismo-alvo e menor interferência em insetos benéficos, plantas e pessoas.

Na prática, o RNAi oferece um caminho para reduzir a carga química no campo sem perder eficiência. Como as moléculas de RNA se degradam rapidamente no ambiente, a tendência é que deixem resíduos mínimos em frutas e grãos. Isso atende melhor a exigências de exportação e às metas de sustentabilidade que ganham força em programas de Manejo Integrado de Pragas (MIP).

Outro ponto é o potencial de mitigar a resistência a modos de ação tradicionais. Ao permitir o desenvolvimento de soluções altamente específicas para cada praga, o RNAi amplia o leque de rotação de ferramentas e ajuda a preservar a eficácia de inseticidas convencionais, que permanecem importantes em programas bem desenhados.

O que já está disponível e o que vem aí

A estreia da empresa no país ocorreu com o Fortivance, formulado para maximizar a eficiência de inseticidas por meio de uma abordagem inspirada na plataforma de RNA. Na lavoura, o produto funciona como adjuvante potenciador, ajudando o produtor a tirar mais desempenho de misturas já usadas, sem alterar todo o programa de controle. É um passo prático para aproximar o campo do RNAi enquanto os registros completos avançam.

Na linha de lançamentos, a GreenLight trabalha para introduzir soluções de RNAi direcionadas a alvos específicos. O foco inicial está na fruticultura, que enfrenta exigências rígidas de resíduos, sobretudo em mercados como a União Europeia. A empresa já conduz testes experimentais para duas frentes: um produto contra fungos em videiras e outro para o controle de ácaros que afetam culturas como citros e café.

No exterior, o destaque é o Calantha, voltado ao besouro-da-batata-do-colorado. Trata-se do único produto foliar de RNA disponível comercialmente, com desempenho relevante já no primeiro ano de vendas nos Estados Unidos. O pipeline inclui ainda o Norroa, um acaricida para o ácaro varroa que atinge abelhas, e um projeto de fungicida contra oídio (powdery mildew), além de estudos visando um futuro herbicida de RNA para plantas daninhas difíceis.

Regulação no Brasil: CTNBio, RET e próximos passos

Um marco importante veio com a CTNBio, que atestou que as soluções de RNA avaliadas pela empresa não são organismos geneticamente modificados. Essa interpretação permitiu iniciar ensaios de campo com protocolos específicos, sempre seguindo as boas práticas de biossegurança. O ponto é central para acelerar a curva de aprendizado com produtores e consultores.

Do lado regulatório, a companhia concluiu o Registro Especial Temporário (RET) junto às três agências brasileiras que avaliam defensivos: MAPA, Anvisa e Ibama. O RET viabiliza estudos de eficácia e segurança em condições reais, abrindo caminho para o dossiê completo de registro. Segundo a empresa, a preparação desse material está na fase final, com submissão prevista para o segundo semestre de 2025.

Se os prazos forem confirmados pelas autoridades, a expectativa é obter os primeiros registros em 2026. Esse cronograma é relevante porque dita quando soluções de RNAi poderão ser efetivamente integradas aos programas comerciais, inclusive fora da fruticultura. Até lá, o trabalho de campo com Fortivance e os estudos com RNAi alimentam dados para apoiar recomendações técnicas e treinamentos.

Impacto no campo, preço e adoção nas grandes culturas

Do ponto de vista do produtor, a proposta do RNAi é combinar segurança e sustentabilidade sem penalizar a rentabilidade. As moléculas de RNA tendem a ser biodegradáveis e a deixar resíduos muito baixos, o que reduz riscos de barreiras comerciais e melhora a percepção do consumidor. A seletividade também reduz impactos colaterais sobre organismos benéficos, aspecto cada vez mais observado em auditorias de compradores.

Em termos de custo, a meta declarada da empresa é chegar a preços semelhantes aos dos defensivos convencionais, adicionando o diferencial de segurança e sustentabilidade. Para o produtor, isso significa avaliar o custo total do programa, considerando possíveis ganhos de eficiência, menos reaplicações e melhor compatibilidade com MIP. A viabilidade econômica tende a melhorar à medida que a escala produtiva aumenta.

Após a fase de fruticultura, a ambição é levar o RNAi às grandes culturas como soja, milho, algodão e feijão. Nessas cadeias, a tecnologia pode atuar em pragas com histórico de resistência e em plantas daninhas de difícil manejo, ampliando opções de rotação de modos de ação. A chave será somar evidências de campo, dar previsibilidade de fornecimento e fortalecer a extensão com canais, cooperativas e consultorias técnicas.

Desafios e próximos passos: escala, aceitação e parcerias

O primeiro desafio é a escala industrial. A companhia planeja multiplicar por dez a capacidade de produção para atender à demanda esperada, o que envolve padronização de qualidade e logística. Em paralelo, há o desafio clássico de adoção de inovação: demonstrar consistência em múltiplas regiões, condições climáticas e níveis de pressão de pragas.

Outro ponto é a educação do mercado. Por ser uma tecnologia específica e com linguagem científica, o RNAi exige materiais de transferência de conhecimento claros e programas de treinamento que conectem ciência e prática. A integração ao MIP, a qualidade de aplicação e o uso responsável continuarão determinantes para capturar todo o potencial da ferramenta.

Por fim, as parcerias com instituições de pesquisa e com a cadeia de distribuição aceleram a curva de aprendizado. Conversas com a Embrapa, cooperativas e distribuidores visam construir protocolos robustos e viáveis na operação diária do produtor. O objetivo declarado é tornar o RNA tão acessível quanto qualquer outro defensivo, preservando segurança, eficiência e proteção ao ecossistema em escala.

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Geovane Souza

Especialista em criação de conteúdo para internet, SEO e marketing digital, com atuação focada em crescimento orgânico, performance editorial e estratégias de distribuição. No CPG, cobre temas como empregos, economia, vagas home office, cursos e qualificação profissional, tecnologia, entre outros, sempre com linguagem clara e orientação prática para o leitor. Universitário de Sistemas de Informação no IFBA – Campus Vitória da Conquista. Se você tiver alguma dúvida, quiser corrigir uma informação ou sugerir pauta relacionada aos temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: gspublikar@gmail.com. Importante: não recebemos currículos.

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